Bombeiros
de vários estados apresentaram na ultima terça-feira (12) sugestões
de mudanças na legislação e em diversas normas que tratam da
prevenção contra incêndios. O objetivo é evitar tragédias como a
que aconteceu na boate Kiss, em Santa Maria (RS).
Bombeiros
de São Paulo, do Rio de Janeiro, do Distrito Federal, do Pará e do
Rio Grande do Sul participaram da audiência pública da comissão
externa da Câmara que acompanha as investigações sobre o incêndio
na casa noturna, que provocou a morte de pelo menos 241 pessoas desde
o dia 27 de janeiro.
O
tenente-coronel Vitor Hugo Cordeiro, da Brigada Militar do Rio Grande
do Sul, esteve na boate Kiss depois do incêndio e participa da
equipe que investiga as causas da tragédia. Ele afirmou que o fogo
não se alastrou muito durante o incêndio, que foi provocado por um
dos integrantes da banda que se apresentava no local ao acender um
sinalizador.
O
problema maior, segundo o bombeiro, foi a espuma utilizada para
revestir o ambiente, que provocou uma fumaça muito tóxica ao entrar
em combustão. Por isso, ele propõe que os fabricantes de espumas
sejam obrigados, em lei, a especificar os riscos oferecidos pelos
produtos. "Todo material que for utilizado dentro de uma casa de
espetáculos, um local de reunião pública não pode gerar chama nem
gases tóxicos”, explicou.
Segundo
Cordeiro, apesar de necessária, essa certificação ainda não é
exigida por lei, cabendo aos parlamentares transformar isso em lei.
“Materiais que não propaguem chamas e não sejam compostos à base
de cloro, à base de PVC, que pode liberar cloro no ambiente, pode
liberar outros tipos de produtos químicos”, exemplificou.
Espuma
Vitor
Cordeiro destacou que não foi autorizada a colocação da espuma no
revestimento da boate Kiss. Também explicou que, visualmente, não é
possível diferenciar uma espuma que emite gases tóxicos quando em
chamas de outra que não oferece perigo. O bombeiro ainda propôs que
a lei torne obrigatória a instalação de sistemas de exaustão de
fumaça nos locais fechados onde ocorrem reuniões públicas. Segundo
ele, isso poderia ter amenizado a dimensão da tragédia.
O
representante do Corpo de Bombeiros do DF, tenente-coronel Edgar
Sales Filho, ressaltou a necessidade de arquitetos e engenheiros
darem mais importância à prevenção contra incêndios em seus
projetos. Os participantes da audiência sugeriram que estudantes de
Arquitetura e Engenharia tenham disciplinas específicas sobre esse
assunto.
Cursos
O
presidente da comissão externa que acompanha as investigações em
Santa Maria, deputado Paulo Pimenta (PT-RS), afirmou que a proposta
pode ser acatada no relatório final da comissão externa. "Ao
que tudo indica, não temos, no Brasil, nas faculdades, uma tradição
de disciplinas que deem a esse profissional condições de dominar
questões relativas à prevenção incêndios etc. Então, acho que
deverá haver, sim, uma reavaliação curricular”, reconheceu.
A
comissão externa vai analisar os projetos que já estão tramitando
na Câmara sobre segurança e funcionamento de boates e casas de
show. O objetivo é apresentar um projeto de uma lei nacional que
contenha parâmetros mínimos a serem respeitados por estados e
municípios.
FONTE:
DIA a DIA
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