O chanceler Ernesto Araújo
vem causando celeuma entre jornalistas, sobretudo pelo uso da palavra
"globalismo": sem pesquisar, jornalistas acham que é o
mesmo que globalização
Por Felipe G. Martins
Em decorrência da escolha do
Embaixador Ernesto Fraga Araújo para conduzir a política externa
brasileira no governo de Jair Bolsonaro, os jornalistas e
comentaristas políticos da grande mídia voltaram a protagonizar um
espetáculo de ignorância e incultura ao tentar analisar as
credenciais “anti-globalistas” do futuro ministro.
Confundindo globalismo com
globalização, fingiram enxergar — ou tentaram fabricar — um
suposto antagonismo entre Ernesto e Paulo Guedes, futuro Ministro da
Economia. Segundo as ilustradíssimas inteligências que povoam a
grande mídia, não há diferença entre o anti-globalismo e a
anti-globalização, embora estas duas posturas não sejam apenas
distintas como opostas uma à outra.
Para evitar que erros,
desinformações e bobagens dessa natureza se alastrem, partilho com
os leitores do Senso Incomum uma breve conceituação, fruto dos meus
estudos pessoais e parte de um projeto que não demorará a se tornar
um livro:
O globalismo é a ideologia que
preconiza a construção de um aparato burocrático — de alcance
global, centralizador e pouco transparente — capaz de controlar,
gerir e guiar os fluxos espontâneos da globalização de acordo com
certos projetos de poder.
Não há, portanto, nenhum
motivo plausível para confundir uma coisa com a outra.
A globalização econômica
consiste no fluxo global e espontâneo dos agentes econômicos que
não só não necessita da interferência de burocratas, como
funciona melhor na ausência de interferências burocráticas e é
prejudicado por elas.
O globalismo, por outro lado, é
a tentativa de instrumentalização político-ideológica da
globalização com a finalidade de promover uma transferência do
eixo de poder das nações para um corpo difuso de burocratas
cosmopolitas e apátridas, que respondem não às comunidades
nacionais, mas a um restrito conjunto de agentes de influência com
acesso privilegiado a esses burocratas — o que, no limite,
significa a substituição das democracias representativas por um
regime tecnocrático e pouco transparente, no qual o poder decisório
está concentrado nas mãos de alguns poucos privilegiados.
Ao que tudo indica, o Chanceler
Ernesto Fraga Araújo não terá apenas uma função diplomática,
mas também uma função pedagógica e de esclarecimento das nossas
elites sobre a centralidade do embate entre o soberanismo e o
globalismo na atual conjuntura global. Afinal, em que pese esse ser o
tema central dos debates nos EUA e na Europa, os cosmopolitas
provincianos da grandes mídia ainda vêem o tema com muito
estranhamento.
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