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ACIDENTES FATAIS SOBEM 7º EM RELAÇÃO AO 2013

Na manhã de ontem, Paula Cristina, de 29 anos, fez um retorno no Pistão Sul, em Taguatinga, para seguir rumo à EPTG. No meio da curva, foi atingida por outro veículo. “Ele furou o sinal vermelho e bateu na lateral do passageiro”, lembra, chorando. Seu carro capotou e, de cabeça para baixo, se arrastou pela pista. Só ontem, foram aproximadamente 30 casos de colisões, mas por sorte, nada grave aconteceu, diferentemente de outros 184 acidentes de trânsito que tiveram morte apenas no primeiro semestre de 2014. Isso representa um aumento de 7% em relação ao mesmo período do ano passado.

Foram 64 acidentes fatais em vias urbanas e 120 nas rodovias que cortam o DF. Números que crescem pela primeira vez desde 2011. Para Rômulo Félix, diretor-geral do Departamento de Trânsito (Detran-DF), isso pode ser reflexo das facilidades tecnológicas, que colaboram para a distração ao volante: “O uso do celular, a conversa dentro do carro, a troca de estação de rádio, o passar batom e a leitura ao volante são itens que causam muita distração, que provoca muitos acidentes. O problema é agravado pela facilidade que os smartphones oferecem ao uso das redes sociais”. Em 2013, a causa determinante de mortes no trânsito foi atribuída a isso.
Paula garante que, no momento da colisão, não estava distraída. O condutor do outro veículo, o empresário Paulo Satas, 46 anos, também diz que não consegue apontar nada de errado que justifique a colisão. “Não vi se o sinal estava fechado, não sei o que aconteceu. Não usava o celular na hora. Ali tem várias entradas, é muito confuso. Não costumo andar pela região, então é pior para mim”, explica.
Apesar disso, ainda não há um levantamento real da Comissão de Investigação e Tratamento de Acidentes (Cita) do Detran que determine a motivação dos acidentes ocorridos neste ano. Para o pesquisador Artur Morais, embora as principais causas de acidentes no trânsito sejam a velocidade associada ao álcool, têm se tornado um risco o aumento do uso de smartphones para acesso às redes sociais.
O uso do celular ao volante causa uma distração muito grande. Se você tiver a 60 quilômetros por hora e abaixa a visão por cinco segundos para ler uma mensagem, quando o olhar volta para o trânsito, já andou cem metros”, exemplifica.
Além disso, a Copa do Mundo também pode ter contribuído para o aumento do índice. “Teve um aumento do uso de bebidas alcoólicas, então também teve mais acidentes”, revela o diretor do Detran.

Freio na tragédia
O Detran-DF afirma que o crescimento do número de acidentes fatais na capital federal foi percebido já nos últimos meses do ano passado e, assim, o órgão começou a adotar medidas para tentar frear essa tragédia nas vias da capital federal sob sua responsabilidade. Agora, resta esperar pelos resultados. No caso de Paula Cristina (foto), felizmente, o desastre no qual se envolveu provocou apenas danos materiais, além do susto.

Ceilândia lidera o triste ranking
Ceilândia é a região administrativa com maior número de acidentes com morte, com 12 registros no primeiro semestre deste ano. A cidade é seguida pelo Plano Piloto, que teve dez mortes no trânsito no mesmo período. Nas rodovias, foram 120 acidentes fatais, sendo que as campeãs são a DF-001, com 15 mortes, e as BRs 020 e 060, onde ocorreram nove.
Para frear o crescimento dos números, o diretor-geral do Detran-DF, Rômulo Félix, afirma que a pasta trabalha com a intensificação da fiscalização, campanhas educativas e campanhas publicitárias – após cinco anos sem contrato.
O que tem surtido efeito, de fato, é a intensificação da fiscalização principalmente focada na questão da alcoolemia, a Faixa Cidadã e, agora, a operação Segurança e Consciência, que pretende observar o uso do celular tanto para falar quanto para mandar mensagens de texto, o uso do cinto de segurança”, explica Félix.
O especialista Artur Morais concorda: “É preciso intensificar a fiscalização e as campanhas educativas especialmente nas questões referentes ao uso do aparelho. Não dá para andar 20 metros nas ruas do DF sem deparar com uma pessoa usando o celular no trânsito”.


