Bombeiro
militar, enfermeiro, professor e pai. Humberto Batista de Araujo, de
43 anos, é o exemplo claro de que para ser um bom pai basta querer.
Ele tem quatro filhos e se considera um homem feliz e bem sucedido.
Mas nem sempre foi assim.
Entre
a rotina apertada dos dois trabalhos e de cuidar das duas filhas mais
novas, Humberto nos recebeu em sua casa em Ceilândia, região
administrativa do DF, para contar sua história de vida. Que, aliás,
inspira colegas de trabalho e orgulha a família.
Na
simplicidade da fala, aos poucos, ele revela que percorreu um longo e
árduo caminho para ser o que é hoje. Há 14 anos, Humberto
conseguiu deixar o vício das drogas e do álcool. O amor pelas
filhas, o fez reconhecer que precisava mudar.
Eu
era viciado em drogas e álcool. Não tinha perspectiva de vida e não
dava importância para o meu trabalho. Um dia me apresentei no
quartel bêbado e acabei ficando preso. Quando minha ex-mulher levou
minha filha para me visitar reconheci que precisava mudar o rumo da
minha vida.
Humberto
não tem receio de dizer que atravessou por maus momentos. Pelo
contrário, ter se libertado das drogas e do álcool o tornou exemplo
de superação no quartel onde trabalha.
Meus
colegas me usam como exemplo para outros membros da corporação que
passam pelo mesmo problema. O que mudou minha vida foi a decisão de
que precisava mudar. Procurei uma clínica e passei por um ano e meio
de terapia. Eu tinha consciência de que minhas filhas precisavam de
mim.
O
bombeiro que se tornou exemplo passou 45 dias em uma clínica de
recuperação de dependentes. Durante o período do tratamento, ele
perdeu a esposa e a responsabilidade de cuidar das duas filhas
aumentou.
Meus
filhos mais velhos de 24 e 21 anos acabaram ficando com as mães.
Graças a elas, eles estão criados e felizes. Mas as duas pequenas
ficaram comigo porque eu tinha melhores condições de criá-las do
que a mãe. Hoje me sinto feliz em saber que posso ser um pai
exemplar e que dou orgulho para minhas filhas.
Elas
que o digam. Débora, de 17 anos, se prepara para seguir os passos do
pai na área da saúde. Ao terminar o ensino médio, já sabe o que
vai fazer.
Eu
quero ser médica. Mas antes vou fazer um curso técnico em
enfermagem para aprender um pouco com meu pai. Ele já até está
preparando o conteúdo para eu começara a estudar. Quero dar a ele o
mesmo orgulho que ele me dá em ser meu pai.
A
pequena Letícia de 10 anos é só carinho pelo pai. Logo que ele
chega do trabalho, já ganha um beijo e um abraço. Na saída, ela
sempre alerta, “vai devagar, pai.” Ele, feliz, sabe que tem uma
preciosidade em casa e se preocupa.
A
Letícia está novinha ainda, mas logo vai decidir o que fazer da
vida. Mas antes, eu fico de olho porque já tem gente marcando
encontro pelo Facebook.
Humberto
sabe que a responsabilidade de cuidar das filhas não é uma tarefa
fácil. Por isso, ele levou a mãe para morar com ele enquanto está
fora trabalhando. Na verdade, a maior parte do dia. E se orgulha em
dizer que gosta do que faz. Ele se formou em enfermagem e se
especializou em socorro de urgência.
Hoje
a minha maior alegria é cuidar das minhas filhas, trabalhar e
estudar. Ainda penso em ser médico um dia e faço o meu atual
trabalho com amor. Quero cada dia mais ser um exemplo de superação,
de amor para minhas filhas e poder ajudar as pessoas com o meu
trabalho.
Surpresa
E
realmente ajuda. Ao final da entrevista, o autor desta matéria
descobre que Humberto cuidou de seu pai três meses antes de morrer
no hospital onde trabalha como enfermeiro e professor de estudantes
estagiários. Logo ele lembra do paciente e dos cuidados que deu ao
idoso de 88 anos.
Eu
me lembro de seu pai. Cuidamos dele no pronto-socorro. Ali muitas
vezes nossa missão é apenas aliviar o sofrimento.
FONTE: R7
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