A reforma da Previdência se
encaminha para incluir militares, segundo a reportagem apurou. Um
número cada vez maior de membros do governo Jair Bolsonaro oriundos
das Forças Armadas tem expressado concordância com a proposta.
A via de convencimento tem sido
o mote "liderar pelo exemplo", frase cara a Bolsonaro
-aliás, citada pelo mandatário em seu primeiro discurso fora do
Brasil, durante o Fórum Econômico Mundial nesta terça-feira (22),
em Davos, na Suíça.
"Queremos governar pelo
exemplo e queremos que o mundo restabeleça a confiança que sempre
teve em nós", disse. Não se trataria apenas de retórica de
Bolsonaro.
Três pessoas da comitiva
relataram que, durante a viagem do Brasil para a Suíça, o
presidente, apesar do desconforto por usar uma bolsa intestinal,
recusou-se a se deitar na única cama do avião.
Se todos dormiriam em uma
poltrona, ele não poderia viajar com mais conforto, alegou. Um
comandante não abandona a sua tropa, tem de dar o exemplo, repetiu
ele.
O mesmo raciocínio estaria por
trás da inclusão de militares na reforma da Previdência. O tema
vem sendo discutido internamente no governo, mas também nessa área
não há detalhes, principalmente de qual seria o período de
transição para quem já está no serviço militar.
O presidente interino Hamilton
Mourão tem apoiado publicamente o aumento do tempo de permanência
na ativa de 30 para 35 anos.
Na segunda-feira (21), ele
defendeu também o recolhimento da contribuição de 11% sobre a
pensão recebida por viúvas de militares.
As duas iniciativas seriam
benéficas para o país, segundo o general e vice-presidente, para
quem seus pares não seriam refratários a elas. Para Mourão, são
necessárias regras de mudança para o novo regime de Previdência.
Nesta terça-feira, em Davos,
Bolsonaro disse que vai divulgar detalhes da reforma da Previdência
assim que se recuperar da cirurgia marcada para a próxima
segunda-feira (28). Ele vai retirar a bolsa.
Para o mandatário, segundo
interlocutores na comitiva presidencial, Paulo Guedes (Economia)
poderia dar as informações, mas o próprio ministro prefere um
anúncio com a presença do presidente.
Em reunião fechada com
presidentes de empresas, paralela à programação do Fórum,
Bolsonaro afirmou que pretende enviar a reforma em seguida ao
Congresso Nacional, segundo executivos de grandes companhias
presentes.
O encontro com cerca de 30
executivos foi realizado pouco após seu discurso. Estavam presentes
presidentes do Bank of America, Brian Moynihan, e o da Salesforce,
Mark Benioff –parte da plateia se frustrou com a ausência de
detalhes sobre a reforma da Previdência.
A reação dos executivos,
porém, foi descrita como "muito positiva" por esse
participante, embora tenham notado que o presidente ainda precisa
passar da palavra à ação.
O discurso na plenária do Fórum
também não empolgou investidores, justamente por não aprofundar
seus planos para as reformas consideradas cruciais para estimular a
retomada do crescimento econômico.
O economista-chefe da
consultoria IHS Markit, Nariman Behravesh, resumiu a sensação no
ar: "Minha primeira reação foi que o discurso era muito curto.
Nesses poucos minutos, ele deixou muito claro que adotaria uma agenda
pró-negócios, incluindo baixar a carga tributária, reduzir a
regulamentação e lidar com a corrupção", disse.
"Como muitos líderes
fizeram no passado, ele fez um aceno para que os líderes globais de
negócios invistam no Brasil.
Com informações da
Folhapress.
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