Por Saulo Batista
Os números divulgados na
pesquisa OpinaDF, do Instituto Brasileiro de Pesquisa e Análise de
Dados – IBPAD, mostram que, ao subestimarem o potencial competitivo
do atual governador, aqueles que aspiram sua cadeira podem estar
plantando a semente de sua própria derrota no ano que vem.
Ao se medir pelo clima mais
frequente nos bastidores, a corrida pelo Buriti estaria resumida a
uma disputa entre os pré-candidatos de oposição na busca por
definir quem será o algoz de Rodrigo Rollemberg, já considerado por
muitos como um “ex-governador em exercício”. Entretanto, os
números divulgados na pesquisa OpinaDF, do Instituto Brasileiro de
Pesquisa e Análise de Dados – IBPAD, mostram que, ao subestimarem
o potencial competitivo do atual governador, aqueles que aspiram sua
cadeira podem estar plantando a semente de sua própria derrota no
ano que vem.
Num cenário no qual o
governador sofre um nível de rejeição que em condições normais
inviabilizaria sua reeleição, mas também onde o principal grupo de
oposição hoje se encontra incapaz de representar uma alternativa
para 2018 em função das graves acusações que pesam contra seus
líderes no âmbito da Operação Drácon, temos um eleitorado órfão,
dos quais 91% ainda não sabe dizer em quem depositar seu voto de
confiança nas próximas eleições.
Daqueles que se utilizam
destes números para elaborar as estratégias que vem sendo seguidas
por alguns dos principais postulantes ao GDF temos ouvido que, de uma
pesquisa realizada com tanta antecedência, os dados mais relevantes
são os que dizem respeito à rejeição dos postulantes. Pois são
justamente estes que trazem um importante sinal de alerta para
aqueles que aspiram governar o DF a partir de 2019.
Segundo o levantamento, os
péssimos índices do governo Rodrigo Rollemberg – com aprovação
de apenas 9% e rejeitado por 61% dos entrevistados – são
comparáveis com os do governo do ainda presidente Michel Temer.
Apesar disso, quando ajustados os números para levar em consideração
apenas os eleitores que conhecem os pré-candidatos e se dispuseram a
avaliá-los, temos que a rejeição do governador, apesar de
altíssima, não destoa daqueles que hoje se imagina que serão os
protagonistas das eleições de 2018 no Distrito Federal.
Esse é um dado crucial pois
indica que, a não ser por uma mudança brusca e improvável no que
diz respeito à percepção em relação a algum dos que já estão
na disputa pelo Buriti ou o surgimento de um nome novo com maior
aceitação por parte do eleitorado, o desafio diante do qual se vêem
os que hoje buscam reduzir a rejeição de Rollemberg a ponto de
torná-lo competitivo pode não estar tão distante quanto gostariam
aqueles a quem interessa fazer crer que é intransponível.
Quem acompanha de perto as
articulações para 2018 sabe que o espaço para o surgimento de um
“nome novo” com apoio suficiente para se tornar competitivo é
pequeno e cada vez menor. O mais frequente posicionamento adotado
pelos políticos tradicionais, que controlam as burocracias
partidárias, tem sido o de que não abrem mão de ser eles próprios
os candidatos ao GDF.
Mesmo aqueles que gostariam
de ser vistos como “gestores”, e que se esforçam para serem
associados às qualidades que proporcionam uma alta popularidade ao
prefeito de São Paulo, são, na verdade, velhos conhecidos do
eleitor, representantes das mesmas oligarquias que dominam há
décadas a cena política do DF, que participaram como protagonistas
de governos marcados por desmandos e corrupção, e na sua imensa
maioria envolvidos, eles próprios, em denúncias de desvios
cometidos na condução da coisa pública.
A mecânica egocêntrica que
tem pautado os movimentos de alguns dos principais pré-candidatos
concorre para a construção de um cenário eleitoral que guarda
estreita semelhança com a disputa municipal de São Paulo em 2008,
quando a elevada impopularidade de Gilberto Kassab serviu de estímulo
para o lançamento de um grande número de candidaturas de políticos
tradicionais, como ex-prefeitos, igualmente mal avaliados e em sua
maioria sem chances reais.
Para os que se dispõem a
aprender as lições que a história tem a nos ensinar, fica a
lembrança de que nas pesquisas realizadas com antecedência de cerca
de um ano e meio da disputa na capital paulista, assim como hoje, a
desvantagem do então prefeito no confronto com um na época franco
favorito, que também contava com recall bastante elevado, era
estatisticamente a mesma que assola Rollemberg, quando considerada a
margem de erro das pesquisas, de 3% em ambas.
Os números do governador
Rodrigo Rollemberg são ruins, muito ruins, a ponto de apenas 16,4%
da população tê-lo mais em mais alta conta que Agnelo Queiroz
(PT), aquele que não conseguiu sequer chegar ao segundo turno em sua
sucessão e cujo nome se tornou junto ao eleitorado um sinônimo de
corrupção e incompetência. Entretanto, como são igualmente ruins
os índices de aceitação daqueles que até agora se apresentaram
para a disputa de 2018, temos que – no que diz respeito à sua
rejeição na comparação dos que hoje se colocam como seus
adversários – a situação de Rollemberg chega a ser menos
desfavorável hoje do que era e de Kassab em 2007.
O final desta história é
conhecido e serve de lição para alguns que hoje, na oposição,
diante dos números por ora desfavoráveis para o governo, se permite
menosprezar um adversário que de forma alguma irá vender barato
esta eventual vitória na disputa eleitoral que se aproxima.
A política não é uma
ciência exata e nem de longe é possível afirmar que as semelhanças
nos números e nas circunstâncias apontam para a reeleição do
governador. Pelo contrário, repetir em Brasília o que se viu em São
Paulo – tendo em vista, inclusive, a tradição do DF de não
reeleger seus governadores – exigirá de Rollemberg um nível de
habilidade que até agora seu governo não demonstrou em consolidar
uma relação mais harmoniosa com o legislativo e conduzir uma gestão
mais eficiente e melhor avaliada mesmo diante de uma de crise fiscal
com a qual o governo ainda não conseguiu lidar de forma adequada.
Entretanto, este resultado
precisa ser lido com muito cuidado também pelos candidatos de
oposição. Caso contrário, podemos nos ver diante da possibilidade
concreta de reeleição de Rollemberg menos pela capacidade de seu
governo em reverter seus altíssimos índices de rejeição e mais
pela incapacidade dos nomes até agora apresentados em se consolidar
como uma alternativa real para os insatisfeitos com os atuais rumos
do GDF.
Saulo Batista Especialista
em orçamento e políticas públicas, diretor de relações
governamentais da Associação Nacional do Transportador e dos
Usuários de Estradas, Rodovias e Ferrovias (ANTUERF) e
secretário-executivo da União Geral dos Trabalhadores (UGT).
Fonte: Portal NBN
1 Comentários
Concordo com você, e peço a Deus que ele ganhe novamente! Ele é realmente diferente! É honesto!
ResponderExcluirObrigado pela sugestão.