Em
breve, as faixas exclusivas para ônibus e táxis, presentes em vias
importantes do Distrito Federal, poderão ser utilizadas por carros
particulares em horários de pico. O Governo do DF se opôs, mas a
Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) derrubou o veto ao
projeto de lei que permite o uso dos corredores entre 6h30 e 9h e
entre 17h30 e 19h30.
No
entanto, a Secretaria de Mobilidade garante que vai solicitar à
Procuradoria-Geral do Distrito Federal (PGDF) o ajuizamento de uma
ação judicial para questionar o texto.
Quando
a medida for sancionada, será válida a aplicação do Projeto de
Lei 759/2012, de autoria da deputada Celina Leão (PPS). As propostas
do PL são de que carros de passeio poderão usar as faixas
exclusivas fora dos intervalos considerados críticos no trânsito.
MENOS
COLETIVOS
De
acordo com a autora do projeto, na época em que fez a proposição –
em 2012 – a licitação do transporte público diminuiu a frota dos
ônibus. Com isso, os coletivos passaram de 3,1 mil para 2,1 mil.
“Aí, em 2012, criaram as faixas de ônibus, o que foi uma medida
antagônica. O que deviam ter feito era aumentar a frota”, explica
Celina Leão.
A
parlamentar argumenta ainda que as faixas exclusivas se apresentam
ociosas no decorrer do dia. “O que se percebe é que, fora do
horário de pico, você não tem tráfego de ônibus nas faixas
exclusivas. Então, a população está pagando um preço de estar
preso num congestionamento sem ter nenhum carro do transporte
coletivo transitando nessa faixa”, justifica.
PODE
PIORAR
A
medida divide opiniões entre os brasilienses. Para a estudante
Patrícia Lopes, de 22 anos, a liberação dos corredores exclusivos
pode atrapalhar o trânsito. “Com a faixa dos ônibus, eles andam
mais rápido do que a gente na nossa faixa. Agora, vai misturar
muito. Vai criar mais retenção no trânsito”, prevê a motorista.
Patrícia
acredita que falta um estudo para definir quais são as vias que
ficam realmente sem uso das faixas exclusivas nos horários mais
calmos. “Nos lugares onde eu ando, como a W3 Sul e Norte, não vale
a pena. Mas acho que na EPTG valeria, pois fica uma pista imensa só
com ônibus e vans”, completa a estudante.
MAIS
CONGESTIONAMENTO
O
técnico em informática Pedro Paulo Alves, de 30 anos, também não
aprova o uso dos corredores de coletivos por carros particulares. “A
faixa exclusiva ajuda os ônibus e os táxis não invadirem a pista
comum, pois um veículo pesado atrapalha ainda mais o trânsito. Além
disso, pode causar mais engarrafamento”, afirma. “Se tem faixa
exclusiva é para ajudar a desafogar o trânsito”, complementa.
Já
o taxista Elias Martins, de 46 anos, por sua vez, concorda com a
medida proposta pela deputada Celina Leão. “É um direito para
todos e não vejo o porquê de ser exclusiva. Pode causar mais
engarrafamento, mas penso pelo lado de que vai ser uma faixa a mais.
Se eu tenho o direito de usar, todos também têm”, argumenta.
EXCEÇÕES
O
governo tem liberado o corredor exclusivo em situações pontuais,
como em caso de greve dos rodoviários ou dos metroviários. Isso
porque, nessas ocasiões, mais pessoas precisam tirar o carro da
garagem para se locomover, causando mais congestionamento. A
proibição volta quando os movimentos grevistas encerram.
VERSÃO
OFICIAL
Por
ser uma derrubada de veto, o Governo do Distrito Federal terá até
48 horas para publicar e sancionar a nova regra. Caso contrário, a
própria Câmara Legislativa poderá divulgar a lei no Diário da
Câmara.
No
entanto, a Secretaria de Mobilidade informou que vai solicitar à
Procuradoria-Geral do Distrito Federal o ajuizamento de ação
judicial para questionar a lei que trata do uso das faixas
exclusivas, uma vez que, para o GDF, a medida é um retrocesso para a
mobilidade. O governo acredita ainda que não pode priorizar o
automóvel em detrimento ao transporte coletivo, que atende a maior
parte da população. “Em maio de 2016, o governo de Brasília
implantou o programa de Mobilidade Urbana, com a priorização do
transporte coletivo de médio e alta capacidade. A proposta é
ampliar ainda mais as faixas exclusivas e não reduzir o horário de
uso, como sugerido. A faixa exclusiva é uma ferramenta muito
importante porque reduz o tempo de viagem, traz mais conforto e
comodidade ao usuário”, informa, em nota.
Já
o Departamento de Trânsito do DF (Detran), que cuida de parte dos
corredores, não comentou por ser “um órgão executivo”.
Fonte: Jornal de Brasília
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