Houve
ao menos 4 ataques no mês - um deles fatal. Saiba como proceder.
Por Ana Clara
Em
menos de um mês, quatro ataques de abelhas foram registrados no DF –
o mais grave deles resultou em morte. Os casos somam-se às 54
ocorrências do ano atendidas pela rede pública. Apenas em 2018, o
Corpo de Bombeiros já fez 1,2 mil capturas desses insetos, entre
mais de 1,5 mil averiguações solicitadas pela população. Biólogo
alerta que é nesta época do ano em que as abelhas ficam mais
agressivas.
O
ataque mais recente ocorreu na manhã dessa segunda-feira, no Lago
Sul. Foi necessária ação do Corpo de Bombeiros e da Polícia
Militar para isolar o local e combater o enxame, localizado em um
poste de energia em frente ao shopping Gilberto Salomão.
Renan
Kugler, brigadista do centro de compras, foi uma das pessoas picadas.
Ele conta que as corporações foram acionadas às 6h40. A área foi
isolada para que os bombeiros pudessem exterminar o exame com veneno.
“Quem
estava no poder de alcance delas era atacado. Eu mesmo levei quatro
picadas, três na cabeça e uma na testa. Foi necessário um
esquadrão para contê-las”, relata. Ontem, ainda era possível ver
abelhas tanto no poste quanto a cerca de 20 metros de distância.
Segundo
Renan, outros brigadistas e militares foram atacados. “Um policial
foi parar no hospital. Muita gente levou ferroada. Elas estavam
atacando em até 30 metros de distância”, afirma. Diante da
situação no dia seguinte, ele acredito que será necessário novo
combate do Corpo de Bombeiros.
Agressividade
Durante
a época de seca, as abelhas têm muito mel estocado e por isso podem
ficar mais agressivas. É o que explica Antônio Aguiar, professor do
departamento de Zoologia da Universidade de Brasília (UnB). Ele diz
que as abelhas não atacam aleatoriamente: “Pode até ser que um
galho de uma árvore caia sobre um ninho e leve a uma perturbação,
e caso haja pessoas ou animais próximos, estes serão passíveis de
serem ferroados”.
Segundo
o especialista, os ataques não fazem parte de nenhum fenômeno. “É
somente pelo fato de as colmeias estarem inseridas no ambiente
urbano, como em telhados, bueiros, caixas de luz e postes. Qualquer
perturbação pode provocar um ataque, já que são colônias
grandes, geralmente com mais de 10 mil indivíduos”, ressalta.
Aguiar
explica que somente uma espécie de abelha faz este ataque com
ferroadas: a Apis mellifera. “É a espécie exótica, introduzida
da Europa e África. As espécies nativas não têm esse
comportamento”, compara.
Apesar
dos riscos, o professor destaca a importância desses insetos para o
ecossistema: “As abelhas são fundamentais para o ecossistema.
Cerca de 90% das plantas dependem delas para reprodução”. Sem as
abelhas, a ausência quase completa de frutos e sementes seria um
grande problema.
Fuga
De
acordo com o Corpo de Bombeiros, durante a estiagem é comum haver
queimadas no cerrado, fazendo com que os enxames sejam desabrigados.
Assim, ocorre a migração forçada para a área urbana.
Ao
longo de 2017, os bombeiros fizeram 173 averiguações de possíveis
riscos de ataques, e 3.386 capturas destes animais.
Nunca
tente retirar um enxame
O
Corpo de Bombeiros recomenda: “Sempre que presenciar um enxame, não
tente retirá-lo. Chame um apicultor para a retirada. Se as abelhas
estiverem causando danos às pessoas, chame os bombeiros”.
O
cidadão que encontrar um enxame em casa deve ligar para o 193 que
uma equipe do Corpo de Bombeiros fará uma avaliação. “Nunca
tente exterminar o enxame, pois a quantidade de abelhas que existe
dentro da colmeia é aproximadamente dez vezes maior do que as que
estão pelo lado de fora”, informa a corporação.
De
acordo com os bombeiros, o ataque de abelhas acontece em duas
situações. No processo de migração do enxame, as abelhas procuram
um local para instalação do novo ninho e por isso ficam muito
agressivas, pois tentam proteger a rainha. Outra circunstância
possível de um ataque é quando a colmeia está com muito mel e é
invadida por outros insetos ou por pessoas que tentam subtrair o
doce. Nesse caso, as abelhas ficam em estado de alerta constante.
Se
ocorrer um ataque durante o processo migratório, os bombeiros
recomendam que as vítimas procurem um local fechado para se abrigar.
“As pessoas não devem fazer movimentos bruscos ou se abanar com
roupas. Evite, também, matar as abelhas, pois toda vez que uma
abelha é morta ela libera feromônios que fazem com que outras
fiquem extremamente agressivas”, recomendam os militares. Se o
ataque ocorrer próximo à colmeia e ela estiver com muito alimento,
as pessoas devem se afastar. “Em geral, as abelhas que protegem a
colmeia não se distanciam muito dela”, informa a corporação.
Apicultura
Quando
os bombeiros são acionados para a averiguação e a equipe decide
pela retirada da colmeia do local, posteriormente contactam-se
apicultores a fim de conduzi-las a um apiário. “Já se a colmeia
estiver oferecendo risco e a captura for inviável, a equipe faz o
extermínio do enxame, sempre no período noturno, momento em que
todas as abelhas estarão na colmeia e quando elas estão menos
agressivas”, explica a corporação.
O
Corpo de Bombeiros completa dizendo que, para situações de
emergência, somente a corporação deve lidar com a situação.
Balanço
Atendimentos
médicos
Em
2018, foram registradas por parte da Secretaria de Saúde 54
ocorrências e um óbito proveniente de ataques de abelhas. Em 2017
ocorreram 63 ataques e um óbito. Já em 2016, foram 79 ataques e
nenhum óbito.
No
dia 2 de julho último, os insetos fizeram 18 cachorros de vítimas,
que morreram em virtude das ferroadas. Dias depois, uma idosa também
foi ferida. O caso mais grave ocorreu no dia 17 deste mês, quando um
homem que tentava remover uma colmeia de uma obra foi picado e
morreu.
A
secretaria orienta para que, em caso de picada, a vítima seja
encaminhada imediatamente a uma das emergências das Unidades de
Pronto Atendimento (UPAs) ou dos hospitais regionais.
Fonte: Jornal de Brasília
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