As
entidades representantes da segurança pública do DF podem até
discordar em diversos assuntos, mas são unânimes em dizer que há
apenas uma expressão que descreve a situação da área no DF:
colapso. Entre os diversos motivos que utilizam para exemplificar o
problema estão a falta de gestão da pasta e a má utilização dos
recursos que deveriam ser destinados aos policiais militares e civis.
Enquanto isso, a população fica sem parte da assistência de que
precisa e sem ter como contar com as forças de segurança em sua
totalidade.
Sem
ter como reagir, os moradores assistem atônitos a toda a discussão
e temem um aumento ainda maior da criminalidade. Só no último fim
semana (do dia 7 ao dia 9), foram dez homicídios e 15 tentativas nas
regiões de Brazlândia, Gama, Riacho Fundo, Sobradinho, Paranoá e
Plano Piloto.
E
não parou no final de semana. Na
manhã de ontem, por volta das 9h, Márcio Mendes da Silva, 34 anos,
foi morto com um tiro na cabeça no meio da rua, no Itapoã.
A Polícia Civil informou que há a suspeita que o autor seja um
vizinho da vítima, de 27 anos. Moradores da localidade informaram
aos policiais que, na noite de domingo, vítima e suspeito tiveram
uma briga por motivo fútil. Márcio não teria gostado de como o
suposto autor do crime olhava para ele. Na porta da residência do
suspeito, a polícia encontrou uma porção de maconha e, em cima da
cama, uma cápsula de revólver calibre 38 e uma touca ninja preta. A
Polícia Militar informou que os vizinhos entraram na casa do acusado
e quebraram alguns objetos.
Para
o presidente do Sindicato dos Policiais civis do DF (Sinpol-DF),
Rodrigo Franco, essas situações devem continuar se o governo não
priorizar a segurança pública. “A segurança está em colapso.
Temos anunciado isso desde o início do governo. A segurança pública
não é uma prioridade desse governo”, avalia o presidente que
garante que, com isso, as investigações ficam atrasadas e os
criminosos impunes. Assim, o aumento da criminalidade é inevitável.
“O que deixa o criminoso preso é a investigação e não a prisão
em flagrante. Com uma investigação bem feita e com provas, a pessoa
fica presa por meses ou anos”.
Rodrigo
Franco afirma que é preciso que o governo entenda a segurança
pública como prioridade, injete mais recursos e que cada corporação
faça o seu papel, a Civil investigando e a PM no policiamento
ostensivo.
Partes
não se entendem
“Em
meus 19 anos de Polícia Militar, a segurança do DF nunca esteve
pior. Não há plano de contenção da violência, nem policiamento
ostensivo. Além disso, só tem polícia onde não há crime”,
reclama o presidente da Associação do Praças, Policiais e
Bombeiros Militares do Distrito Federal (Aspra), João de Deus. E
adverte: “Ou o governo faz alguma coisa ou vai entrar em colapso”.
Para
João de Deus, a principal medida neste momento seria a troca do
titular da pasta de Segurança Pública, Márcia de Alencar. “Ela
pode entender de muitas coisas, mas não consegue gerir a
secretaria”, afirma.
O
especialista em segurança pública e professor da Universidade
Católica de Brasília Nelson Gonçalves lembra que a taxa de
homicídios no DF não tem uma grande variação nos últimos 30
anos. Isso pode ser interpretado de duas formas: “Há uma
estabilidade na má gestão. Os governos passados e, inclusive, os de
agora, vêm gerindo mal o setor. Ou esse é um discurso oportunista
em função dos problemas que sabidamente existem entre as forças de
segurança e a secretaria”. No meio, diz ele, há a população que
fica amedrontada vendo as taxas de criminalidade subirem em alguns
momentos.
Versão
oficial
Para
a secretária de Segurança Pública, Márcia de Alencar, o último
fim de semana foi atípico para este ano. Segundo ela, todas as
medidas para a redução e elucidação dos crimes estão sendo
adotadas. Márcia considera que a pasta busca implementar estratégias
para diminuir a criminalidade e fazer a boa gestão da segurança do
DF. A secretária garante que há uma iniciativa de integrar as
forças de segurança para atuarem em algumas regiões do DF que
apresentam altos índices. Essa, diz ela, é uma forma de mostrar que
a gestão no DF funciona.
Em
relação às críticas ao seu trabalho, Márcia de Alencar afirma
que a função de um secretário de Segurança não é estar nas
mesas de negociação trabalhistas ou sindicais, mas sim cuidar “das
relações institucionais e da integração dos serviços com foco no
fortalecimento das instituições”. Para ela, relações
trabalhistas devem ser tratadas com a Casa civil, Planejamento e Casa
Militar. “Nenhuma força é mais importante que a outra. O
importante é fortalecer a comunidade”, conclui.
Fonte:
Jornal de Brasília
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