Um alagamento causado pela chuva
forte e pela falta de drenagem invadiu 60 casas da Vila Cauhy, no Distrito
Federal, na madrugada desta quarta-feira (20), impedindo 300 pessoas de
permanecerem nos imóveis. Segundo o Corpo de Bombeiros, as famílias pediram
socorro por volta das 5h. Até as 7h, os militares ainda trabalhavam na remoção
dos moradores.
No início da manhã, a Defesa Civil
estimava dano a 20 residências. Pouco antes das 11h, o coronel Sérgio Bezerra
afirmou ao G1 que 300 pessoas tinham sido desalojadas.
"Elas não estão desabrigadas, provavelmente poderão voltar aos
imóveis".
Segundo Bezerra, não há registro de
feridos e todos os atingidos estão recebendo assistência médica e alimentar. A
Vila Cauhy fica ao lado do Núcleo Bandeirante e às margens do Córrego Riacho
Fundo, que transbordou.
A secretária de Segurança Pública,
Márcia de Alencar, compareceu à região por volta das 10h. Segundo ela, 53
famílias foram cadastradas em um plano de contingenciamento que já estava
previsto pela Defesa Civil, considerando o período das chuvas. Segundo ela, o
GDF tentará fornecer "condições estruturais", como aterramentos, para
evitar a desocupação definitiva do espaço.
Um posto de comando da Defesa Civil
foi montado no local para prestar atendimento e receber doações. Às 11h15, o
local já tinha recebido dois colchões novos, além de pequenos donativos de
alimentos.
Momentos de desespero
O vendedor de calçados
David Batista, de 28 anos, e a cuidadora de idosos Creuzimar Batista, de 51
anos, tiveram que quebrar o muro da casa para deixar a água escorrer. Mãe e
filho disseram que móveis, documentação, colchões e alimentos foram perdidos.
"Se tivesse uma
boca de lobo, duvido que isso teria acontecido. O governo não se importa muito
conosco. Agora, estou abrigada na casa da minha filha. Vou tentar secar algumas
coisas e ver o que posso fazer", diz Creuzimar.
David diz que foi
tomado pelo desespero quando a água ficou acima do nível da cintura.
"Acordamos 4h com o barulho da água, ela já tinha invadido a casa inteira.
Salvamos o que pudemos", diz. Cinco galinhas que eram criadas no quintal
da casa morreram.
O montador José
Carvalho, de 37 anos, mora há 17 anos na região. Segundo ele, a Defesa Civil
não apresenta projetos e nem obras de melhoria e segurança. "Somos esquecidos.
Já perdi máquina de lavar, geladeira, colchão. O projeto só existe no
papel", afirma.
Resgate a barco
Um centro espírita de
matriz africana também foi atingido pela forte chuva. No local, estavam 14
pessoas, entre elas, quatro crianças. Eles foram resgatados de barco pelo Corpo
de Bombeiros. Os proprietários também disseram que porcos e galinhas foram
perdidos com a tempestade.
O eletricista Ronaldo
Dantas, de 41 anos, conta que estava dormindo quando foi despertado pela chuva.
Segundo ele, a água invadiu todo o lote, deixando todos aflitos e
desesperados."O barulho era muito forte. A maioria das coisas temos no
centro é fruto de doações. Não sabemos como recuperar agora. Felizmente,
ninguém ficou ferido", conta.
Assistência
Segundo o major da Defesa Civil e coordenador das áreas de risco do DF, Mário Henrique Furtado, os moradores vão receber abrigo e alimentação até a análise das residências.
Segundo o major da Defesa Civil e coordenador das áreas de risco do DF, Mário Henrique Furtado, os moradores vão receber abrigo e alimentação até a análise das residências.
O major afirma que a
área é considerada de risco e recebeu trabalho recente da Defesa Civil,
principalmente nas casas mais próximas ao córrego. O mapeamento do órgão identificou
4.960 casas em 36 áreas vulneráveis do DF, em outubro do ano passado.
A área não é
regularizada e existe há mais de 40 anos, na poligonal do Núcleo Bandeirante. A
ocupação fica às margens da BR-040, próxima ao Balão do Aeroporto.
Fonte: G1
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