Por Ana Dubeux
O
câncer é uma batalha da ciência, que desafia pesquisadores e
médicos, que cresce nas estatísticas, que assombra pessoas
diagnosticadas. Mas, antes de tudo, é uma guerra pessoal. Passa pela
negação, pela aceitação, pela superação. Quem vive esse
processo passa por uma transformação que envolve dor e, não raro,
sensação de desamparo, otimismo, pessimismo e posterior
crescimento. O tratamento é uma caminhada que cada um atravessa como
pode. Frequentemente, envolve descobertas personalíssimas. Assim
como eu, você já deve ter acompanhado ou conhecido pessoas que
descobrem uma força que não sabiam que tinham, um desejo de
espiritualidade às vezes recolhido ou uma fraqueza que as fazem mais
humildes perante a nossa curta existência por aqui. Na dor
compartilhada, acabamos nós próprios sendo privilegiados com lições
de vida de que não esquecemos.
Assim me senti ao conversar com a primeira-dama Márcia Rollemberg, que enfrenta com bravura um câncer de endométrio. Ela foi extremamente generosa ao compartilhar seu momento não apenas comigo e com Ana Maria Campos, colunista e editora de política local do Correio, mas também com nossos leitores e com a população de Brasília. Não seria Márcia uma coadjuvante em nenhuma situação, como não é na posição de primeira-dama.
Ela
faz acontecer no governo. Faz parte de sua história pessoal
analisar, mobilizar, negociar, gerenciar e agir. E nos passou a
impressão de atuar de forma semelhante diante da doença. Márcia
não pareceu forte; ela é. Sempre foi e permanece assim. Dessa
forma, sem esconder a dureza de sua luta, contou os momentos mais
difíceis do tratamento e os detalhes que poderia ter escondido para
não demonstrar qualquer aparente fragilidade. Na sua sinceridade,
mostrou quão humana é, sem preocupação com o cargo ou a posição
do marido, o governador Rodrigo Rollemberg. Falou da família, do
momento em que contou sobre o diagnóstico para a família, dos
efeitos da quimioterapia, do paladar que faltou e do cabelo que
rareou. Tudo isso faz parte e não precisava ser dito. Mas ela disse
e nos ajudou a compreender uma batalha que atinge a tantos.
Vivemos
num mundo em que empatia é pré-requisito para vivermos melhor. Só
conseguimos nos colocar no lugar do outro quando este outro
generosamente decide tornar pública sua dor. Com histórias como as
da Márcia, que me orgulho de ter contado, nos tornamos mais humanos
e relativizamos nossas próprias dores. Mas precisamos admitir que é
preciso, antes de tudo, coragem. Numa posição pública, é
necessário mais do que isso. Colocar-se num ambiente de exposição
em um momento difícil da vida, pelo qual ninguém está livre
de passar, não é fácil. Na verdade, é para os fortes; é para
Márcia. Grata a ela por compartilhar.
1 Comentários
Força Márcia Rollemberg pois te conheço a mais de 20 anos e sei o tanto que você é lutadora. Nós da Cultura hip hop estaremos horando por você pois sempre batalhou pra nós fortalecer.
ResponderExcluirObrigado pela sugestão.