Morreu
ontem (3) à noite o bombeiro Bernardo Cardoso (18 anos), ferido na
semana passada com queimaduras em 55% do corpo após combate a
incêndio florestal na Serra do Caramulo (Norte de Portugal). Por
causa do mesmo incêndio, também morreu a bombeira Cátia Pereira
Dias, de 21 anos, na semana passada.
Com
isso, sobe para seis o número de bombeiros mortos por causa do
combate ao fogo nas florestas, durante o mês de agosto, em Portugal.
Todos eram de brigadas voluntárias. Há outros bombeiros gravemente
feridos e internados após combate a incêndios. Desde 1980, 108
bombeiros portugueses morreram devido a incêndios.
De
acordo com o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas,
os incêndios florestais em Portugal consumiram, até o fim de
agosto, área de 94 mil hectares, “mais 25% do que em igual período
de 2012”, compara a Agência Lusa. Entre 1º de janeiro e 31 de
agosto foram registradas mais de 14,1 mil incêndios, menos 1.690
ocorrências do que o contabilizado nos oito primeiros meses do ano
passado.
Uma
comissão interministerial faz um levantamento sobre as situações
mais graves causadas pelos incêndios. “Nas duas últimas semanas
ocorreram tragédias que vitimaram cinco bombeiros [agora seis] e
deixaram outros em estado grave. Tenho acompanhado a situação e sou
testemunha dessa realidade”, disse o ministro da Administração
Interna, Miguel Macedo, na página do governo federal.
Além
do aumento da temperatura, comum nesta época do ano, da falta de
cuidado em terrenos e de ações criminosas como as queimadas não
autorizadas (que também ocorrem nesta época no Brasil), há piora
das condições de trabalho para os bombeiros nos últimos anos, como
a forte austeridade nos gastos públicos. Por causa de uma alteração
na lei que regulamenta o transporte de doentes diminuiu, por exemplo,
este ano a receita para as corporações.
Conforme
a Associação Portuguesa dos Bombeiros Voluntários (APBV), 80% do
efetivo são formados por voluntários (não remunerados, sem
dedicação exclusiva e com outras profissões). Desde 2011, ano do
início do programa de ajustamento econômico de Portugal, a
associação tem criticado o governo. “...um cidadão só é
bombeiro voluntário pela sua enorme vontade de o ser, já que o
saldo do benefício do exercício deste ato cívico é clara e
unicamente favorável ao governo, pois tudo exige e nada retribui”,
registrava há cerca de dois anos o site da entidade.
O
presidente da APVB, Rui Silva, disse à Agência Brasil que os
bombeiros voluntários combatem incêndios florestais com uniforme de
algodão (inadequado) e sem o equipamento de proteção individual
(EPI) completo. Ele teme que a licitação de EPI que está sendo
feita neste momento (no total de 7 milhões de euros) pelos
municípios esteja com valores subdimensionados, mal especificados e
sem controle de qualidade.
Segundo
Silva, se o valor não for devidamente aplicado, a associação vai
processar judicialmente a Autoridade Nacional de Proteção Civil
(ANPC). “Os bombeiros voluntários se constituíram para fazer
aquilo que o Estado não faz. Achamos que o papel do governo deveria
ser, no mínimo, de incentivo e apoio”, acrescentou.
Nesta
manhã (9h, hora de Lisboa), a ANPC registrava 77 ocorrências de
incêndios florestais desde a meia-noite em Portugal. Como ocorre há
alguns dias, mais de 30 municípios portugueses, a maioria na Região
Norte e no Centro do país, apresentam risco máximo de incêndio –
conforme monitoramento do Instituto Português do Mar e da Atmosfera.
*Com
informações da Rádio e Televisão de Portugal (RTP) e da Agência
Lusa
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