Em 1919, Rui Barbosa denunciava em um discurso histórico a decadência política do Brasil e o desprezo das elites pelo povo. Mais de um século depois, críticos afirmam que pouco mudou: agora, os holofotes recaem sobre os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), acusados de acumular fortunas e governar sem voto, numa espécie de “ditadura do Judiciário”.
As polêmicas mais recentes envolvem o presidente do STF, Luís Roberto Barroso, e o ministro Alexandre de Moraes. Reportagem do Metrópoles revelou que Barroso adquiriu, ainda em 2013, um apartamento de luxo em Miami avaliado em R$ 22 milhões, cuja manutenção anual ultrapassa R$ 270 mil. O ministro se recusou a esclarecer a origem dos recursos, o que alimentou críticas sobre falta de transparência. Já Alexandre de Moraes viu a empresa familiar Lex Instituto de Estudos Jurídicos entrar na mira da Lei Magnitsky, recebendo sanções dos EUA por suposta ligação com abusos de direitos humanos.
A ofensiva internacional contra Moraes foi oficializada pelo Departamento do Tesouro dos Estados Unidos, que o acusou de promover censura, detenções arbitrárias e perseguição política. O ministro foi apontado como responsável direto por processos envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro e opositores.
Ao mesmo tempo, episódios simbólicos inflamam a insatisfação popular. Em 2022, Barroso respondeu a um manifestante em Nova Iorque com a frase “Perdeu, mané!”, que se tornou símbolo do distanciamento entre o Supremo e a população. Já no Brasil, cidadãos como Débora Rodrigues dos Santos foram condenados a longas penas por protestos contra a Corte, reforçando a percepção de autoritarismo.
Esses fatos ganham força em um contexto social alarmante: segundo o IBGE, em 2024 havia 9,1 milhões de analfabetos absolutos no país, enquanto o Inaf mostrou que 29% da população adulta é analfabeta funcional. A crítica é direta: enquanto a elite do Judiciário ostenta patrimônio milionário, milhões de brasileiros continuam sem acesso a educação básica e dignidade.
Com mais de 59 processos de impeachment contra ministros parados no Senado, a tensão entre o povo e a cúpula do Judiciário só cresce. Para muitos, o Brasil vive hoje aquilo que Rui Barbosa já denunciava em 1919: um abismo entre o povo e seus dirigentes.

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