Por Luciano Querati
Um
edifício de 24 andares desabou por volta das 2h20 da madrugada desta
terça-feira (1º) depois de pegar fogo no início da madrugada no
Largo do Paissandu, no centro de São Paulo. Um segundo prédio, do
outro lado da rua, acabou atingido pelas chamas durante o
desabamento. O fogo já foi extinto e as equipes dos bombeiros e não
corre risco de desabamento.
Os
bombeiros buscam, ao menos, três desaparecidos. Além disso, há
indícios de que uma pessoa teria morrido --seria um morador que era
socorrido pelos bombeiros por um cabo quando houve o desabamento.
Alguns
moradores foram retirados pelos bombeiros com intoxicação e outros
com pequenas escoriações pouco depois de o incêndio começar,
provavelmente no quinto andar. Os bombeiros ainda não confirmam a
origem do fogo.
O
governador do Estado, Márcio França, esteve no local por volta das
5h e disse que, após a contenção do fogo, cães farejadores serão
empregados na busca por sobreviventes em meio aos destroços. "É
uma tragédia anunciada. Tem muita estrutura metálica, muito lixo
que é jogado no fosso dos elevadores", disse França. "É
um prédio que não tem a mínima condição de moraria. A União não
podia ter deixado ocorrer essa ocupação."
Ocupação
com cerca de 50 famílias O prédio era uma antiga instalação da
Polícia Federal que estava desativada, e havia sido ocupada
irregularmente. Entre 50 a 100 pessoas, muitas delas crianças,
moravam até o 10º andar do prédio.
Entre
os desaparecidos está a mãe do mecânico desempregado Lucas Souza
Sampaio, 32. Eles moravam no terceiro andar do prédio que desabou. O
rapaz conta que, quando percebeu o fogo, subiu até o 6º andar para
ajudar a irmã, que está grávida e tem um filho pequeno.
Enquanto
eles desciam as escadas para sair, a parte interna do edifício
começou a ceder. Como o fogo era intenso, ele desceu sem socorrer a
mãe. "Já circulei por tudo aqui e não acho. Acho que ela não
conseguiu sair", diz.
A
maioria das pessoas estava dormindo quando começou o incêndio e
deixou o edifício com a roupa do corpo. "Perdi documento, perdi
roupa, perdi tudo. Só deu tempo de sair correndo e mais nada",
diz Marinalva Alves Lemos, 45, que morava na ocupação com o
companheiro, ambos desempregados.
Forte
barulho antes do desabamento
Testemunhas
disseram ter ouvido um estrondo muito alto. "Parecia uma bomba.
Quando olhei, já estava no chão", diz a cozinheira e
microempresária peruana Eva Vilma Sobero Pio, 57, que mora no prédio
ao lado do que desabou e estava acordada no momento. "Só ouvi
vidros quebrando e muitos gritos, muita gente gritando, crianças, um
horror", conta.
Ela
confirma a informação de que o lixo era jogado nos fossos dos
elevadores, que não funcionam. "Minha filha e eu já ligamos
várias vezes na prefeitura para pedir providências, porque é muita
sujeira, muito lixo", diz Eva Vilma.
Atendimento
aos desabrigados.
Por
volta das 4h15, homens da Defesa Civil começaram a reunir os
moradores para um cadastramento prévio das famílias, para
identificar a melhor forma de oferecer ajuda e abrigo. Pouco antes,
um grupo de moradores cogitou passar a noite em outro prédio
ocupado, no bairro de Santa Cecília.
Segundo
Cesar Hernandes, coordenador do setor de emergências da Secretaria
Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social da prefeitura,
serão fornecidos cobertores e colchões para os moradores dos dois
prédios que tiverem como se hospedar em casas de parentes ou
conhecidos. Aqueles que não tiverem para onde ir devem ser
encaminhados para centros de acolhida da região.
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