Por
Fred Lima
Faltando
quatro dias para os brasilienses irem às urnas escolher o próximo
governador do Distrito Federal, o candidato do MDB, Ibaneis Rocha,
optou por uma agenda mais tranquila na reta final. Com 50% de
diferença dos votos válidos em comparação com o atual governador
Rodrigo Rollemberg (PSB), de acordo com a últimapesquisa Ibope
divulgada, o ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil Seccional
DF (OAB-DF) resolveu não participar mais dos debates que estavam
programados em rádios e emissoras de tevê, alegando que o
adversário baixou o nível nos últimos dias de campanha.
Em
entrevista concedida ao Blog do Fred Lima parceiro do Bombeiros DF,
Ibaneis fala sobre a disseminação de fake
news envolvendo
o seu nome. Além disso, o advogado revela como será a relação de
seu provável governo com a Câmara Legislativa do DF, com os
parlamentares do DF no Congresso e com a imprensa local. Confira:
O
senhor começou a campanha de primeiro turno pontuando 2% nas
pesquisas e teve um crescimento espetacular na reta final. Qual foi a
fórmula ascendente utilizada para se tornar o franco favorito na
eleição?
Desde
o início, acreditei que a população do DF queria uma proposta
nova. Por já conhecer bastante os problemas da cidade e gostar de
trabalhar, saí às ruas para ouvir o povo e levar o meu projeto de
recuperação da capital. Isso foi aceito pela população e acho que
a minha origem nordestina contribuiu, pois Brasília é uma cidade
que tem essa origem, e o povo nordestino está em todas as regiões
do país. Cheguei até aqui trabalhando bastante.
Após
o resultado da votação, o senhor afirmou que não queria o apoio da
turma do passado. Estava se referindo ao deputado federal Alberto
Fraga (DEM-DF) e a ex-deputada distrital Eliana Pedrosa (Pros)?
Na
condição de ‘outsider’ da política, poderia ter aberto mão de
todos os apoios e mesmo assim teria certeza que estaria bem nas
pesquisas. Porém, repensei e percebi que Brasília vem vivendo de
muita divisão. As últimas eleições fez com que a cidade
permanecesse dividida. Vejo uma oportunidade impar de unir todo o DF.
Temos deputados distritais, federais e senadores eleitos pelas mais
diversas agremiações partidárias. Vou necessitar do apoio de todos
eles para organizar a cidade. Fiz um ato de responsabilidade no
momento em que recebi esses apoios. As exigências que coloquei para
recebê-los foram bem compreendidas. Ninguém veio me pedir cargos. O
compromisso é de que todos vão participar da transição, trazendo
os seus melhores técnicos. Serão nomeados aqueles que conseguirem
se destacar durante esse processo. O ex-distrital Alírio Neto (PTB),
por exemplo, propôs um projeto interessante de criação de um
centro de reabilitação de pessoas com deficiência, algo que pode
ser bom para a cidade, que estava no programa de governo deles e que
assimilei ao nosso.
Já
decidiu quem apoiará ao Palácio do Planalto?
Ainda
não. Quase todos os meus eleitores estão com o Jair Bolsonaro
(PSL). A minha intenção é a de que o DF não seja dividido. Quero
continuar um pouco afastado dessa discussão porque preciso unir a
cidade em torno da valorização das pessoas e da vida.
Se
por acaso o presidenciável Bolsonaro for eleito presidente da
República, como será a sua relação com o novo presidente, caso
vença?
Será
perfeita. Não tenho nenhuma dúvida disso. Ele é um homem do
parlamento, casado com uma moradora do DF. Ele tem residência aqui
como deputado federal. Tenho certeza de que ele tem carinho pela
nossa cidade e nos ajudará a solucionar os problemas existentes. Se
eleitos, teremos um excelente relacionamento.
A
crítica que muitos fazem ao atual governador é a de que ele deixou
de dialogar com diversos setores da sociedade. O então candidato
Rogério Rosso (PSD), que te apoia, disse que se fosse eleito
governador iria cobrar que todos os secretários saíssem de seus
respectivos gabinetes e despachassem nas ruas. O senhor incorporou a
proposta em seu programa de governo?
