Deputados
e senadores pelo Distrito Federal se reuniram na tarde desta
terça-feira (4) para discutir soluções para a crise de violência
que tem assustado moradores na capital do país. Eles cobraram
medidas efetivas do Secretário de Segurança Pública, Sandro
Avelar, e criticaram a falta de diálogo do governo local.
Convidado
para participar da audiência pública, Avelar admitiu que houve uma
redução da produtividade da PM desde dezembro por causa de uma
insatisfação por parte dos policiais. Ele garantiu que as
providências estão sendo tomadas para atender às reivindicações
da classe, mas não detalhou quais são. Até agora, o governo só
determinou o aumento do efetivo policial em trabalho ostensivo nas
ruas do Distrito Federal.
Na
segunda, os policiais que aderiram à chamada "operação
tartaruga" suspenderam o movimento após a Justiça do DF
considerá-lo ilegal. No entanto, eles irão recorrer da decisão e
afirmam que, caso o entendimento da Justiça seja modificado, a
operação pode voltar, com atrasos no atendimento à população.
Enquanto
isso, os policiais atuarão em operação padrão. De acordo com o
vice-presidente da Aspra (Associação de Praças e Bombeiros
Militares do DF), sargento Manoel Sansão, os agentes voltarão a
atuar nas ruas de Brasília, seguindo estritamente as normas da
corporação mas sem prestar serviços extras, como normalmente
acontecia. "Vamos fazer uma abordagem geral em todo o DF contra
a criminalidade. Todo mundo vai ser revistado e a Polícia vai estar
nas ruas", disse.
Durante
a audiência, o secretário de segurança afirmou que o DF teve uma
melhora significativa nos índices de combate ao crime. Segundo
Avelar, o DF registrou 25 mortes por 100 mil habitantes no ano
passado, resultado considerado bom por ele.
"Isso nos
tranquiliza? Não. Mas isso é um problema de todo o país. [...]
Mas, de uma maneira geral, tivemos sim um decréscimo nos nossos
resultados a partir do fim do ano passado. Temos que ser
transparentes", disse.
Avelar
cobrou maior apoio por parte dos parlamentares e reclamou que a
legislação brasileira ainda é leniente no combate ao crime. Ele
reclamou principalmente da ação de menores infratores que cometem
os crimes e voltam para as ruas. "Sofremos aqui com essa
legislação branda que permite que menores cometam crimes bárbaros
e continuem inflacionando os números, muitas vezes dificultando a
atuação das autoridades policiais."
O
secretário afirmou ainda que 80% dos crimes no DF envolvem pessoas
com envolvimento pregresso com o crime. "As vítimas às vezes
têm ficha igual ou pior do que o assassino. Dos 20% que sobram,
temos ainda crimes passionais ou brigas de vizinhos. Isso dificulta
muito a maneira da gente atuar", argumentou.
Deputados
da oposição criticaram o governo de Agnelo Queiroz (PT) e afirmaram
que ele não tem como cumprir as 13 promessas que fez para a
categoria na campanha de 2010.
"O que está acontecendo é
estelionato eleitoral. [...] Essa questão vem se arrastando desde
2011. Já era para ter conversado e se articulado. O governador
deveria admitir que não pode cumprir as promessas, mas nem isso ele
faz", afirmou o deputado Izalci (PSDB).
A
deputada Jaqueline Roriz (PMN) criticou os senadores Rodrigo
Rollemberg (PSB) e Cristovam Buarque (PDT) por terem apoiado a
campanha de Agnelo em 2010. "Os senhores foram avalistas do
governador", disse.
Ambos
os senadores estavam presentes no evento em que Agnelo apresentou
suas promessas aos policiais militares, em 2010.
O comandante da
Polícia Militar do DF, Anderson Carlos de Castro Moura, e o
comandante do Corpo de Bombeiros Militar do DF, coronel Júlio Cézar
dos Santos, foram convidados para a audiência, mas não
compareceram. A ausência de Moura foi bastante criticada durante a
audiência pelos congressistas. Ele foi designado pelo governador
como o responsável por conduzir as negociações de reajuste com as
associações dos PMs. No entanto, os policiais afirmam que ainda não
foram procurados para discutir a questão. Segundo a assessoria de
imprensa do governo, Moura não foi convidado oficialmente.
Além
dos parlamentares, participaram da audiência o presidente da OAB-DF,
Ibaneis Rocha, o presidente da Aspra (Associação de Praças e
Bombeiros Militares do DF), sargento Manoel Sansão, e professores da
UnB ligados à área da sociologia.
A
crise na segurança mobilizou a bancada que nunca havia reunido
tantos parlamentares em uma mesma audiência pública, de acordo com
seus integrantes. No final da reunião, a bancada aprovou um pedido
de audiência com o governador. Segundo o deputado Luiz Pitiman
(PMDB), os congressistas querem abrir um diálogo com o governo.
Fonte: Gazeta do Povo
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