Um incêndio destruiu o Acampamento Kenon, do Movimento dos
Trabalhadores Sem Terra (MST), no Distrito Federal. Segundo a integrante da
coordenação do MST no Distrito Federal, Petra Magalhães, os acampados suspeitam
que o incidente tenha sido criminoso. Ela informou que os cerca de 200 barracos
armados no local foram perdidos.
Petra Magalhães conta que, por volta das 11h desta
quinta-feira (14/8), cerca de 100 famílias estavam no acampamento, às margens
da Rodovia BR-020, na região de Planaltina. “Três carros estavam parados à
beira da rodovia e estávamos em atividade no acampamento, e de repente surgiu o
fogo lá em cima [próximo à rodovia]. Pegou fogo em um barraco próximo e não
conseguimos mais controlar, incendiou o acampamento todo”, disse ela. O
incêndio só terminou por volta das 15h.
“Nós estamos em uma área de conflito, que ocupamos há menos
de um mês. É uma área grilada. Também teve um incêndio em outro acampamento, o
8 de Março. Então, é muito estranho. Não vamos incriminar ninguém, mas dentro
da nossa luta, vivemos em conflito com a grilagem de terra”, disse Magalhães. Segundo
a Companhia Imobiliária de Brasília (Terracap), a área ocupada faz parte da
Fazenda Toca da Raposa, pertencente à estatal, que move ação de reintegração de
posse contra o invasor, Mario Zanatta, e os sem-terra.
A coordenadora disse que o MST reivindica a área de 298
hectares para reforma agrária. “A área já está sub judice, mas vamos manter a
resistência e dar andamento ao processo. Vamos tentar marcar uma reunião com o
governo e saber qual a proposta para resolver a situação. Ele [o agricultor que
planta na área] produz milho e soja, mas sabemos que é monocultivo. O que
queremos é trabalhar com agricultura familiar, com produtos orgânicos, sem
agrotóxicos”, explicou.
Petra Magalhães ainda acusa o Corpo de
Bombeiros de não haver atendido propositalmente aos chamados dos acampados para
combater o fogo. Segundo ela, uma apoiadora do grupo, defensora dos direitos
humanos, foi ao comando do quartel de Planaltina e soube que havia um relatório
para que o acampamento não fosse atendido.
“Tivemos um outro incêndio, há mais ou menos 15
dias, chamamos os bombeiros, a viatura veio, mas não nos atendeu, foi para o
milharal do fazendeiro, e quem controlou o fogo fomos nós. As famílias ficaram
bem revoltadas e foram pra cima. Mas não fizemos nada com ninguém e nem
depredamos a viatura, apenas um companheiro estava com uma enxada e bateu na
lanterna, pela revolta da população. Isso não significa que eles têm que deixar
de nos atender”, disse Petra.
O chefe do Centro de Comunicação do Corpo de
Bombeiros, tenente-coronel William Bomfim, desconhece que haja esse relatório e
vai apurar o que ocorreu, porque, quando uma ocorrência oferece algum risco do
tipo, os bombeiros devem solicitar a presença da Polícia Militar para
acompanhar o atendimento. Até a publicação desta matéria, a Agência Brasil não
recebeu resposta.
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