PSDB,
mesmo que não perca postos no Ministério, sai muito menor do
episódio
A
vitória de Michel Temer na Câmara ontem, com maior facilidade que o
melhor dos prognósticos ouvidos até a véspera, deve dar algum
fôlego para o governo tentar implementar uma agenda mínima que lhe
permita sair das cordas – sem, no entanto, melhorar a popularidade.
Da
mesma maneira, deverá deslocar o eixo de poder dentro da aliança
que dá suporte ao governo: o PSDB, mesmo que não perca postos no
Ministério, sai muito menor do episódio, e o DEM e partidos do
chamado Centrão ganham força.
Os
tucanos são, ao lado de Rodrigo Janot, os maiores derrotados com o
desfecho de ontem. O PSDB fez um papel ridículo desde a eclosão do
escândalo JBS. Primeiro, porque ele enredou seu presidente, Aécio
Neves (MG), de maneira tão cabal quanto o próprio Temer. A partir
daí o que se viu foi um partido incapaz de tomar qualquer decisão
minimamente coerente: sair ou ficar no governo, votar a favor ou
contra a denúncia eram questões que requeriam respostas “sim”
ou “não”, mas o PSDB não conseguiu balbuciar nem sequer um
“talvez”.
O
resultado do mico é que o PSDB se mostrou irrelevante para o
resultado. Nem conseguiu determinar a vitória de Temer nem seria
capaz de levar à sua derrota. Ainda que mantenha ministérios, a
sigla terá reduzida sua capacidade de influenciar a agenda do
governo e a articulação política para 2018.
No
outro lado do espectro, ganham peso no arranjo que sustentará o
impopular governo Temer o DEM – que chegou a ter 21 deputados na
travessia do deserto dos governos do PT e pode chegar a mais de 50 –
e os partidos do Centrão, que haviam ficado órfãos sem Eduardo
Cunha, mas foram adotados pelo presidente, à base de fisiologia.
Um
vencedor individual, além de Temer, é Rodrigo Maia. O presidente da
Câmara poderia ter ajudado a derrubar Temer, mas se mostrou leal e
ajudou a costurar a maioria na Câmara e o quórum. Com isso, se
credencia como fiador da reforma da Previdência possível (que deve
ser bastante desidratada) e como articulador para a sucessão de
2018.
Fonte:
O Estado de S.Paulo
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