Mais rigor
A mais nova operação do Detran teve início na segunda-feira e tem foco no combate às irregularidades de trânsito que comprometem a segurança de condutores, passageiros e pedestres, como utilizar o celular enquanto dirige, não utilizar cinto de segurança e não parar em faixa de pedestre. Há dois tipos de ações: Pontos de Controle e Fiscalização e o Patrulhamento Ostensivo.

Rômulo Félix explica que os pontos e as rotas de patrulhamento são selecionados a partir dos dados estatísticos de acidentes fatais e com vítimas feridas: “Os locais mais sensíveis do DF são monitoradas pelas equipes de fiscalização, especialmente em horários de pico. De longe, os auditores poderão multar os condutores identificados cometendo infrações”.
O Detran informou que o objetivo é realizar uma média de 1.440 ações em pontos fixos e outras 1.440 em patrulhamento somente neste mês. “Assim, acreditamos que podemos reverter esse quadro de mortes em acidentes de trânsito, empatando com relação ao ano passado ou até reduzindo esses índices”, planeja o diretor-geral.
Mais vidas perdidas
Setembro já começou contribuindo para as estatísticas de morte no trânsito. Na manhã do primeiro dia do mês, um motociclista perdeu o controle do veículo e bateu em um poste quando passava pela quadra 15 do Park Way. Segundo testemunhas, o piloto tentava fazer uma curva quando o veículo desgovernou. A vítima ainda chegou a ser atendida pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), mas não resistiu aos ferimentos e morreu ainda no local.
Ponto de vista
São vários os fatores que podem contribuir para o aumento do número de acidentes com morte no DF, mas é possível apontar prováveis causas. É o que diz o especialista em comportamento no trânsito Hartmut Gunther. “Os jogos da Copa do Mundo no Mané Garrincha podem ser uma possibilidade. Não pelo fato das partidas em si, que foram poucas, mas pela liberação da ingestão de álcool no interior do estádio”, explica, considerando a distância dos estacionamentos. O fato do crescente uso de smartphones ao volante diminui a atenção e pode, sim, aumentar o número de acidentes justamente pelo pensamento de “comigo não vai acontecer”. “A ação de telefonar já prejudica, há anos, a direção. Agora, a rotina de mensagens de textos agrava ainda mais a situação, já que é preciso desviar o olhar tanto para mandar quanto para escrever”, analisa. Além disso, existe ainda o costume de tirar fotografias enquanto dirige, e a cultura das selfies. “O smartphone possui uma série de desviadores de atenção e contribui para isso, mas não é a única causa. Há o aumento da frota, a falta de sinalização horizontal, diversos fatores que podem representar essa estatística”, conclui.
Saiba mais
Acidente de trânsito é a terceira maior causa de mortes no Brasil, com uma média de 45 mil mortes por ano. Segundo o Ipea, o governo gasta, em média, R$ 90 mil com vítimas não fatais de acidentes de trânsito. Em caso de morte, esse número passa para R$ 550 mil.
Nos seis primeiros meses de 2014, as indenizações pagas pelo Seguro DPVAT registraram crescimento de 14% em relação ao mesmo período de 2013. Os casos de morte registraram uma redução de 13% em relação ao mesmo período de 2013.
Uma pesquisa realizada pela empresa Opinion Research Corporation Internacional, mostra que 76% dos motoristas dizem se distrair com outras atividades enquanto dirigem.

Fonte: Da redação do Jornal de Brasília

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