Após
o Hospital Santa Helena se
negar a dar
cumprimento a ordem judicial que determina a internação de um
paciente, Militar do Corpo de Bombeiro ameaça da voz de prisão ao diretor
do Hospital. A decisão obriga o governo do Distrito Federal a
transferir o aposentado da Polícia Militar, que tem câncer de
estômago, do Hospital Regional da Asa Norte (Hran) para a unidade
particular.
De
acordo com Nehemias de Melo, o pai fazia tratamento na rede privada
desde agosto. O hospital , porém, foi descredenciado pela corporação
após suspender atendimento a policiais alegando falta de pagamento.
Com isso, o paciente não conseguiu ser atendido no início do mês e
precisou ser levado para o Hran, onde permanecia internado até a
manhã desta quarta-feira (14).
Ao
G1, o Hospital Santa Helena disse que não vai comentar o caso porque
não é parte direta no processo e apenas foi o local indicado pela
juíza para receber o paciente. A unidade disse ainda que não vai
comentar a atitude do bombeiro de "ameaçar" dar voz de
prisão ao diretor.
O
Corpo de Bombeiros disse que a ação do cabo foi como cidadão, já
que ele estava baseado em uma ação judicial, não havendo nenhuma
ligação entre a instituição com o fato envolvendo o militar. A
Procuradoria-Geral do Distrito Federal afirmou não ter sido intimada
até a tarde desta quarta-feira. A Polícia Militar falou que não
localizou nenhuma ocorrência do tipo no sistema.
"Meu
pai é da PM desde 1978 e sempre teve descontado do contracheque o
valor do convênio médico. Não é justo que na hora que ele mais
precisa ele não será amparado. Ele está exposto a bactérias, não
tem médico, esteve em um corredor de hospital, ficou 12 horas sem
atendimento médico", afirmou Melo.
Na
última segunda-feira (12), o cabo conseguiu na Justiça uma ordem
para atransferência imediata do pai para a unidade. A decisão
da juíza Ana Luiza Barreto diz ainda que todos os exames e
procedimentos médicos devem ser bancados pelo GDF. A magistrada
afirma que, em caso de descumprimento, poderia haver a possibilidade
de prisão em flagrante.
Na
terça, Melo disse que foi até o hospital, mas que os responsáveis
afirmaram que não havia vaga e que não tinham sido notificados da
decisão. "Passamos o dia inteiro na peregrinação, de fórum
em fórum, para tomarmos conhecimento de que o hospital tinha sido
notificado, ou seja, tomaram conhecimento oficialmente por meio do
oficial de Justiça e tinham que cumprir a ordem."
"Estou
fazendo esse esforço pela família militar e não só pelo meu pai.
Os PMs estão desamparados. Eu queria que ele fosse atendido e
pudesse lutar contra o câncer de forma digna. No Hran não tem nem
oncologista. Dizem que podemos solicitar ressarcimento, mas eu não
tenho R$ 5 mil por dia para pagar pelo tratamento do meu pai na rede
particular."
Na
manhã desta quarta, o bombeiro foi até a 5ª DP e pediu apoio da PM
para ir até o hospital particular. Ao chegar no local com os
policiais, ele foi recebido pelo advogado e representantes da
instituição. Segundo ele, ficou acertado que o sargento aposentado
seria transferido ainda nesta quarta, mas que o transporte deveria
ser feito pelo governo.
"Tenho
fé em Deus que agora será cumprida a ação judicial. Eles passaram
que dependia apenas de uma ambulância, mas isso não é problema
porque vamos dar um jeito de transferir ele. Agora os médicos do
Hran têm que fazer um relatório e meu pai será transferido",
diz Melo.
"Eu
lamento ter que chegar a esse ponto. Ter que acionar o poder policial
para fazer cumprir uma ordem judicial. Aqui está um direito
conquistado. Infelizmente às vezes tem que ocorrer algo assim para a
gente conseguir as coisas. Caso não fosse cumprida essa exigência
legal, o último passo seria conduzir algum responsável do hospital
para que fosse lavrado um termo", concluiu o bombeiro.
Fonte: R7, G1, Correio Braziliense
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