Isabela Cantizano, de 25 anos, já
usava a moto para se deslocar quando dava aulas de natação, mas não
imaginava que o meio de transporte se tornaria sua ferramenta de
trabalho. Por influência do padrinho, a educadora física tornou-se
bombeiro em 2011 e, no ano passado, decidiu encarar uma seleção
para trabalhar no serviço de moto-resgate da corporação. Sobre
duas rodas, profissionais como ela chegam a locais com vítimas e dão
o primeiro atendimento. Aprovada no curso há 10 meses, ela é a
única mulher motociclista operacional do DF.
O curso para o serviço de
moto-resgate ensina os bombeiros a guiar o veículo em situação de
risco, para que o atendimento seja feito o mais rápido possível.
Por isso, o treinamento desafia os alunos. Isabela lembra que a mãe
era quem mais se preocupava com as aulas. "Ela chegou a passar
mal de tanto nervosismo", diz. No curso, Isabela fez questão de
provar ser tão capaz quanto os homens. "Convenci a turma de que
estava ali porque realmente queria fazer parte do serviço e ajudar
as pessoas", destaca.
Mesmo já sabendo pilotar,
Isabela teve de fazer aulas de legislação de trânsito como teoria
de mecânica, direção defensiva e direção de alto risco. Além
disso, um curso à parte a ensinou o atendimento pré-hospitalar para
vítimas de acidente de trânsito, arma de fogo, desmaio, infarto e
quedas. Ela não só foi aprovada no curso, como também já foi
convidada para ser instrutora na turma de formação de motociclistas
operacionais em maio deste ano. "Foi um grande desafio, mas um
reconhecimento também", lembra. "A moto diminui o
tempo-resposta e tentamos ajudar uma vítima antes que uma ambulância
chegue ao local", explica. Esse tipo de trabalho já realizou 2
mil atendimentos neste ano.
O curso de moto-resgate do Corpo
de Bombeiros existe no DF desde 2009 e tem duração de um mês. "Não
tínhamos experiência em treinar mulheres e a atividade é
arriscada. Mas não demos tratamento diferenciado para a Isabela, que
foi aprovada com êxito", explica o tenente-coronel Guedes, que
coordena o curso no Grupamento de Atendimento de Emergência
Pré-Hospitalar (GAEPH).
O atendimento de moto-resgate é
feito sempre em duplas, que variam de acordo com o dia. No DF, além
de Isabela, existem outros 26 motociclistas operacionais. Às 7h da
manhã, eles são divididos no GAEPH, e cada dupla vai para pontos
estratégicos, onde atuam em horários de pico. Quando há vítimas
próximas ao local, Isabela recebe um sinal pelo rádio. "Quando
vou para um atendimento difícil, admito, ainda fico um pouco
assustada. Mas mantenho a calma e faço o possível para ajudar a
vítima", afirma, confessando que sempre leva um terço no cinto
da calça para se sentir protegida durante o trabalho.
Cada dupla realiza, em média,
sete atendimentos por dia. Após o serviço, Isabela volta para o
GAEPH e ainda cuida da manutenção da moto. "É uma
responsabilidade grande, por mais que fiquemos poucos minutos com a
vítima. Mas também é gratificante quando atuamos bem e percebemos
que fizemos a diferença na recuperação da pessoa", comemora.
Isabela, que mora em Brasília
desde os nove anos, casou-se no último mês com um bombeiro que
conheceu na escola em 2001. "Ele ainda fica tenso quando saio
para trabalhar, por conta dos riscos do trabalho, mas me dá muito
apoio", justifica.
Isabela torce para que outras
mulheres também queiram participar do curso. Em estados como Rio de
Janeiro e Ceará, onde o serviço de moto-resgate também existe,
ainda não há mulheres em atuação. "Para mim, certamente foi
uma grande conquista, pois sei que lutei para conseguir o que se
tornou a maior satisfação na minha vida".
1 Comentários
Estudei com esta bombeira curso preparatório para concursos, um certo dia cheguei mais cedo e fiquei estudando na sala, logo em seguida ela chegou, como estava no canto e ela não me viu, foi para o fundo da sala, viu um barata e deu um grito! Fui ao seu encontro, ela ficou muito envergonhada, amassou a barata com certo nojo e disse: Serei bombeira, não posso ter medo disso! Hoje é uma referência, parabéns e sucesso
ResponderExcluirObrigado pela sugestão.