Por
Olavo Mendonça / Blitz Digital
Faço
parte de um grupo de consultores internacionais de contraterrorismo
(1) que avalia, por meio de agências e de especialistas de renome
internacional, os cenários de amplitude global, principalmente no
que se refere ao crime organizado internacional e ao terrorismo.
Neste grupo, por incrível que pareça, um dos assuntos que tomou a
atenção de todos, com grande preocupação, foram os protestos
violentos que tomaram conta da Capital do Brasil no dia 24 de maio de
2017. Para os consultores estrangeiros, que acompanhavam as notícias
em tempo real, o Brasil passa por um cenário grave. Porém, o que é
óbvio para qualquer pessoa medianamente informada no mundo
ocidental, é, de certa forma, invisível para uma parte considerável
do povo brasileiro, incluindo a sua “elite” intelectual,
jornalística, formadora de opinião e os tomadores de decisões da
esfera pública e privada. Para essa imensa maioria o Brasil está
passando por um momento de crise grave, porém sem maiores riscos,
onde uma utópica eleição em 2018 será a redenção de tudo e
todos, seja à esquerda, seja à direita. Cabe informar aos nobres
navegantes da nau chamada Brasil que o cenário atual não é tão
simples assim.
Para
algumas pessoas, essas firmemente apoiadas na leitura da realidade
(2), o Brasil já vive um momento de guerra híbrida (3), com tudo o
que isso carrega consigo, seja a desinformação (4), o assassinato
de reputações (5), ou meramente a calúnia, a alienação por meio
da mídia de massa e dos agentes revolucionários na educação (6).
Além
da guerra cultural, que havia chegado ao seu ápice pelos idos de
2013, quando a hegemonia gramsciana havia dominado praticamente todos
os meios de ação e do imaginário do país, a esquerda (7) tentou a
sua cartada final durante os devastadores protestos durante a Copa
das Confederações, onde, durante os distúrbios que agitaram as
massas ao ponto de ruptura, vieram com a solução para o problema
que eles próprios haviam criado: uma nova constituição feita não
por parlamentares eleitos, mas sim por membros dos coletivos
comunistas que já estavam à espera preparados para “acelerar as
mudanças” como o mote revolucionário prega (8). Tudo isso aliado
a um decreto que criava coletivos em várias partes da estrutura do
Estado e o projeto de desmilitarização (extinção) da PM (9).
Porém, esse movimento deu errado por um fator decisivo: a
superestrutura do país (10) ainda guardava as suas reservas intactas
e conseguiu, a muito custo e sangue derramado pela Polícia Militar
em um primeiro momento, paralisar e depois reverter o movimento
revolucionário. Logo em seguida os demais agentes da sociedade
começaram a fazer o mesmo, seja no legislativo, seja no judiciário
e, de maneira tímida, mas crescente, nas redes sociais e na
população em geral. O efeito em cadeia terminou por derrubar o
governo do Partido dos Trabalhadores (11) e, não sem um quase golpe
de Estado (12), paralisar e depois começar aos poucos a reverter o
processo socialista de deterioração de todo o tecido social
brasileiro. Hoje essa regeneração da nossa sociedade e das
instituições vive o seu melhor momento com a Operação Lava-Jato e
com milhares de iniciativas de resistência simultâneas em todos os
aspectos da complexa teia de interrelações que existe em qualquer
civilização.
Contudo,
vivemos em delicado momento dialético, onde a reação conservadora
cristã está mais forte e, ao mesmo tempo, onde ela corre o maior
risco. Com o avanço das frentes contrarrevolucionárias, seja na
literatura (13), na Igreja Católica (14), no ensino (15), no cinema
(16), na segurança pública (17), na economia (18), etc, o movimento
revolucionário perdeu a sua hegemonia e, com isso, passou a tirar a
sua máscara de bom mocismo histérico e passou a mostrar a sua
verdadeira face: um movimento organizado violento e criminoso que tem
por objetivo a revolução comunista, seja por meio da cultura, seja
por meio da revolução armada, seja pela junção dos dois.
O
que temos presenciado atualmente, fazendo referência novamente aos
distúrbios graves de 24 de maio, é exatamente isso. O movimento
comunista brasileiro reagrupando os seus recursos materiais e humanos
para agitar as massas e forçar uma ruptura do sistema com vistas a
uma “virada”. Isso deu certo na Rússia, na China, em Cuba, na
Venezuela e em dezenas de outros países, por isso, está sendo
tentado aqui e agora.
