Espaço
infantil na SQS 313 foi o primeiro a receber intervenção de uma
pessoa física dentro do programa GDF.
O
parquinho infantil da Superquadra Sul 313 está de cara nova. A areia
branca, o alambrado recém-instalado e a estrutura de madeira
plástica, resistente e sustentável, fazem parte do espaço
revitalizado para a alegria das crianças. A mudança aconteceu
graças à comunidade, que se uniu e integrou o programa Adote Uma
Praça, que promove parcerias para manutenção e recuperação de
espaços públicos da capital federal.
A parceria está em nome da
arquiteta Juliana Abrahão, de 34 anos, mãe do Arthur, três anos e
do Lucas, um. Ela assumiu o projeto e consta como titular da
cooperação com a Administração Regional do Plano Piloto, mas a
reforma contou com participação de toda comunidade, que arrecadou
dinheiro e fez reuniões para definir o que seria feito. Na 313 não
há prefeitura ou associação com pessoas jurídicas ativas, o que
não impede adesão ao projeto.
Tudo começou quando a advogada
Patrícia Araújo, 37 anos, engravidou do pequeno Lorenzo – hoje
com um mês de vida – e percebeu que o parquinho da quadra não
tinha condições seguras para crianças. “A madeira dos brinquedos
estava apodrecendo e cheia de cupim, a cerca estava destruída, no
chão, tinha ferro retorcido e com pontas expostas. Era perigoso
mesmo”, lembra.
Em
janeiro, ela instalou uma faixa pedindo ajuda para a reforma e logo
recebeu mensagens de interessados: todos queriam uma solução para o
problema. Com um representante de cada bloco, mais de R$ 20 mil foram
arrecadados entre os moradores até meados de abril, com campanhas de
“desenhaço” e “musicaço”. Para a intervenção, era
necessária permissão do governo.
Na administração regional, a
arquiteta Juliana Abrahão conheceu o programa, assinou a parceria,
elaborou o projeto e conseguiu autorização para instalação. “O
decreto do Adote Uma Praça tem uma série de exigências, então era
preciso ter uma responsabilidade técnica, o que assumi”, conta.
Houve um estudo para seleção
do material, que não solta farpas nem apodrece, para garantir
durabilidade e segurança. O poder público arcou com a mão de obra
para colocar o alambrado, limpou a área cortou a grama, realocou
bancos e lixeiras, e levou areia branca para o espaço. “Essa
parceria foi essencial porque não teríamos conseguido sozinhos”,
revela a arquiteta.
Agora, as crianças podem
aproveitar o espaço em segurança. Patrícia, que deu início ao
projeto, diz que a atitude gerou bons frutos. “Até o senso de
comunidade aflorou em todo mundo. Os vizinhos começaram a se
conhecer. Os pequenos, então, têm como se divertir e ficar longe de
tanta tecnologia”, destaca.
Juliana, por sua vez, é só
orgulho. “Por mais que seja público, que venha gente de outros
lugares, há sensação de pertencimento, para zelar e cuidar.
Dá muito trabalho, mas com certeza vale a pena. Foi tudo pelas
crianças”, assegura.
Pertencimento,
cuidado e qualidade de vida
Administradora Regional do Plano
Piloto, Ilka Teodoro confirmou a má situação que estava o
parquinho da 313 Sul. “Assim como outros espaços públicos, ele
estava há muitos anos sem receber qualquer tipo de manutenção.
Neste ano, começamos um trabalho do zero e estamos atuando para que
seja melhorado. O Adote Uma Praça vem como mecanismo de recuperação
com participação da comunidade”, diz.
Para
ela, a união de forças do governo com a sociedade garante que os
equipamentos públicos sejam adotados, cuidados e efetivamente
usados. “Sabemos, inclusive, que a ocupação está diretamente
relacionada à questão de segurança”, observa. O órgão tem
recebido moradores interessados em intervir em outras áreas.
Secretário de Projetos
Especiais, Everardo Gueiros valoriza a parceria entre os moradores da
quadra para melhorar a qualidade de vida. “O parquinho se tornou
vetor de um congraçamento”, exalta.
Para ele, a ação parte do
reconhecimento da dificuldade do Estado em conseguir fazer tudo. “Em
vez de simplesmente olhar o governo executar, as pessoas entendem que
a coisa pública é pública e permite que tomem posse, com
sentimento de pertencimento, do que é da sociedade”.
“O
projeto, quando concebido, tinha objetivo de desburocratizar o
processo e dar segurança às pessoas. Como o instrumento é público,
as pessoas ficam sem saber como fazer algo dentro da legalidade.
Então, a regulamentação mais simples possível ajuda para que
qualquer um possa aderir sem enfrentar problemas”, afirma Gueiros.
O
Adote uma Praça
O programa é uma iniciativa do
GDF criada para promover parcerias entre empresários e moradores,
com vistas à manutenção e recuperação desses locais. Embora o
nome Adote uma Praça, a ação contempla uma opção variada de
logradouros, como jardins, estacionamentos, balões rodoviários,
pontos turísticos, parques infantis e Pontos de Encontro Comunitário
(PECs).
O
Adote uma Praça foi oficializado por meio do Decreto 39.690, que
regulamenta a Lei nº 448, de 19 de maio de 1993, referente à adoção
de praças, jardins públicos e balões rodoviários, por entidades e
empresas. Até agora, 30 logradouros públicos foram incluídos no
programa, sendo que a metade já teve parcerias assinadas e a outra
está em análise.
O programa permite que pessoas
físicas e jurídicas firmem termo de cooperação para demonstrar
que adotaram um espaço público e ajudem na manutenção de áreas
verdes da capital. Um dos objetivos é estimular a cooperação entre
governo e moradores das áreas próximas, assim como empresários de
pequeno e médio porte, além de indústrias, ampliando a cidadania e
preservação desses espaços.
Fonte:
Agência Brasília
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