Governo
e líderes de movimento de policiais e bombeiros militares retomam o
diálogo. Associações ligadas às categorias divergem sobre a
continuidade da operação tartaruga, considerada ilegal pela Justiça
desde sexta-feira
O
Governo do Distrito Federal reabriu o canal de negociações com
associações representativas dos policiais e bombeiros militares
para tentar encerrar a crise na segurança pública. O diálogo tem
sido realizado por meio do comandante-geral da Polícia Militar,
coronel Anderson Carlos de Castro, que se reporta diretamente à
equipe de planejamento do Executivo e ao governador.
O
entendimento do Executivo é de que nos últimos dias as duas
categorias voltaram ao trabalho, com algumas exceções envolvendo
policiais incitados pelo jogo político. “Retomamos um estudo para
que possamos apresentar uma possibilidade concreta para corrigir
distorções do passado na Polícia Militar e no Corpo de Bombeiros e
resgatar a importância das instituições”, disse Agnelo ao
Correio. Além de conversar com líderes do movimento de
reivindicação da PM e dos Bombeiros, integrantes do governo do DF
precisam do aval da equipe econômica da presidente Dilma Rousseff.
Qualquer aumento salarial na área de segurança pública deve ser
autorizado por lei aprovada no Congresso Nacional. O diálogo também
é feito na esfera federal.
Divergências
Integrantes
do governo acreditam que uma solução para o impasse está próxima
de ser encontrada. Mas ainda há divergências na base. As 14
associações representativas dos policiais e bombeiros militares do
Distrito Federal estão divididas sobre os rumos do movimento. A
maior delas, a Associação dos Praças (Aspra), incita a
radicalização, e outras desautorizam a entidade de se posicionar em
nome da categoria. Entre as reivindicações, estão a isonomia na
Segurança Pública, a reestruturação da carreira e a elaboração
de um código de conduta sem prisões disciplinares.
Enquanto
as lideranças debatem a posição da categoria, policiais têm
recorrido a diversas estratégias para driblar a determinação
judicial da última sexta-feira, que mandou suspender a operação
tartaruga. Alguns militares trocam e-mails a fim de adotarem medidas
do que classificam como “boicote”. Entre elas, estão erros
intencionais nas multas a motoristas. Isso obrigar o Detran a anular
a penalidade quando ela chegar ao órgão. Dessa forma, deixam o
infrator impune e o governo, sem o dinheiro da infração.
Os
discursos diferentes entre as associações têm provocado reações
diversas nas redes sociais e em blogs administrados por militares.
Quem mais incomoda parte da categoria é o sargento Manoel Sansão,
vice-presidente da Aspra, entidade com 8 mil associados. Nos últimos
dias, fez piada da decisão judicial suspendendo a operação
tartaruga e da abertura de investigação do Ministério Público e
do Comando-geral da PM contra os líderes do movimento.
Depois,
trocou o nome da operação tartaruga para operação-padrão e
ameaçou as autoridades. “Não vai escapar ninguém, político nem
criminoso”, avisou ele na última segunda-feira. No dia seguinte,
Sansão voltou atrás. “Agora, entramos na operação lesma”,
declarou. Ontem, ele disse que os policiais aderiram à operação
legalidade. “Acatamos a decisão judicial, mas vamos andar na
velocidade da via.”
Nota
O
Fórum das Associações Representativas dos PMs e BMs do DF — que
integra nove entidades — divulgou ontem nota oficial desautorizando
a Aspra e Sansão a tecerem comentários em nome de todos os PMs e
bombeiros do DF. Porém, na mesma nota, o Fórum desafiou as
autoridades. “Essa operação não será interrompida por meio de
um comandante, autoridade judicial ou do Ministério Público.
Qualquer mudança virá estritamente de sua base”, ressalta o texto
do documento.
Coordenador
do Fórum, o coronel Mauro Manoel Brambilla reconheceu que a falta de
união atrapalha as negociações. “Temos o Fórum, que é a turma
do diálogo, e temos a turma do Sansão. Os objetivos são os mesmos,
mas os meios são diferentes. Não concordamos com a radicalização
e também não fazemos política. Quando a política entra pela porta
da frente, a disciplina e a hierarquia fogem pela porta dos fundos”,
declarou.
FONTE: Correio Braziliense
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