Por Alexandre de Paula
O secretariado indicado pelo
futuro governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), mistura
profissionais de perfil técnico e sem vinculação política, com
representantes de partidos aliados e nomes ligados à gestão do
presidente Temer
A um mês e meio da posse do
governador eleito Ibaneis Rocha (MDB), 20 nomes que vão liderar o
alto escalão da nova gestão foram escolhidos. O emedebista, que
ocupa pela primeira vez um cargo eletivo, escolheu, um time com
perfil variado, composto, principalmente, por nomes técnicos e com
experiência nas áreas em que atuarão. Há também na equipe cinco
futuros secretários de Estado oriundos de ministérios do presidente
Michel Temer (MDB), correligionário do governador eleito. De olho em
uma boa relação com o governo federal, Ibaneis pretende ter em duas
das principais pastas, a de Segurança e de Saúde, nomes de
confiança do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL).
No segundo turno das eleições,
Ibaneis recebeu apoio de 20 siglas, além de nomes tradicionais da
política do DF. Poucos aliados aparecem no alto escalão do
emedebista, que deu preferência a parcerias formadas ainda no começo
da campanha. Ericka Filippelli (MDB), nora do ex-vice-governador
Tadeu Filippelli, chefiará a Secretaria da Mulher. Parte da base do
governador eleito, ela chegou a se candidatar a deputada distrital
neste ano, mas não foi eleita.
Ericka nega que o sogro tenha
mediado a nomeação. No dia seguinte ao segundo turno, Ibaneis
afirmou que Filippelli não teria um cargo em seu governo, mas que
gostava muito da nora dele. “Ela tem um bom trabalho. Já atua no
âmbito federal na área da mulher”. Ericka foi subsecretária de
Articulação Institucional e Ações Temáticas da Secretaria de
Políticas para Mulheres da gestão de Michel Temer.
O deputado federal Laerte Bessa
(PR), que rompeu com Alberto Fraga (DEM) na corrida ao Buriti para
apoiar Ibaneis, também chefiará uma pasta. Ele vai liderar o
Gabinete de Segurança Institucional (GSI), que será criado para
cuidar da segurança do governador e de toda a equipe. A escolha é
uma das mais polêmicas até o momento, pois colocará um
ex-integrante da Polícia Civil na chefia do órgão que substituirá
a Casa Militar.
No futuro secretariado de
Ibaneis, há também dois nomes que atuaram na campanha do
emedebista. O futuro secretário de Fazenda, André Clemente, foi o
coordenador do plano de governo de Ibaneis e o primeiro anunciado
para uma secretaria. Clemente atuou na chefia da pasta no governo
Rogério Rosso (PSD). Weligton Moraes, futuro secretário de
Comunicação, comandou a divulgação da campanha de Alberto Fraga
no primeiro turno, mas, com a derrota do democrata, voltou a
trabalhar com Ibaneis no segundo turno. Ele havia acompanhado o
advogado na pré-campanha.
Relação
O número de unidades da
Federação lideradas por governantes do MDB cairá de sete para três
a partir do próximo ano. Contando também com a saída de Michel
Temer do poder, a sigla passa a ter necessidade de realocar
lideranças importantes, e o Distrito Federal receberá alguns desses
nomes. A Secretaria de Justiça será chefiada pelo advogado Gustavo
Rocha, ministro dos Direitos Humanos e um dos aliados mais próximos
de Temer. O Meio Ambiente será liderado pelo filho do ex-presidente
da República José Sarney, o deputado federal Sarney Filho, que
atuou como ministro do Meio Ambiente na atual gestão. A Casa Civil
será chefiada pelo secretário executivo do Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Eumar Novacki.
De olho na relação com o
governo de Jair Bolsonaro, Ibaneis quis sinalização do futuro
presidente para escolher a liderança de pastas-chaves. O secretário
de Segurança será Anderson Torres, chefe de gabinete do deputado
federal Fernando Francischini (PSL-PR), parlamentar ligado ao
presidente eleito. “O deputado (Francischini) não disse que seria
uma indicação de Bolsonaro, mas classificou como alguém que o
agradaria. Como ele é homem de confiança do futuro presidente,
entendi o recado”, explicou Ibaneis. O futuro governador frisou
também que, por Brasília ser a sede do governo federal e abrigar
diversas autoridades, seria importante ter na liderança da Segurança
um nome que esteja em sintonia com o time da presidência.
O futuro secretário de Saúde
também deve ser escolhido com foco na manutenção de uma boa
relação com a União. Ibaneis visitou o Ministério da Saúde na
última terça-feira e afirma ter conseguido R$ 540 milhões oriundos
de verbas federais para reformas de hospitais. O futuro governador
destaca que não conseguirá resolver os problemas da saúde pública
somente com recursos do DF. Por isso, espera nomeação do ministro
da Saúde de Bolsonaro para alinhar a escolha de um nome.
Experiência
A maioria das indicações de
Ibaneis até o momento tem como principal justificativa o perfil
técnico. A Terracap é, até agora, a única estatal que continuará
com a mesma liderança, com Júlio Cesar Reis na presidência. Para a
Secretaria de Obras, o emedebista escolheu um nome vindo do setor —
Izídio Santos, ex-vice-presidente administrativo do Sindicato da
Indústria de Construção Civil (Sinduscon-DF).
Nas forças de segurança, os
líderes da Polícia Civil e Corpo de Bombeiros vieram de indicações
das corporações. Na Polícia Militar, o nome escolhido para o
comando-geral é o da coronel Sheyla Soares, responsável pela
atuação da corporação no Núcleo Bandeirante, Recanto das Emas e
Riacho Fundo 1 e 2. No Departamento de Trânsito do Distrito Federal
(Detran-DF), o escolhido é um agente de trânsito com cinco anos de
experiência no órgão, Fabrício Moura.
Como não está definido o
número de pastas da gestão de Ibaneis, ainda não se sabe quantos
nomes faltam para o primeiro escalão do governador eleito ser
fechado. Além das secretarias já existentes, Ibaneis pode criar
outras, como a da Pessoa Com Deficiência, dos Idosos, da
Transparência e da Governança. As negociações estão sendo feitas
no Centro Internacional de Convenções do Brasil (CICB), local que
sedia o governo de transição, onde o emedebista recebe aliados e
representantes de categorias profissionais.
Fonte: Correio Braziliense
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