As
vigas de concreto da sala da assessoria de comunicação da Câmara
Legislativa do Distrito Federal racharam na madrugada desta
sexta-feira (16/10). O local está isolado por risco de desabamento,
já que parte da laje e do teto cedeu, expondo os defeitos da
construção. O piso superior do local que dá acesso a um pátio
onde ocorrem manifestações e apresentações variadas também será
desocupado temporariamente. No momento que os servidores chegaram
para trabalhar nesta manhã, a sala já estava fechada. Um engenheiro
do órgão avaliou o local e atestou a gravidade do risco de
desabamento.
A
obra custou R$ 120 milhões aos cofres públicos, três vezes o valor
inicial, de cerca de R$ 42 milhões, orçado em 2001. Apesar do custo
para o brasiliense, os defeitos do prédio se mostraram evidentes já
três meses após a ocupação da nova sede pelos parlamentares.
Em
outubro de 2010, os aparelhos de ar-condicionado e os elevadores não
funcionavam, banheiros tinham vazamentos e, com a mínima corrente de
ar, placas do forro se soltavam do teto. À época, o então chefe de
gabinete da Presidência, Fernando Taveira reconheceu os problemas,
mas disse ao Correio que
os considerava normais. Ele chegou a destacar que “O importante é
que não há problema estrutural”. A construtora responsável pela
obra é a Via Engenharia.
Porém,
segundo a empresa Via Engenharia, o serviço de assistência nunca
foi acionado pela Câmara para a resolução deste caso. Na tarde
desta sexta-feira, técnicos de manutenção serão deslocados até o
local para entender os motivos que possam ter causado a rachadura.
Questionamentos
judiciais
Iniciada
na gestão do hoje senador Gim Argello (PTB) como presidente da Casa,
em 2001, a obra da nova sede da Câmara Legislativa foi durante muito
tempo apenas um esqueleto à margem do Eixo Monumental. A construção
ficou paralisada entre 2005 e 2008. Faltou dinheiro e sobraram
questionamentos na Justiça. Engenheiros chegaram a condenar a
estrutura do prédio, que em função da exposição por tanto tempo
sem acabamento, poderia ter sido comprometida.
Durante
a presidência de Alírio Neto (PPS), os deputados se mobilizaram
para retomar a obra. Em 2007, para tentar apressar a conclusão do
prédio, Alírio fez um acordo com o então governador, José Roberto
Arruda (DEM), pelo qual entregou ao Executivo o papel de fiscalizar a
construção e realizar novo processo licitatório. Cláusulas do
novo edital foram questionadas pelo Tribunal de Contas do DF, mas as
pendências acabaram sanadas.
No
orçamento para 2008, os distritais aprovaram uma emenda da Mesa
Diretora que destinou R$ 24 milhões para a conclusão do prédio. O
dinheiro foi retirado do limite de emendas a que os deputados tinham
direito, graças a um acordo fechado entre os parlamentares nas
vésperas da votação.
Enquanto
os parlamentares locais se comprometeram com uma parte para finalizar
a obra, o GDF injetou o restante do dinheiro para terminar a sede da
Câmara. A obra, então, foi retomada no ano passado e concluída
somente em junho, ao custo de R$ 120 milhões.
Fonte: Correio Braziliense
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