A
corporação abriu inquérito para investigar o caso
A
polêmica das Mitsubishi Pajeros da Polícia Militar vai além do
risco de capotagens e tombamentos e da suspensão do contrato de
manutenção dos 378 veículos. Perícia do Instituto de
Criminalística (IC) da Polícia Civil indica que a empresa
responsável pela inspeção dos carros não realizou a troca de
peças em pelo menos 36 modelos, apesar de atestar a substituição.
O contrato com uma oficina do Distrito Federal, firmado entre 2014 e
2015, ficou em torno de R$ 7 milhões. A corporação abriu quatro
Inquéritos Policiais Militares (IPMs) — dois estão em fase de
conclusão — e instaurou a mesma quantidade de procedimentos
administrativos internos para investigar o caso. Eles apuram essas
falhas nos modelos Pajero, Volkswagen Parati, Fiat Palio Weekend e
Ford Fiesta.
Uma
das Pajeros encaminhadas para a perícia da Polícia Civil havia
passado por manutenção em três datas: 14 de novembro de 2014; 5 de
março de 2015; e 15 de maio deste ano. Os peritos do IC compararam
as informações da ficha de manutenção com as peças do veículo.
O resultado mostra que, do total de 24 equipamentos presentes na nota
fiscal, sete não foram substituídos, apesar da descrição de
troca. Outros sete também sequer foram alterados.
Além
disso, em quatro casos, o veículo nem tinha a peça relatada na
nota. A inspeção revela, ainda, que apenas quatro foram devidamente
trocadas e uma consta a “provável” substituição. O laudo do
IC, assinado por dois peritos criminais da Polícia Civil, conclui
“incompatibilidade entre os serviços de troca de peças constantes
nas fichas de manutenção e os serviços efetivamente realizados nos
veículos examinados. Muitas das peças que constavam na nota fiscal
como substituídas apresentavam aspectos que indicavam nunca terem
sido substituídas por peças novas” (veja fac-símile).
O
caso é semelhante ao de quatro Paratis da PM. O Departamento de
Logística e Finanças da corporação encaminhou um desses carros
para análise do Laboratório de Infraestrutura do Departamento de
Engenharia da Universidade de Brasília (UnB). Um perito elaborou o
laudo em junho e constatou que nenhum dos bancos dianteiros do
automóvel foram substituídos. Além disso, o conjunto do alternador
e componentes internos nunca haviam sido desmontados para manutenção,
apesar de cobrança feita em nota fiscal. Uma das fotos anexadas ao
documento demonstra que o selo do equipamento jamais foi rompido, o
que indica a originalidade de fábrica.
O
resultado aponta também “bancos dianteiros em péssimo estado de
conservação com bordas laterais dos acentos bastante danificadas e
com marcação original de fábrica”. Segundo o perito responsável
pelo estudo, “devido à não substituição dos bancos dianteiros,
o mesmo traz desconforto e falta de ergonomia aos seus usuários,
acarretando possíveis danos na coluna cervical”.
Responsabilidade
O
chefe do Departamento de Logística e Finanças da PM e ordenador de
despesas da corporação, coronel Francisco Eronildo Feitosa, explica
que as investigações preliminares começaram a ser feitas em 5 de
janeiro, quando ele assumiu a função. “Toda vez que constatamos
indícios de materialidade de irregularidade, instauramos os devidos
processos para responsabilizar a empresa emissora do contrato e
buscar a responsabilização do agente militar na execução do
contrato no processo de execução, atesto e pagamento”,
esclareceu. “A perícia constatou materialidade de fraude em 36
Pajeros e quatro Paratis”, concluiu.
Fonte:
Correio Braziliense
0 Comentários
Obrigado pela sugestão.