O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi avisado com antecedência sobre a seca e o perigo de incêndios florestais no Brasil. Documentos como ofícios, notas técnicas, atas de reuniões e processos judiciais mostram que a administração tinha conhecimento da situação desde o início do ano. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
De acordo com o Estadão, o Ministério do Meio Ambiente afirmou que o governo se antecipou, mas que ninguém esperava eventos nas proporções atuais. A pasta de Marina Silva disse que não é possível controlar a situação se o “povo” continuar provocando incêndios.
O Brasil enfrenta a pior seca em 70 anos, desde que os registros começaram. A crise causa incêndios florestais, nuvens de fumaça, seca dos rios, dificuldades no atendimento a comunidades isoladas e problemas de saúde, especialmente respiratórios.
Na terça-feira 10, Lula visitou o Estado do Amazonas com ministros e anunciou a criação da Autoridade Climática. Ele prometeu liberar R$ 500 milhões para combater os efeitos da seca recorde na Amazônia.
Neste ano, 58% do território nacional foi afetado pela seca. Em cerca de um terço do país, o cenário é de seca severa, segundo o Centro Nacional de Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden), ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia.
Especialistas criticam a resposta do governo Lula aos incêndios
Especialistas ouvidos pelo Estadão afirmam que o governo petista deveria ter agido de forma mais rápida e enérgica para mitigar os efeitos da seca e os incêndios. Também criticaram a falta de ações mais firmes para prevenir queimadas criminosas. Dizem ainda que é preciso adotar medidas de prevenção permanentes, e não apenas reativas.
Na segunda-feira 9, a Casa Civil enviou ao jornal uma lista de ações que o governo adotou para enfrentar o problema das queimadas. Na noite desta quinta-feira, 12, o órgão classificou a situação como desafiadora e complexa, “com resultados negativos”. Mas disse que, se não fossem os esforços do governo federal, a crise seria muito pior.
Ações do governo Lula contra os incêndios
Desde fevereiro, o Ministério do Meio Ambiente publica portarias nas quais declara emergência ambiental e risco de incêndios em várias regiões do país.
Em março, o Supremo Tribunal Federal (STF) ordenou à União que elaborasse um plano de prevenção e combate a incêndios no Pantanal e na Amazônia. A Corte reconheceu avanços na política de proteção ambiental, mas apontou falhas estruturais na política de proteção ambiental da Amazônia e do Pantanal.
Pedido de ajuda do Amazonas ao governo Lula
Em 3 de abril, o governador do Amazonas, Wilson Lima (União Brasil), enviou ofício ao governo federal no qual solicitava ajuda para minimizar ou evitar os impactos decorrentes do “possível desastre”. Ele pedia aeronaves de combate ao fogo, veículos terrestres, militares da Força Nacional e sistemas de bomba d’água com painel solar para abastecer comunidades rurais.
Em março, a Defesa Civil do Estado alertou sobre o cenário preocupante da seca e a dificuldade para a navegação nos rios no segundo semestre, o que ocorre agora. Em 9 de setembro, quando Lula esteve no Amazonas, Lima enviou novo ofício para reiterar os pedidos. O Amazonas decretou emergência ambiental em 5 de julho.
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