Pela quinta vez seguida, o Banco
Central (BC) diminuiu os juros básicos da economia. Por unanimidade,
o Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu a taxa Selic para
4,25% ao ano, com corte de 0,25 ponto percentual. A decisão era
esperada pelos analistas financeiros, segundo a pesquisa Focus do
BC.
Em comunicado, o Banco Central
indicou que pretende interromper os cortes de juros. “O Copom
entende que o atual estágio do ciclo econômico recomenda cautela na
condução da política monetária. Considerando os efeitos defasados
do ciclo de afrouxamento iniciado em julho de 2019, o comitê vê
como adequada a interrupção do processo de flexibilização
monetária”, ressaltou o texto.
A nota também pediu a
manutenção das reformas estruturais da economia brasileira, de modo
a manter os juros em níveis baixos por muito tempo.
Com a decisão de hoje (5), a
Selic está no menor nível desde o início da série histórica do
Banco Central, em 1986. De outubro de 2012 a abril de 2013, a taxa
foi mantida em 7,25% ao ano e passou a ser reajustada gradualmente
até alcançar 14,25% ao ano em julho de 2015. Em outubro de 2016, o
Copom voltou a reduzir os juros básicos da economia até que a taxa
chegasse a 6,5% ao ano em março de 2018, só voltando a ser reduzida
em julho de 2019.
Inflação
A Selic é o principal
instrumento do Banco Central para manter sob controle a inflação
oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo
(IPCA). Em 2019, o indicador fechou em 4,31%, o maior resultado
anual desde 2016. A inflação foi impulsionada pela alta do dólar e
pelo preço da carne, mas continua abaixo do teto da meta. O IPCA de
janeiro será divulgado na próxima sexta-feira (7).
Para 2020, o Conselho Monetário
Nacional (CMN) estabeleceu meta de inflação de 4%, com margem de
tolerância de 1,5 ponto percentual. O IPCA, portanto, não poderá
superar 5,5% neste ano nem ficar abaixo de 2,5%. A meta para 2021 foi
fixada em 3,75%, também com intervalo de tolerância de 1,5 ponto
percentual.
No Relatório
de Inflação divulgado
no fim de dezembro pelo Banco Central, a autoridade monetária estima
que o IPCA continuará abaixo de 4% nos próximos anos,
atingindo 3,5% em 2020 e 3,4% em 2021 e 2022. De acordo com o
boletim Focus,
pesquisa semanal com instituições financeiras divulgada pelo BC, a
inflação oficial deverá fechar o ano em 3,4%, mesmo com a
alta recente do dólar e da carne.
Crédito mais barato
A redução da taxa Selic
estimula a economia porque juros menores barateiam o crédito e
incentivam a produção e o consumo em um cenário de baixa atividade
econômica. No último Relatório
de Inflação, o BC
projetava expansão da economia de 2,2% para este ano.
As estimativas estão em linha
com as do mercado. Segundo o boletim Focus,
os analistas econômicos preveem crescimento de 2,3% do
Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e serviços produzidos pelo
país) em 2020.
A taxa básica de juros é usada
nas negociações de títulos públicos no Sistema Especial de
Liquidação e Custódia (Selic) e serve de referência para as
demais taxas de juros da economia. Ao reajustá-la para cima, o Banco
Central segura o excesso de demanda que pressiona os preços, porque
juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Ao
reduzir os juros básicos, o Copom barateia o crédito e incentiva a
produção e o consumo, mas enfraquece o controle da inflação. Para
cortar a Selic, a autoridade monetária precisa estar segura de que
os preços estão sob controle e não correm risco de subir.
(Com informações, Agência
Brasil)
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