Ex-líder da oposição, Carlos Jordy, revela que Motta pressionou líderes partidários a não assinarem pedido de urgência para o projeto, dificultando sua tramitação
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), está no centro de uma polêmica após ser acusado de agir para esvaziar o projeto de lei que prevê anistia a punições relacionadas a atos políticos. A denúncia foi feita pelo ex-líder da oposição, deputado Carlos Jordy (PL-RJ), em entrevista ao podcast Diário do Poder.
"Compromisso com a oposição, mas sabotagem nos bastidores"
Segundo Jordy, Motta teria se comprometido publicamente a não atrapalhar a tramitação do projeto em troca de apoio político na eleição para a presidência da Casa. No entanto, nos bastidores, o parlamentar paraibano teria pressionado líderes partidários a não assinarem o pedido de urgência para a votação da matéria.
— "Ele proibiu os líderes de assinarem. Tivemos que ir de deputado em deputado, um a um, para conseguir os apoios", denunciou Jordy.
Pressão "homem a homem" e até interferência do STF
Além da obstrução aos líderes, Jordy afirmou que Motta teria feito contato direto com parlamentares para convencê-los a não apoiar a urgência do projeto. O ex-líder da oposição também mencionou que ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) teriam exercido pressão contra a anistia, em um movimento semelhante ao visto em decisões monocráticas recentes.
— "Muita gente que ficou de fora está sendo cobrada. Mas acredito que o apoio vai crescer até a votação", declarou Jordy, mantendo o otimismo sobre a aprovação da proposta.
Projeto de anistia: o que está em jogo?
O projeto em discussão busca anistiar punições aplicadas a manifestantes e políticos em processos considerados por parte da oposição como "perseguição política". Se aprovado, beneficiaria pessoas processadas ou condenadas por atos em protestos e manifestações nos últimos anos.
A estratégia de Hugo Motta, no entanto, retarda a votação e pode enfraquecer o texto, já que a falta de urgência permite mudanças e obstruções por parte de adversários políticos.
Repercussão e próximos passos
A revelação de Jordy deve acirrar os ânimos na Câmara, onde a base governista e a oposição travam disputas acirradas sobre pautas polêmicas. Enquanto isso, Hugo Motta ainda não se pronunciou sobre as acusações.
Se confirmadas as pressões, a imagem do presidente da Casa pode ficar arranhada, especialmente entre aliados que apoiam a anistia. O desgaste político pode influenciar até mesmo futuras articulações para a sucessão na presidência da Câmara.
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