Essa
proposta não foi incorporada. Espero que os secretários estejam
abertos com a sociedade, dialogando e trazendo resultados. Isso pode
ser feito de dentro do gabinete. Não necessita ser o tempo todo nas
ruas. Gestão também se faz de dentro do gabinete. Tenho convicção
da maneira como isso vai ser feito. Saberei delegar, entregar os
instrumentos e cobrar resultados de todo o secretariado.
O
senhor tem sempre elogiado nos debates a cobertura da imprensa nas
eleições. Como será a relação de um provável governo Ibaneis
Rocha com a mídia local?
Vai
ser excelente. Venho de uma instituição que é a OAB, que sempre
trabalhou de braços dados com a imprensa nos momentos mais difíceis
da sociedade brasileira. Tenho certeza que nosso diálogo vai ser
sensacional. Sou aberto à crítica construtiva, que ajuda a crescer.
A imprensa do DF é responsável. O relacionamento será maravilhoso.
Alguns
parlamentares da bancada do DF no Congresso Nacional reclamam do
relacionamento distante do atual governador com o grupo. Adotará uma
nova postura em favor do diálogo com os deputados federais e
senadores?
Sim,
com harmonia e independência, como manda a Constituição. Esse
relacionamento tem de ser bastante próximo. Os congressistas têm
acesso ao orçamento da União e poderão me ajudar junto aos
ministérios, trazendo recursos. Vai ser um relacionamento respeitoso
e produtivo.
Se
vencer a eleição, seu governo terá maioria na Câmara Legislativa.
Abolirá o “toma lá, dá cá” que sempre marcou as relações
entre o Executivo e Legislativo?
Isso
não engrandece nem ao deputado que recebe nem ao governo que dá.
Tem de ser uma relação transparente, em favor da sociedade. Teremos
a oportunidade de implementar um novo estilo de governar, dando
exemplo para todo o país.
O
ex-governador Joaquim Roriz venceu duas eleições ao Buriti pelo
MDB, seu partido. Um possível governo Ibaneis será parecido com o
jeito Roriz de governar?
O
Roriz produziu muito para a cidade, deixando dois legados
importantes: um olhar social profundo, cuidando dos mais
necessitados; e um olhar visionário, por exemplo, a construção de
Corumba IV e do Metrô. Acredito no estilo de governo dele. No
entanto, estamos em outros tempos. Precisamos modernizar o sistema de
gestão. Obter recursos não é mais fácil como naquela época.
Entretanto, não me falta vontade de realizar e atender as pessoas
mais pobres, trazendo um novo ciclo de desenvolvimento para Brasília.
Na
segunda-feira (22), o senhor desistiu de participar dos debates e
acionou a PF, o MPE e o TRE-DF pedindo aos órgãos que investiguem a
produção e disseminação de conteúdo falso que o relaciona ao
crime de pedofilia. Na sua opinião, quem está por trás disso?
Só
tenho um interessado em prejudicar a minha campanha. Não fui eu que
desisti dos debates, mas o governador que me fez abdicar por ter
parado de debater e partido para a agressão. Basta que assista ao
programa eleitoral, onde ele abandonou propostas e soluções para
melhorar os problemas da cidade. Não é por minha vontade, mas sim
para eliminar a possibilidade da população de ser enganada com
essas mentiras. Participei de todos os debates e entrevistas. Sempre
estive à disposição da imprensa. Agora, ele entrou em desespero,
produzindo coisas horríveis e nojentas. É deprimente ver uma pessoa
que tem tantos anos de vida pública partir para esse tipo de ataque.
Peço desculpas às emissoras de rádio e tevê, que se prepararam
para promover os debates, mas o governador baixou o nível.
Estamos
a quatro dias da eleição. Qual mensagem que o senhor quer deixar
para a população do Distrito Federal?
Primeiramente,
meu agradecimento ao povo brasiliense. Nunca imaginei que fosse tão
feliz nesses 70 dias de campanha. Chego ao final maior que quando
comecei, não pela quantidade de votos que posso receber, mas pela
pessoa que sairei dessa caminhada. Aprendi muito com pessoas
sofridas, além de ter ouvido categorias e empresários. Aprendi
bastante sobre o DF. Tenho certeza de que vou colaborar com a cidade.
Meu agradecimento a todos por esses dias de campanha. Vote 15 no
próximo domingo para mudarmos o rumo da capital!
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