Delações
de ex-executivos da Odebrecht alteram significativamente o cenário
político para 2018 no DF. Novos candidatos deverão surgir após a
divulgação dos vídeos com autorização do STF.
Por
Delmo Menezes
Não
resta dúvida que as delações da Odebrecht estão provocando um
verdadeiro “Tsunami” no meio político, alterando
significativamente o cenário pré-estabelecido para as eleições
de 2018. Políticos que estavam “bem na fita”, passam a ficar em
situação complicada, diante dos recentes episódios que atingiu em
cheio a classe política, em todos os níveis.
No
Distrito Federal, o “tabuleiro político” ganha uma nova
configuração, com a entrada de novos concorrentes a corrida ao
Buriti. Políticos que estavam com baixos níveis de aprovação,
voltam a ter chances reais de disputa, diante de uma situação
totalmente anômala.
Coma
divulgação dos vídeos, potenciais candidatos como é o caso do
ex-vice-governador Tadeu Filippelli, terão que se explicar
bastante, sem, contudo, ficar definitivamente fora do páreo. O
assessor de Temer divulgou ontem um vídeo no Facebook para
rebater as declarações de José Antônio Pacífico, ex-diretor da
Odebrecht. No vídeo, Filippelli diz que a “Lava-Jato tem sido um
instrumento para mudar a história do nosso país”.
Outros
que se apresentavam apenas com uma terceira via, como é o caso do
ex-deputado Alírio Neto (PTB), entram definitivamente na disputa ao
Burti. Tudo vai depender do desenrolar da Lava Jato nos próximos
dias.
Veja
as chances dos possíveis candidatos ao Buriti
O
deputado federal Alberto Fraga(DEM-DF), presidente do partido no
DF, tem no seu segmento, a Segurança Pública, sua principal base de
apoio. No entanto, necessita ampliar o seu espaço político,
atraindo novos setores, para obter condições de disputa
majoritária. Tem se mostrado um bom oposicionista ao atual governo,
com um discurso mais populista. Necessita mudar seu temperamento
explosivo, sem, contudo, perder as suas características de um bom
combatente.
O
tucano Izalci Lucas (PSDB-DF), tem crescido muito nos
últimos meses, principalmente pela sua habilidade em angariar apoio
dos diversos segmentos da sociedade, ampliando os diretórios
regionais do partido em todo Distrito Federal. Izalci tem realizado
reuniões constantes em todas as cidades do DF, ouvindo sugestões e
dialogando com as principais lideranças comunitárias. O parlamentar
que era tido apenas como uma opção de “terceira via”, entra pra
valer na disputa ao Buriti com chances reais de vitória. Na
Congresso Nacional, Izalci ganha a cada dia projeção nacional, por
presidir várias comissões de grande relevância para o país, como
a reforma do ensino médio e a regularização das terras da União.
Recentemente foi escolhido por seus pares, como representante do PSDB
no Conselho de Ética. Tem feito o “dever de casa direitinho”, o
que demonstra que não está “brincando de ser candidato”.
Interlocutores próximos, afirmam que o deputado está no páreo, e
que pretende fazer uma grande aliança suprapartidária em torno do
seu nome.
O
presidente regional do PSD no DF, deputado Rogério Rosso,
voltou a ter chances mesmo depois de ter sido derrotado pelo deputado
Rodrigo Maia (DEM-RJ) na disputa para presidência da Câmara. O
parlamentar tem conversado bastante com seu grupo político,
avaliando os diversos cenários para não ficar fora da disputa. Nos
bastidores comenta-se que Rosso deverá disputar uma cadeira no
Senado ou em última hipótese, vir a reeleição para deputado
federal, o que é o mais provável, deixando o seu fiel escudeiro, o
vice-governador Renato Santana, na disputa a uma vaga na Câmara
Legislativa do DF.
O
senador Antônio Reguffe (sem partido), que até então
havia dito em todas as rodas de conversas, que não disputaria o
Buriti em 2018, começa a rever esta situação. Em todas as
pesquisas aparece sempre nas primeiras colocações, isto é fato. No
entanto, o senador tem ficado distante do seu eleitorado, evitando
debater os principais temas políticos que afetam a população do
DF. O seu discurso de “moralidade”, não é suficiente para
empolgar o eleitorado, que urge por novos desafios, a fim de afastar
a crise do desemprego que assola a população. O discreto senador,
tem sempre se aconselhado com o seu colega senador Cristovam
Buarque (PPS), que deverá concorrer a reeleição. Na sua
passagem pela Câmara e agora pelo Senado, tem se mostrado um
político um pouco apático diante dos graves problemas que o
Distrito Federal enfrenta. Vamos aguardar um pouco mais, para
confirmar se o nobre parlamentar vai mesmo cumprir aquilo que tem
sempre falado, que é terminar o seu mandato de 08 anos na Câmara
Alta.
Um
nome que circula nos bastidores da capital, é o de Renato
Rainha, conselheiro do Tribunal de Contas do DF (TCDF). Rainha, tem
afirmado frequentemente que não pretende participar do processo
eleitoral em 2018. Diante da falta de novas lideranças no DF, e da
crise política que se instalou depois das delações da Odebrecht, o
conselheiro poderá rever sua decisão, e sair candidato ao Governo,
ou numa ampla composição, disputar o Senado. Rainha já foi
delegado da Polícia Civil e deputado distrital, com expressiva
votação. As suas ações políticas à frente do TCDF, tem lhe dado
visibilidade, e sabe como poucos, aproveitar isso de forma
inteligente.