Esse
último plano de ação foi sendo preparado por pelo menos duas
décadas, já que o movimento revolucionário é, por natureza,
paramilitar, com um comando central e uma estratégia bem definida e
conhecida por todos do seu “Estado Maior”, que prevendo esse
cenário atual, cuidou de tomar medidas para uma ação
revolucionária tradicional. Esse é precisamente o cenário que
vivemos hoje, pois os “cabeças” socialistas sabem que a perda da
hegemonia cultural, que por sua vez desencadeou a perda da
legitimidade do discurso com a sua completa e total desmoralização
(19) é irreversível, e por isso fizeram uma opção clara pelo
“plano B”.
É
autoevidente que a grande apreensão de fuzis de assalto nos últimos
tempos tem uma relação direta com o cenário político atual. Basta
imaginar a quantidade de recursos de dinheiro, pessoas e esquemas que
é necessário para trazer, de uma só vez, centenas de armas de
guerra capazes de montar um pequeno exército. Cabe lembrar que para
cada carregamento que foi localizado e apreendido pelo menos outros
dez passaram sem serem detectados.
Os
revolucionários brasileiros, como bons marxistas leninistas que são,
sabem que precisam dos meios de ação para esse movimento de tudo ou
nada, no caso, pessoas e armas. Com os mais de 30 anos de ações da
militância cultural a esquerda pode contar com um número grande de
pessoas fanáticas e capazes de qualquer coisa pela ideologia,
além da coaptação de criminosos comuns, que fanatizados e com a
ação socialista de impunidade total no Brasil, se tornaram animais
prontos para guerra. Quanto aos recursos financeiros a esquerda
também os possui, basta contabilizar a soma inacreditável de
dinheiro gasto para trazer pelo menos 40 mil pessoas de ônibus para
Brasília, com transporte e alimentação. A única questão,
guardada a sete chaves, são os possíveis depósitos de armas e
munições, que, por enquanto, não foram localizados ou denunciados.
Porém, como o tempo é fator decisivo para o movimento
revolucionário brasileiro, em breve saberemos se eles existem ou
não.
Quanto
a estratégia a ser empregada nesse cenário, será obedecido,
basicamente, o mini manual do guerrilheiro urbano de Carlos
Marighela, que já se mostrou útil nos ataques de maio de 2006 em
São Paulo, que praticamente paralisaram a maior metrópole da
América Latina e que tirou a vida de dezenas de policiais e agentes
públicos. As questões adjacentes são apenas de logística e
coordenação, que também já foram ensaiadas em 2013.
Mas
nem tudo é tão simples assim. O movimento revolucionário sabe
disso. Já amargou dezenas de fracassos antes, e que por isso
esperou, pacientemente, por quase 40 anos que o marxismo cultural
(20) enfraquecesse o tecido social brasileiro, em todas as frentes,
e, depois da chegada deles ao poder, aparelhasse o Estado,
concentrasse poder e informação para, em caso de problemas como os
atuais, tentar dar a cartada final.
Mesmo
com tanta preparação e abundância de recursos fracassaram
novamente. Agora tentam, desesperadamente, recuperar o espaço
perdido por meio das ações violentas, um golpe de estado armado
nunca está fora do horizonte de ação da esquerda, por isso do
desarmamento civil levado a cabo a revelia da vontade da população,
e da imposição da política genocida da impunidade generalizada que
levou o Brasil a ter o índice de homicídios maior que o da guerra
na Síria.
Mas,
o risco é grande. E a esquerda sabe disso. As forças que frearam e
desmontaram o levante de 2013 estavam desorganizadas e sem entender o
processo revolucionário como um todo, e mesmo assim, venceram. O
mesmo ocorreu com o processo do impeachment da Presidente Dilma
Russev(21). Agora essas mesmas forças estão mais fortes do que
nunca, com alguma coordenação, e com visão da estratégia e das
táticas da esquerda. Isso para o movimento revolucionário pode ser
fatal. Pois para se expandir e se fortalecer esse movimento precisa
se alimentar da sua invisibilidade (22).
