Os efeitos da seca não são
sentidos apenas pelas pessoas. De janeiro deste ano até a semana
passada, 909 animais silvestres foram resgatados em áreas urbanas
pelo Batalhão de Polícia Militar Ambiental (BPMA). O número, uma
média de cem por mês, revela que os bichos também sofrem com as
consequências da escassez de chuva, aliada às altas temperaturas.
"As queimadas, comuns nesta
época do ano, impactam no habitat deles. Assim, perdem abrigo e
acesso aos seus alimentos. Por conta disso, muitos fogem em busca de
novo local para caçar. Entretanto, como faltam corredores ecológicos
no DF, eles passam pelo ambiente urbano e se perdem”, explica o
comandante da corporação, major José Gabriel de Souza Junior.
Enquanto a equipe do JBr. estava
no batalhão, na Candangolândia, um filhote de sucuri e duas
tartarugas foram resgatadas. Os bichos serão encaminhados ao Centro
de Triagem de Animais Silvestres (Cetas), do Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente (Ibama). “Lá, uma equipe de veterinários e biólogos
avalia as condições para que os bichos voltem ao seu habitat”,
explica ainda o major Souza Junior.
Ainda segundo o comandante, o
animal mais recorrente nas capturas em áreas urbanas é o saruê,
conhecido também como gambá-de- orelha-preta. “O pessoal confunde
bastante com ratazana. Ele é pequeno, se alimenta de insetos, larvas
e frutas. Seguidamente, temos um por aqui perdido”, conta o major.
Depois dele, os que mais sofrem com a estiagem são as cobras,
gaviões, corujas e jabutis.
Ação do homem
Foram registradas, até o dia 17
deste mês, 3.146 ocorrências de incêndio florestal em todo o DF,
de acordo com o Corpo de Bombeiros. E o principal causador dos focos
continua segundo a ação do homem. “Os próprios cidadãos, que
fazem queimas sem cuidado e sem o necessário monitoramento e
vigilância de suas ações, continuam causando as queimadas”, diz
a major Maria Luiza Parca.
Para ela, “é imprescindível
uma mudança de comportamento e uma parada completa do uso do fogo
para queimas, seja de restos vegetais ou resíduos de podas e lixo.
Mais que extinguir o fogo, é necessário extinguir a prática
corriqueira do uso do fogo”. A major diz ainda que os mamíferos
são os animais mais afetados pelas chamas, já que o ciclo de vida
deles é mais longo e as fases de desenvolvimento são mais
complexas.
Visitas inesperadas
Na quinta-feira passada, um
morador de Sobradinho encontrou um filhote de gavião aparentemente
machucado dentro de seu restaurante. “Eu estava abrindo a loja e só
vi um rasante para dentro dela. Quando cheguei mais perto, vi que era
um pássaro. Ele se debatia e parecia não conseguir mais voar. Eu
liguei para a PM, mas eles não puderem atender de imediato, estavam
com muitos chamados. Aí, os bombeiros vieram resgatá-lo e me
disseram que é um filhote de gavião rei”, conta Felipe Pessoa.
No mês passado, um lobo guará
foi atropelado na descida do Colorado e morreu. Outro também foi
encontrado no estacionamento de um bloco da 104 Sul. O animal foi
filmado pelos moradores. No vídeo, ele parece acuado entre os
carros. “É comum que os animais silvestres fiquem nervosos com a
presença das pessoas. Por isso, a gente pede que evite tentar tocar
neles. O ideal é ligar para a polícia”, indica o major Souza
Junior.
Saiba mais
No caso de encontrar um animal
silvestre machucado em via pública ou perdido na zona urbana, a
pessoa deve evitar entrar em contato e acionar a Polícia Militar
Ambiental pelo telefone 190 ou (61) 3910-1965.
Este número também serve para
aqueles que desejam denunciar crimes ambientais.
Já o Corpo de Bombeiros atende
as chamadas relativas aos incêndios no 193.
O Ibama é o responsável pelo
cuidados relativos à recuperação dos animais capturados. O órgão
avalia se eles estão aptos a voltar à natureza ou se precisam de
tratamento.
Fonte: Da redação do Jornal de
Brasília
0 Comentários
Obrigado pela sugestão.