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NÃO, ESSES ÁUDIOS DA VEJA NÃO “PROVAM” PORCARIA NENHUMA


A Veja publicou áudios que supostamente mostrariam que Carlos e Jair Bolsonaro "mentiram" sobre Bebianno. Qualquer criança percebe que eles só CONFIRMAM o que Carlos afirmou.
Por Flavio Morgenstern
A ex-revista Veja publicou três áudios de WhatsAap do presidente endereçados a Gustavo Bebianno, o ministro-problema do governo Bolsonaro, que já estava para ser chutado do governo há tempos. Segundo a ex-revista, seriam “Os áudios que desmentem o presidente” (sic), já que Carlos Bolsonaro negou que o pai teria conversado com Gustavo Bebianno para tratar do assunto citado pelo jornal O Globo e replicado por O Antagonista, a saber, uma suposta candidata “laranja” do PSL que, pela ótica da mídia, seria um escândalo de proporções pasadenescas.
Repetindo: Carlos Bolsonaro, que pode até escrever de uma maneira exagerada no Twitter, disse, citando ipsis litteris: Ontem estive 24h do dia ao lado do meu pai e afirmo: ‘É uma mentira absoluta de Gustavo Bebbiano que ontem teria falado 3 vezes com Jair Bolsonaro para tratar do assunto citado pelo Globo e retransmitido pelo Antagonista.’”

Ora, não é preciso ser um gênio da interpretação de texto (é mais fácil até do que entender “Eu não vou te estuprar” depois de ser chamado de estuprador) para ler, textualmente, ipsis litteris, sem edições: “É uma mentira absoluta de Gustavo Bebbiano que ontem teria falado 3 vezes com Jair Bolsonaro para tratar do assunto citado pelo Globo”. Ou seja, Carlos não nega que o pai tenha falado uma, duas, três, vinte, um milhão de vezes com Bebianno naquele dia, e sim que tenha tratado do assunto citado por O Globo.
O Globo colocou no mesmo parágrafo que se inicia com uma frase de Bebianno explicando um dos áudios (para justificar que não havia crise, pois “falou com o presidente”) um longo detalhamento sobre a questão da suposta “laranja”, Maria de Lourdes Paixão, candidata a deputada federal de Pernambuco que recebeu R$ 400 mil do fundo partidário e sagrou-se com apenas 274 votos. Ou seja, O Globo, sem separar os assuntos, deu a entender a seus leitores que não haveria crise entre Bebianno e Bolsonaro porque ambos teriam tratado do assunto da deputada.
O Globo ainda reforça o tema citando Bebianno:
Não tenho nenhuma responsabilidade sobre isso. A executiva nacional tem o dever de garantir que os recursos sejam distribuídos, mas é o diretório estadual  que determina quem vai receber os valores — disse o ministro.
Bebianno afirmou que o deputado federal Luciano Bivar (PE), atual presidente do PSL e cujo grupo comanda a legenda em Pernambuco, é quem deve responder sobre Maria de Lourdes. Bivar a teria indicado para receber os recursos.
E a digressão sobre o assunto “candidata Maria de Lourdes” segue por ainda mais dois parágrafos.
Apesar de acertar o primeiro assunto dos áudios de Zap agora vazados para O Globo por uma fonte misteriosa que ninguém sabe quem é e certamente não é o Bebianno e muito menos justificaria a sua demissão pela ótica da mídia que sabia de tudo o que acontecia com Bebianno por revelação divina, a revelação dos três áudios de Bolsonaro pela Veja não desmente, e sim confirma o que diz Carlos Bolsonaro: nenhum deles tratou do tema citado por O Globo (ainda que, ao contrário do que pensou Carlos, O Antagonista não tenha citado junto o trecho sobre a suposta “laranja”).
É claro, é uma questão de vestibular de nível médio, nada difícil: o trecho confirma ou refuta o que foi dito? Dificilmente seria a questão mais complexa da prova. Uma leitura que nem precisa ser lenta demonstra isso (e a miríade de respostas em cada tweet da grande mídia, que repetiu em uníssono a aleivosia de que “os áudios provam que o presidente mentiu”, respondendo que não desmentiu porcaria nenhuma, o comprova).

     O Globo tentou fazer a associação com a questão da suposta “laranja”. Carlos, que certamente ouviu os áudios, fez questão de mostrar que o assunto não foi esse (ou por que teria dito que o pai não conversou com Bebianno sobre… uma viagem no Pará?). A mídia, mais uma vez, se mostra mentirosa.
Diga-se ainda que a questão da candidata Maria de Lourdes Paixão, ainda que quase ninguém confie no PSL (nem mesmo o enxame de candidatos e deputados que entupiu o próprio partido recentemente), só é um escândalo para a legislação, e não para ela própria: se há um fundo partidário a ser usado, e uma nova lei que exige que parte dele seja usado com candidatas mulheres, e a candidata foi incompetente para ganhar votos, significa não que ela é necessariamente uma corrupta, e sim que tanto o fundo partidário quanto as cotas para mulheres precisam acabar imediatamente.
Diga-se ademais que o áudio de Bolsonaro falando da viagem ao Pará dá uma bronca em Bebianno porque o presidente não queria fazer uma viagem que passaria a imagem de que inauguraria uma obra, o que não poderia realizar. Ou seja, neste caso, não quis ser populista, não quis ganhar louros com o povo sem entregar algo em troca. O contrário de Lula e Dilma, que chegaram a inaugurar Universidades vazias, ou a mesma obra de transposição do São Francisco duas vezes em 10 dias.
Neste ritmo, o povo começa a sopesar e percebe que jornalistas andam mentindo mais do que políticos. E olha que falamos do Brasil.
Fonte: Senso Incomum

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