Com
a queda do manto de invisibilidade do movimento comunista brasileiro
só restam duas alternativas: recomeçar tudo do zero, fazendo uma
nova mea culpa, e criando uma nova linha de ação de reconquista dos
espaços perdidos, ou a luta armada do tudo ou nada. A primeira opção
vai demorar décadas e com a desmoralização total das ideias
socialistas no Brasil atual, pode ser que não alcance o sucesso. A
segunda opção, a luta armada total, carrega consigo um risco,
mortal, de fracasso, que pode, dependendo das proporções usadas,
simplesmente dizimar o movimento inteiro. E para se formar um
militante comunista demora tempo e dinheiro, coisa que o movimento
não pode se dar ao luxo de perder.
De
qualquer sorte, o momento atual é delicado, o mais delicado da
história da civilização brasileira, onde um povo que teve a sua
vida, pública e privada, devastada pelo socialismo em todas as suas
formas mais virulentas, tem que decidir qual o caminho a seguir: ou
termina de se socializar e marcha como gado para o matadouro da
ditadura comunista (23) ou, por meio de um doloroso processo, se
livra desse câncer antes que ele sofra uma metástase irreversível.
E o caminho para o Brasil se curar é longo e penoso, por meio da
restauração da família, da fé, do culto a Deus, do combate aos
vícios e corrupções pessoais, do estudo sério do pensamento, do
resgate das tradições e dos verdadeiros heróis brasileiros, do fim
da impunidade, da expulsão da doutrinação socialista das escolas e
universidades, do fim do estatuto do desarmamento, da completa
erradicação das empresas e organismos nacionais e internacionais
que por meio da mídia de massa trabalham pela destruição do nosso
país. Se esse caminho for seguido poderemos resgatar o que já foi,
um dia, um grande pais, e que pode, com muita luta e dedicação,
voltar a sê-lo. Porém, não podemos perder de vista o perigo de
morte que está ao nosso derredor, pronto para nos devorar caso
cochilemos.
Notas:
1-
Faço parte dos analistas do SECINDEF, Security, intelligence &
Defense. Para acessar o site clique AQUI. Para
ver o time internacional de consultores clique AQUI.
2-
A correta leitura da realidade é objetivo máximo de qualquer
analista. Para os que não conseguem em um grau alto existe a
classificação do professor Olavo de Carvalho para o caso: “paralaxe
cognitiva”.
3-
Para entender melhor o conceito de guerra híbrida leia o artigo do
DefesaNet:
4-
Conceito consolidado no livro “Desinformation” do Tenente General
do KGB Ihom Mihai Pacepa. Publicado em português com o título
“Desinformação” pela Vide Editorial.
5-
Conceito consolidado na série de livros “Assassinato de
reputações” de Romeu Tuma Júnior.
6-
Para a alienação das massas e sua doutrinação ou lavagem cerebral
por meio de estudos de PNL e de ocupação e perversão da educação
é importante ler o livro de Pascal Bernardin “Maquiavél
Pedagogo”.
7-
Antônio Gramsci foi um filósofo comunista italiano que praticamente
criou a estratégia de ocupação dos espaços culturais por agentes
revolucionários.
8-
Ficou famosa a foto da então presidente Dilma Rousseff no congresso
do Partido Comunista do Brasil onde, ao lado de gigantescas fotos de
Marx e Lênin, podia-se ler: “Avançar nas
mudanças“.
9-
Para entender melhor o projeto da esquerda quanto as PMs leia o
artigo:
10-
Superestrutura é um termo usado por Marx e depois por Gramsci para
definir todo o conjunto de valores e instituições que regem uma
sociedade e que deveriam ser mudados ou abolidos.
11-
O impeachment foi aprovado no Congresso Nacional dando fim a quase 14
anos de governo do PT no Brasil.
12-
Foi confirmado o caso em que a presidente Dilma Roussef, em um ato de
desespero, e às vésperas do impeachment, sondou os comandantes
militares para que apoiassem uma decretação de estado de defesa no
Brasil, o que seria, na prática, um golpe de estado.
13-
Na literatura cabe citar as obras do Professor Olavo de Carvalho (17
volumes), dos grandes autores nacionais e internacionais que estão
sendo reeditadas no Brasil, ou recebendo a sua primeira edição em
português, por mérito de novas editoras como a Vide
Editorial, Ecclesiae, Record, É Realizações, dentre outras,
além de grandes autores nacionais contemporâneos, como Rodrigo
Gurgel, Bené Barbosa, Flávio Quintela, etc.
