Por Carlos Freitas
Velhos caciques e políticos
oportunistas reagiram indignados às manifestações do dia 15.
Jornalistas profissionais estão indignados com o povo nas ruas
contra seus patrões
Desde que me conheço por gente,
desde a mais tenra idade, quando as melecas ainda ressecavam em torno
no nariz, sempre que o assunto era a política nacional, havia um
único consenso: o congresso era uma bela de uma porcaria. Os mais
revoltados chegavam a sonhar com um terrorista maluco que desse fim
naquela bandalheira. Ainda hoje, embora nos revoltemos com
facilidade, não percebemos que aquela gente só está lá porque nós
os colocamos lá.
Ou seja, o congresso nacional
nunca desfrutou de muita simpatia. Desde a redemocratização, uma
miríade de gente da pior estirpe invadiu a vida pública,
aproveitando-se de seus cargos para legislar em causa própria.
Surgia, de um lado, o velho fisiologismo político, responsável pela
manutenção do poder nas mãos dos mesmos de sempre; e, do outro, um
grupo que fazia muito barulho, com poses de feroz indignação, mas
que, quando assumiram o comando, foram muito piores que os antigos
donos do poder.
Os anseios do povo eram
negociados a portas fechadas: fatiava-se a grana polpuda e
liberava-se as migalhas. Boa parte dessa montanha de dinheiro era
distribuída entre a classe jornalística, os chamados “jornalistas
profissionais”.
Como ocorre no sistema nervoso,
muita festa cobra seu preço, e a máquina de poder começou a
falhar. A mídia tentou como pôde maquiar a bancarrota, dando-lhe
ares de crise periódica, mas não houve jeito. O povo percebeu a
falcatrua. As ruas foram tomadas por gente comum, que não recebia
lanche nem passagem de ida e volta pra casa. Pela primeira vez, gente
poderosa tremeu nas pregas.
Vieram as eleições: o
presidente mais alinhado à vontade popular saiu-se vitorioso. O
congresso deu uma chacoalhada. Velhas posições foram trocadas. Mas,
no Brasil, nada é o que parece. Muita gente eleita na cola do
Bolsonaro deu-lhe às costas. Admiraram-se das vantagens da velha
política, enamoraram-se do PODER. Ser formiguinha dá muito
trabalho, pensaram.
Desde janeiro de 2019, o
jornalismo profissional fez o que sabe fazer melhor: mentir,
dissimular, distorcer. A cada semana um fim do mundo. “Meu reino
por um furo.” Tudo foi destrinchado: desde com quem Bolsonaro
tomava água de coco no seu condomínio até a forma como ele segura
um talher. Nada! Para fúria e histeria dos profissionais da tinta, o
homem, embora desajeitado na linguagem e, por vezes, grosseiro no
trato, vem realizando um ótimo trabalho.
Seus ministros são firmes e
trabalhadores. Estão cumprindo a missão que lhes foi dada. Erros
eventuais acontecem, é claro. Discordâncias são benéficas. Ou
alguém acha que é Bolsonaro que vai transformar a alma enlameada do
brasileiro numa prataria brilhosa?
A indignação teatral
A esquerda é cínica demais
para apoiar boas práticas, e sabe que se Bolsonaro der sequência ao
bom trabalho, suas carreiras vão pro brejo; a isentolândia água
boricada tem o ego grande demais para ver o cenário real e só andam
preocupados em tosar a aparência para sair bem na foto.
Ambos colocaram seus times de
profissionais de mídia em ação. Sem a mesada roliça que o PT
entregava aos conglomerados de comunicação, restou aos qualificados
jornalistas, alianças com governos estaduais e velhos caciques da
política.
Vale até dar voz a Marina
Silva, a rainha dos desejos de Joel Pinheiro:
— O Antagonista (@o_antagonista) February 27, 2020
João Doria vem tramando a
ascensão de sua simpatia com muito afinco. Mas, para quem tem cara
de prato de decoração, só doses cavalares de publicidade podem
ajudar um pouco.
Sua funcionária, Vera
Magalhães, destrambelhou de vez e ataca qualquer pessoa que ouse
discordar de seus devaneios, ameaçando até com censura. Como na
crise do fim do mundo da semana passada envolvendo Patrícia Campos
Mello, Vera vem recebendo o apoio da sua classe extremamente
profissional. Acusa todo mundo, mas não pode ser acusada.
São ruins até para adjetivar.
Rodrigo Maia, o ídolo dos isentões, entre um brigadeirão e uma feijoada, também luta desesperadamente para trazer para si mais poder ainda. Sem nem se preocupar em ser simpático, Maia trama abertamente para validar seu parlamentarismo branco. São as bochechas rosadinhas mais perigosas do país.
Algum pio da imprensa? O
jornalismo profissional praticado nas esquinas vem consolidando sua
fama.
Agora atacam o presidente
alegando que ele teria compartilhado no WhatsApp (acho que é deja
vu, só pode) um vídeo em seu apoio. A alegação é que Bolsonaro
está corroborando uma manifestação contra o congresso. O vídeo, a
despeito da cafonice, é bem claro. Não há nenhuma menção ao
congresso nacional.
Pelas figuras que reagiram a
quimera de que ele quer o fechamento do congresso, só pelas contas
bancárias dos medalhões que compraram a narrativa da funcionária
de João Doria, temos noção do quanto a elite política do país se
sente ameaçada. Vale qualquer carta, mesmo que nem faça parte do
baralho.
A indignação popular que tenta se expressar em 15 de março não é contra o fato de existir um Congresso no Brasil. É contra o que os congressistas fazem ali dentro. O Parlamento tornou-se odioso para a maioria da população exclusivamente pelos atos cometidos por seus membros.— jrguzzo (@jrguzzofatos) February 27, 2020
Na ditadura, o presidente perseguia jornalistas que contavam piadas sobre presidentes. Na democracia, jornalistas perseguem o presidente que conta piadas sobre jornalistas.— Paulo A. Briguet (@PauloBriguet) February 19, 2020
Fonte: Senso Incomum
1 Comentários
Acorda Brasil! Acho que chegou a Hora de dar um Basta nesses Parlamentares Corruptos e Ladrões que por décadas vem Legislando pra Nação.Artigo 142 neles
ResponderExcluirObrigado pela sugestão.