Disciplina
militar na rede pública de educação em Manaus
Bairro
violento numa capital? Escola pública “dor de cabeça”? Quem não
ouviu falar?
Porém,
um projeto piloto em Manaus, objeto de reportagem da Band já em
2012, resolveu dois problemas de uma só vez, num bairro violento da
capital amazonense:
1)
a qualidade duvidosa do ensino na maior escola pública dentro de uma
comunidade, na zona oeste; e
2)
a violência praticada por jovens estudantes.
Respeito
aos professores
Na
Escola Estadual Prof. Waldocke Fricke de Lyra os alunos vão
disciplinados à sala. Os professores são saudados de pé pela
turma, toda enfileirada no início da aula.
A
escola pública foi militarizada em janeiro de 2011. Foi a estratégia
encontrada para melhorar o ensino e conter os altos índices de
violência no bairro Parque São Pedro, na zona oeste de Manaus.
Hoje
o que se vê é algo bem diferente de um passado recente.
“Tinha
caso em que o professor nem para a sala queria ir – explica a aluna
Kellyane Souza – por causa da bagunça, eles não conseguiam
controlar. Agora não”.
“Nós
temos que andar de uniforme, cabelos cortados, simples, todos limpos,
sapato engraxado”, diz o aluno Athirson Soares.
Tranquilidade
volta a ser rotina no bairro
Nas
ruas do bairro, a tranquilidade voltou à rotina dos moradores.
“Esse
negócio de droga, essas crianças aqui usavam tudo isso. Hoje não,
está diferente, a gente vê essas crianças com mais vontade de
estudar”, diz Maria Amélia, dona-de-casa.
Quando
estava completando apenas um ano, essa mudança na escola “já
refletiu no desempenho dos alunos na sala de aula. A ideia é tornar
a escola uma das cinco melhores do Estado”, relatou o jornalista da
Band Yano Sérgio.
“A
questão da disciplina favoreceu, hoje temos uma equipe nos
auxiliando em ‘n’ problemas, com psicólogos. Temos outras
ferramentas que favorecem”, explica a professora Cledinha Vidinha.
O
responsável pela reforma é o coronel Rudnei Caldas, da PM, que com
o apoio de 13 PMs fez uma transformação radical, da organização
da unidade até os métodos de avaliação do aluno.
Valorização
do aluno
“Hoje
o que é mais valorizado não é a menina ou o moço mais bonito, é
o moço mais inteligente – explica o coronel. É ele que é
valorizado. É ele que fica à frente do batalhão, é ele que
comanda o pelotão. Esse status
que
ele adquire aqui se transfere para o ensino. A postura do aluno mudou
porque o comportamento dele mudou. Ele se viu como protetor da
comunidade”.
Valorizar
a hierarquia motiva mais os estudantes, diz a reportagem da Band. Um
exemplo disso é Jonatas, que quer ser ‘coronel-aluno’ no ano que
vem.
“Se
o aluno conseguir atingir aquela graduação, atingir boas notas, ele
vai poder se destacar do batalhão escolar, comandar, vai ter
privilégios”, explica Jonatas Phellipe.
Educação
de primeira e segurança aumentam a satisfação dos pais de família.
“Eu acredito que os pais trabalham seguro – diz Valeska Rodrigues
que é mãe de um aluno –, sabendo que ele está estudando,
adquirindo coisas boas para ele, qualidade do ensino, e acima de tudo
ele vai se profissionalizando e se tornando um cidadão de bem”.
Pais
fazem fila para colocar seus filhos na escola
A
fila para quem quer uma vaga na escola cresceu. Os moradores podem
ter certeza agora que podem garantir um futuro diferente para os
filhos.
Levou
apenas cinco meses para Mael sair da condição de aluno- problema
para ser estudante dedicado. Mais uma das muitas histórias que a
escola militar da PM passou a colecionar no Parque São Pedro.
“Antes
eu vinha à escola apenas para brincar, desrespeitar os professores.
Hoje mudou 100% porque a escola está melhor, tem uma boa educação,
eu dou mais atenção aos estudos do que no ano passado”, contou o
aluno Mael Barbosa.
“A
organização dos cadernos, o interesse, eles começaram a perceber
que hoje o foco é outro”, acrescentou a professora Cledinha.
A
gente sabe que fica difícil tirar mais policiais do combate ao crime
nas ruas para disciplinar e melhorar a qualidade das escolas
públicas.
Mas
fica evidente que a experiência é positiva e merece a atenção dos
gestores municipais e estaduais da educação no Amazonas, encerra a
Band.
Fonte: Instituto Plinio Corrêa de Oliveira
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