14-
Na Igreja Católica o movimento de restauração das tradições e da
liturgia tem, juntamente com ações de resistência ao processo de
autodemolição interno, conseguido, pela primeira vez em 40 anos,
começar a paralisar o processo de deterioração, causado
principalmente por meio da Teologia da Libertação, e iniciar a uma
retomada da fé e dos valores católicos. Menção honrosa a
encíclica de Bento XVI Summorum Pontificum que permitiu a volta da
Missa Tradicional e do calendário Litúrgico de sempre.
15-
No ensino brasileiro o movimento contrarrevolucionário tem no
movimento criado pelo Procurador Miguel Nagib uma mola mestra, que
vem ao longo dos últimos anos, colhendo resultados importantes na
luta contra a doutrinação ideológica em sala de aula.
16-
No cinema e meios audiovisuais citemos as iniciativas do cineasta
Josias Teófilo, com a sua obra sobre o pensamento do professor Olavo
de Carvalho, “O jardim das aflições”, e a série de
documentários do “Brasil Paralelo”.
17-
No campo da segurança pública e modelo policial cabe ressaltar a
atuação decisiva, e muitas vezes única, da Revista Eletrônica
BlitzDigital, que tem, desde 2013, buscado, com análises de
colunistas comprometidos com a leitura apurada da realidade,
diagnosticar, mapear e propor soluções para a área mais importante
da vida dos brasileiros atualmente. Menção a série de artigos
sobre os modelos de polícia comparada, sobre as tais audiências de
custódia, o marxismo cultural dentro das polícias militares, a
epidemia de impunidade, sobre a desmilitarização da PM brasileira,
dentre outros assuntos vitais em um país com 60 mil homicídios por
ano. Por um bom tempo o Blitzdigital foi o único meio de comunicação
sem linha ideológica de esquerda no campo da segurança pública. Em
2015 o projeto se expandiu para um programa de rádio semanal na
Rádio Federal, o “BlitzDigital no Rádio”.
18-
Na economia temos excelentes iniciativas como a do Instituto Liberal,
do Instituto Von Misses, além de nomes de impacto nacional como o
Rodrigo Constantino, que advogam o Estado Mínimo, com máxima
eficiência e desburocratizado, além de um ambiente de negócios
saudável e competitivo.
19-
Cito, como exemplo máximo da desmoralização do status quo atual
brasileiro, a resposta do comediante Danilo Gentilli a notificação
da Procuradoria da Câmara dos Deputados, enviada em nome da Deputado
Federal do PT Maria do Rosário.
20-
Marxismo cultura é uma tática criada pela chamada “Escola de
Frankfurt”, que fazendo a junção das idéias de Antonio Gramsci e
da autores da época, como Marcuse, iniciaram o chamado movimento de
contracultura nos anos 60, que buscava a liberação dos impulsos
sexuais, das drogas alucinógenas e entorpecentes, a revolta contra a
Igreja, a família, a pátria, com vistas a enfraquecer os valores da
sociedade ocidental, preparando o terreno para a mudança para o
socialismo.
21-
Russev era o antigo sobrenome búlgaro do pai da ex presidente, que
era um comunista da Bulgária que veio para o Brasil nos anos 40.
Para ver a fonte clique AQUI. Uma
das grafias eslavas para o nome é Rusov, que significa “Russo“.
Ver fonte AQUI.
22-
Uma tática fundamental para o sucesso do movimento revolucionário é
a invisibilidade. Essa prática foi explicada de maneira fundamental
pelo capítulo 4 do Congresso Brasil Paralelo.
23-
O movimento comunista mundial foi responsável, somente no Século
XX, por mais de 100 milhões de mortos. Por isso que alguns afirmam
que o Dragão Vermelho, citado no livro profético Apocalipse das
Sagradas Escrituras, é o comunismo. Para saber mais leia o “Livro
Negro do Comunismo”, da Editora Bertrand do Brasil e “Cortar o
Mal pela Raiz”, da mesma editora, e ambos do mesmo autor, Stéphane
Courtois.
0 Comentários
Obrigado pela sugestão.