Por Walder Galvão
Há ao menos duas semanas,
um incêndio subterrâneo incomoda moradores do Setor Royal, em Águas
Lindas de Goiás, município goiano distante cerca de 50 km do Plano
Piloto. A causa do fogo ainda não foi identificada pelas autoridades
locais e a área permanece isolada. Especialistas da Secretaria de
Meio Ambiente da região foram até lá coletar amostras para
identificar o motivo da queimada.
Na área do incêndio, é
possível ver a fumaça sair do solo. As árvores começaram a cair,
pois o fogo queima as raízes. O solo ficou fofo e quem pisa por ali
corre o risco de afundar e de se queimar gravemente. Moradores
relataram que ao menos duas vacas morreram. De acordo com a
Secretaria de Meio ambiente, o local pertence a um morador que ainda
não foi localizado.
O secretário responsável
pela pasta, Mauro Rodrigues, afirma que o fenômeno se trata de uma
combustão espontânea natural. Segundo ele, existem duas teorias
para explicar o incêndio: acúmulo de lixo no subsolo, que entrou em
combustão após sofrer decomposição; ou presença de carvão
mineral concentrado há milhões de anos.
"De acordo com nossos
analistas, a temperatura em baixo da terra está entre 100°C e
150°C. Estamos esperando as análises serem concluídas para
apontarmos as causas para tomarmos alguma ação", afirma. A
residência mais próxima fica a 400 metros de distância do local,
informa o secretário, e a área de queimada é de 600 m² a 700 m².
A professora do Departamento
de Ecologia da Universidade de Brasília (UnB) Isabel Belloni Schmidt
discorda que o fenômeno seja uma combustão espontânea. "Em
vegetação de cerrado, a temperatura precisa chegar a 350°C para
entrar em combustão, a não ser que tenha uma ignição, como uma
faísca ou o próprio fogo", explica.
Na avaliação dela, o
fenômeno é denominado fogo de tufa, comum em áreas que foram
drenadas. A especialista ressalta que a presença de poços
artesianos na região pode ter influenciado na queimada, já que
retira a água do lençol freático. "O lugar é de vereda ou
brejo, que geralmente são alagados. Com a extração de água dos
poços ou da irrigação, há a possibilidade de queimadas",
comenta.
Fonte: Correio Braziliense
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