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Mercosul não pode ficar alheio à situação de Essequibo, diz Lula

Por Amanda Péchy
Na abertura da cúpula do grupo, o presidente brasileiro afirmou que acompanha 'com preocupação' a disputa da Venezuela pelo território da Guiana
 O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) abriu, nesta quinta-feira, 7, a cúpula dos chefes de Estado do Mercosul, no Rio de Janeiro, que reúne Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. No discurso, o mandatário brasileiro, que passa hoje a liderança rotativa do grupo ao governo paraguaio, afirmou que acompanha “com preocupação” a situação que se desenrola na Guiana, após a Venezuela declarar que vai anexar sua região de Essequibo, e declarou que “o Mercosul não pode ficar alheio”. 
 Lula afirmou que a situação de Essequibo será um dos principais temas em pauta do encontro, ao lado do contexto internacional e papel do Mercosul, a adesão da Bolívia, o recém assinado acordo comercial com Singapura, e o acordo de livre-comércio com a União Europeia – que esperava-se ser assinado nesta quinta, mas as negociações se atrasaram de novo.
“Estamos acompanhando com crescente preocupação a questão do Essequibo. O Mercosul não pode ficar alheio ao tema. Sugiro que o companheiro presidente de turno da Celac possa tratar o tema com as duas partes: a Guiana e a Venezuela. O Brasil está a disposição para sediar quantas reuniões de negociação forem necessárias”, disse Lula. 
“Não queremos que isso contamine a integração nacional ou ameace a paz e a estabilidade. Se há uma coisa que não queremos na América do Sul é guerra e conflito. Temos que construir a paz para poder melhorar a vida das pessoas”, completou. 
União Europeia 
Sobre o acordo com a União Europeia, Lula prometeu explicar “o que aconteceu”, diante da alta expectativa de que ambas partes firmassem a parceria na cúpula desta quinta.
“Estou muito otimista e tenho como lema nunca desistir. Temos que continuar tentando fazer o acordo com a União Europeia”, defendeu. 
Segundo ele, esse tema faz parte da discussão sobre a essência do bloco comercial sul-americano. 
“Vamos ter que discutir que Mercosul nós queremos. De quando em quando, nós que somos passageiros nos cargos em que participamos, temos que discutir o que deixar de conquista, qual o legado vamos deixar”, afirmou. “Nem tudo o que a gente quer acontece do jeito que a gente quer, mas continuamos avançando.” 
Agenda verde 
O mandatário brasileiro também deu destaque à agenda climática, relembrando que o Brasil vai sediar a COP30 em 2025, e afirmou que os membros do Mercosul têm muito a contribuir com o debate internacional sobre o tema.
“O mundo se aproxima muito rapidamente de um cenário catastrófico. Há 30 anos, tratávamos a questão ambiental com certo desprezo. Era uma questão de acadêmicos. Agora, a natureza está chamando a nossa atenção. As coisas vão acontecer ainda mais rápido. Nunca imaginei ver os rios mais caudalosos do mundo secos, nem ver a quantidade de ciclones no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina”, frisou. 
“Somos do continente com a maior floresta tropical, abrigamos tremendas bacias hidrográficas. Temos muito a ensinar ao mundo em se tratando de discutir a transição energética”, defendeu Lula. 
Despedida 
O presidente também dedicou boa parte do início do seu discurso para homenagear e elogiar Alberto Fernández, seu amigo pessoal e líder da Argentina, que se despede das cúpulas do Mercosul e será substituído com a ascensão do novo governo do ultraliberal Javier Milei. 
“Ele certamente foi um dos grandes amigos do Brasil desde que me conheço por gente. Lamentavelmente, acho que mereceria melhor sorte, a economia merecia melhor sorte, mas aconteceu o infortúnio da pandemia e da seca”, refletiu Lula. “Fernández é um homem honesto e digno, que tinha como interesse a defesa do povo argentino. Por isso a sua despedida é triste, mas espero que continuemos com nossa relação de amizade”, afirmou, relembrando da visita que o argentino lhe fez quando estava preso na Polícia Federal.
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