Novo centro de pesquisas vai contar com 17 laboratórios
O vice-presidente Hamilton Mourão embarca nesta segunda-feira (13)
com destino à Antártica, onde será o principal representante do
governo brasileiro na reinauguração da Estação Comandante Ferraz,
base de pesquisa do país no continente.
O novo prédio, que fica na ilha Rei George, na Bahia do Almirantado,
está sendo erguido ao lado da atual base, que tem estrutura
provisória. A inauguração oficial será na terça-feira (14).
A Estação Comandante Ferraz foi criada em 1984, mas em 2012 sofreu
um incêndio de grande proporções. Na ocasião, dois militares
morreram e 70% das suas instalações foram perdidas. O governo
federal investiu cerca de US$ 100 milhões na obra, e a unidade
recebeu os equipamentos mais avançados do mundo. No local,
pesquisadores vão realizar estudos nas áreas de biologia,
oceanografia, glaciologia, meteorologia e antropologia.
"[A estação] vai dar melhores condições de trabalho
aos nossos pesquisadores, vai manter nossa presença no trabalho que
está sendo feito pela comunidade científica internacional, de
buscar respostas e avanços no conhecimento, na tecnologia, outras
áreas que são pesquisadas lá. Ao mesmo tempo, permite que a
Marinha faça um adestramento em termos de logística, em termos de
deslocamento em águas, que não são tão tranquilas assim. Nós, do
governo Bolsonaro, vemos com extrema satisfação este momento de
reinaugurarmos a Estação Comandante Ferraz e darmos uma nova
roupagem ao trabalho de pesquisa que está sendo realizado lá",
afirmou o vice-presidente, em entrevista
exclusiva à Empresa Brasil de
Comunicação (EBC).
Para chegar à Antártica, a comitiva do vice-presidente embarca em
Brasília e faz uma primeira parada na cidade de Punta Arenas,
extremo sul do Chile. De lá, embarcam novamente, desta vez em um
avião Hércules C-130 da Força Aérea Brasileira (FAB), único tipo
de aeronave usada para chegar ao continente gelado, já que é mais
preparada para pousos e decolagens nas pistas do local. O voo de
Punta Arenas até a Antártica dura cerca de três horas. A
aterrissagem ocorre nas proximidades da estação chilena. De lá, o
vice-presidente e assessores seguem de helicóptero até a estação
brasileira. A previsão é que o vice-presidente durma na Antártica
na noite do dia 14 e retorne no dia seguinte a Punta Arenas, para
então retornar ao Brasil.
Inicialmente, a previsão era que o presidente Jair Bolsonaro
participasse da reinauguração da Estação Antártica Comandante
Ferraz, mas, por recomendações médicas, o chefe do Executivo
desistiu da viagem e delegou a ida ao vice-presidente.
Estação Antártica
Ocupando uma área de 4,5 mil metros quadrados, a estação poderá
hospedar 64 pessoas, segundo a Marinha. O novo centro de pesquisas
vai contar com 17 laboratórios. Cientistas da Fiocruz, por exemplo,
estão entre os primeiros a trabalhar na nova estação,
desenvolvendo pesquisas na área de microbiologia, a partir da
análise de fungos que só existem na Antártica, e no poder
medicinal desses micro-organismos. A Agência Internacional de
Energia Atômica (Aeia) também já confirmou que vai desenvolver
projetos meteorológicos na base brasileira.
Para ficar acima da densa camada de neve que se forma no inverno, o
prédio recebeu uma estrutura elevada. Os pilares de sustentação
pesam até 70 toneladas e deixam o centro de pesquisa a mais de três
metros do solo. Os quartos da base, com duas camas e banheiros,
abrigarão pesquisadores e militares. A estação também tem uma
sala de vídeo, locais para reuniões, academia de ginástica,
cozinha e um ambulatório para emergências.
Em todas as unidades da base foram instaladas portas corta-fogo e
colocados sensores de fumaça e alarmes de incêndio. Nas salas onde
ficam máquinas e geradores, as paredes são feitas de material
ultrarresistente. No caso de um incêndio, elas conseguem suportar o
fogo durante duas horas e não permitem que ele se espalhe por outros
locais antes da chegada do esquadrão anti-incêndio.
A estação tem ainda uma usina eólica que aproveita os ventos
antárticos. Placas para captar energia solar também foram
instaladas na base e vão gerar energia, principalmente no verão,
quando o sol na Antártica brilha mais de 20 horas por dia.
O projeto de reconstrução da estação é todo brasileiro e começou
a ser executado em 2017 pela empresa China Electronics Import and
Export Corporation, que venceu a licitação do governo. A companhia
de engenharia precisou dividir a obra em três etapas, porque entre
os meses de abril e outubro é impossível realizar qualquer
atividade externa na Antártica devido ao frio intenso, às
tempestades de neve e aos ventos fortes. Por causa disso, os chineses
construíram os módulos na China durante o inverno e transportaram
para a Antártica nos verões de 2017, 2018 e 2019, a fim de fazer a
instalação.
Fonte:Agência Brasil
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