Por Marina Reis
Três em cada 10 mortes no
trânsito do Distrito Federal envolvem o consumo de álcool e drogas.
É o que mostra um recorte do Departamento de Trânsito do DF
(Detran-DF) de 2016. Exames toxicológicos feitos pelo Instituto
Médico Legal (IML) nas 391 vítimas que perderam a vida nas pistas
da capital do país no ano passado mostram que, em 114 delas, ou 29%,
havia a presença dessas substâncias no organismo.
Do total, 79 consumiram álcool,
sendo 26 pedestres, 14 motociclistas, oito passageiros e dois
ciclistas. Os dados servem de alerta para aqueles que ainda insistem
em beber antes de dirigir ou atravessar uma via.
Neste mês de junho, a Lei nº
11.705, a Lei Seca, completou nove anos. Desde que entrou em vigor, o
número de condutores dirigindo após o consumo de álcool cresceu,
segundo informações do Detran. Mas, para o órgão, o aumento se
deve também à intensa fiscalização nas vias que cortam a capital
do país.
De acordo com os dados divulgados
pela Diretoria de Policiamento e Fiscalização de Trânsito do
Detran, desde 2008, 93.152 condutores foram autuados por dirigir após
a ingestão de bebida alcoólica. Destes, 9.240 acabaram atrás das
grades, após serem flagrados pela fiscalização.
Redução
de mortes
Se
por um lado o número de flagrantes está maior, por outro, desde que
a lei entrou em vigor, houve uma redução de 37% no número de
mortes em acidentes envolvendo drogas e álcool.
Entre 20 de junho de 2016 e 11 de
junho de 2017, foram 314 mortos. No primeiro ano da Lei Seca, esse
número alcançou a triste marca de 500 óbitos.
Apesar da queda, a
frequência com que vidas são perdidas em função da combinação
perigosa de drogas, bebida alcoólica e volante ainda é preocupante.
Segundo Hartmut Günther, especialista em trânsito e professor da
Universidade de Brasília (UnB), não há motivos para comemorar.
“Neste
país, (os motoristas) ainda não aprenderam como as consequências
deste tipo de ato são graves e causam morte também de
inocentes. Enquanto não houver maior contingência a este
crime, os números de mortos ainda serão altos”, pontuou. O
especialista defende punições mais severas para os condutores que
infringem a Lei Seca.
Os hábitos exigem mudanças
contínuas. O diretor-geral do Detran-DF diz que a meta é
ousada, ou seja, a fiscalização trabalha para acabar com o número
de mortes no trânsito envolvendo o uso de álcool e drogas por meio
de um trabalho conjunto com outros órgãos e entidades.
A tarefa não será fácil, uma
vez que a reincidência é alta, e a sensação de impunidade segue
na mesma direção. Há casos de motoristas autuados mais de uma vez
em fiscalizações da Lei Seca. Segundo o diretor do Detran, o
planejamento atual é de que casos de dependentes químicos sejam
tratados de forma diferenciada. “A meta é que, nestes casos, as
pessoas sejam proibidas de dirigir. Mas são mudanças a longo prazo,
que também dependem do legislativo”, destacou Fonseca.
Punição
Somente
no último feriado prolongado, de Corpus Christi (15/6 a 19/6), 192
motoristas foram multados pelo Detran por dirigirem alcoolizados no
Distrito Federal. Um deles, inclusive, foi abordado duas vezes na
mesma noite pela fiscalização. Ao todo, os agentes apreenderam 162
veículos no período analisado.
A
multa por dirigir sob efeito de álcool e drogas é de R$
2.934,70, com inclusão de sete pontos na Carteira de Habilitação.
O motorista também fica impedido de conduzir automóveis por um ano,
mas a proibição só passa a valer quando não couber mais recurso.
Na maioria dos casos, os
motoristas se recusam a fazer o teste do bafômetro. Foi o que
ocorreu na tragédia que matou mãe e filho, em 30 de abril deste
ano, na L4 Sul. Envolvidos no acidente, o advogado Eraldo Pereira e o
sargento do Corpo de Bombeiros Noé Albuquerque não se submeteram
ao teste.
Na
delegacia, admitiram que beberam “uma latinha de cerveja”. Eles
se envolveram no acidente
que matou Ricardo
Cayres,
46 anos, e a mãe dele, Cleuza Cayres, 69. O laudo da Polícia Civil
mostra que o carro de Eraldo, um Jetta, estava a 110km/h,
muito acima dos 80km/h permitidos na via. A Polícia Civil ainda não
concluiu a investigação.
Fonte: Metrópoles
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