O
governador Rodrigo Rollemberg (PSB), que todos achavam
carta fora do baralho, passa a reunir condições de disputa, pois
está “fora da lista de Fachin”. Pesa sobre o chefe do Executivo,
os recentes embates com os servidores públicos, na área de
Educação, Segurança e sobretudo na Saúde. Apesar dos esforços em
melhorar a gestão principalmente em relação a crise hídrica,
Rollemberg não consegue decolar na área da Saúde, que tem sido o
seu principal entrave. Houve grande retrocesso nesta pasta. Os
servidores estão desmotivados com a possibilidade de contratação
de “OSs”, e o sucateamento da rede. As Upas que seriam
responsáveis pela resolução de até 90% das demandas de urgência
e emergência, diminuindo o fluxo de usuários nos hospitais, estão
sem profissionais para atender a população. Quando foram
inauguradas, estas unidades possuíam capacidade para atender até
450 pacientes/dia. Hoje, estas mesmas unidades, atendem em média 130
pacientes/dia. As Clínicas da Família que eram modelo para todo
país, foram totalmente descaracterizadas, e os principais hospitais
da rede, não funcionam como deveriam. Rollemberg tem sido mal
assessorado, com uma equipe de gestores sofríveis, que não
conseguem fazer uma gestão eficiente, principalmente nas áreas mais
problemáticas do seu governo. Resta pouco tempo, mais ainda dá para
reverter esta situação, que não lhe é tranquilo e muito menos
favorável.
A
convite de Roberto Jefferson, o ex-deputado Alírio Neto assumiu
ano passado a presidência regional do Partido Trabalhista Brasileiro
(PTB-DF), que o coloca definitivamente no páreo para disputa ao GDF.
As chances de Alírio vão depender muito da união das forças
políticas de centro-direita da capital, podendo vim a compor com o
deputado Izalci, com quem tem se reunido frequentemente. Segundo
Alírio, o presidente nacional da legenda lhe deu “carta branca”
para fazer as mudanças que forem necessárias, no sentido de
oxigenar o partido no Distrito Federal. Em recente entrevista
ao Agenda Capital, o petebista afirmou que o partido vem com a
proposta de unir forças. “Vamos buscar as pessoas que tem o mesmo
raciocínio na busca da recuperação da máquina do governo, que
possa voltar a prestar um serviço de qualidade, como nós
prestávamos no “Na Hora”, por exemplo”, disse o
ex-parlamentar.
O
ex-deputado Jofran Frejat (PR), que é sempre cortejado
para assumir a área da Saúde, tem um espólio eleitoral
considerável. Frejat ficou em segundo lugar nas eleições para o
governo em 2014, e tem fôlego suficiente para participar de mais uma
disputa majoritária. Perguntado se participaria do processo
eleitoral em 2018, Frejat esquivou-se e não quis comentar sobre o
assunto. Nos bastidores comenta-se, que diante dos fatos recentes,
poderá colocar novamente o seu nome à disposição do partido, que
tem o ex-governador Arruda, citado nas delações da Odebrecht,
com a principal “estrela” do partido no DF.
O
presidente da Câmara Legislativa do DF, deputado Joe
Valle (PDT), tem articulado nos bastidores, a possibilidade de
colocar seu nome na disputa majoritária. Joe preside uma Câmara
totalmente dividida e sem credibilidade, com denúncias veiculadas
todos os dias na imprensa. Tem analisado calmamente o cenário
político local e nacional, e no momento certo, deverá se pronunciar
a respeito. As suas chances de uma eventual disputa ao Buriti, ainda
são remotas. Porém, diante da falta de opções, poderá
surpreender ao colocar o seu nome na disputa.
O
PT dificilmente lançará candidato em 2018. Geraldo Magela que
seria o candidato natural do partido, teve seu nome citado na Lava
Jato e não deverá participar do pleito. Wasny de Roure será
o nome da legenda para o Senado. Nos bastidores comenta-se que o
conselheiro Paulo Tadeu, deverá lançar seu nome em 2022 ao
Buriti.
A
cada dia somos surpreendidos com novos desdobramentos da Lava Jato, o
que muda completamente o cenário político. Muita coisa ainda poderá
acontecer, principalmente diante de um cenário instável que assola
toda a classe política do DF e do Brasil. As delações da Odebrecht
que foram divulgadas, são só o início do que ainda está por vir.
Dentro em breve virão a público as delações das empreiteiras
Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão e outras.
O
experiente político mineiro Magalhães Pinto dizia: “Política é
igual a uma nuvem. Você olha ela está de um jeito, olha de novo, e
ela já mudou”.
Comento:
Além
de Geraldo Magela (PT) a lista do procurador-geral da República,
Rodrigo Janot, com pedido de remessa de parte das delações de
executivos da Odebrecht para os estados, inclui também o
ex-vice-governador Tadeu Filippelli (PMDB), hoje assessor especial do
presidente Michel Temer, citados nas delações.
Filippelli
aparece em trechos sobre a obra do Centro Administrativo de
Taguatinga (Centrad) e Magela na PPP para implantação do
empreendimento habitacional Jardins Mangueiral. O conteúdo das
referências ainda está sob sigilo. Janot pediu a quebra do segredo
de justiça ao relator da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal
(STF), ministro Edson Fachin.
Fonte: Agenda Capital
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