A negativa do governo Lula (PT) em atender ao apelo dos Estados Unidos para classificar facções como o PCC e o Comando Vermelho como organizações terroristas segue provocando reações no Congresso Nacional. O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, será cobrado diretamente pela Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara (Creden), que já aprovou sua convocação.
O presidente da comissão, deputado Filipe Barros (PL-PR), afirmou que está sendo estruturado um conjunto de medidas para enfrentar o avanço internacional dessas facções, que já atuam em países vizinhos e ameaçam a segurança regional. Para o parlamentar, a postura do governo é “injustificável” e despreza alertas da própria Abin, que já mapeou a atuação transnacional do crime organizado brasileiro.
A convocação de Lewandowski foi inicialmente motivada pelo caso do asilo diplomático concedido à ex-primeira-dama do Peru, Nadine Heredia. Mas, segundo Filipe Barros, o foco da audiência deverá incluir também a omissão do Ministério da Justiça diante do crescimento das facções.
O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, também foi convocado — nesse caso, para prestar esclarecimentos sobre a ausência de apoio do governo brasileiro a opositores do regime de Nicolás Maduro, que estavam abrigados na Embaixada da Argentina em Caracas. O grupo foi resgatado com apoio dos Estados Unidos e já deixou a Venezuela.
A pressão do Legislativo reflete a preocupação crescente com a forma como o Executivo lida com o crime organizado e seus desdobramentos internacionais. Para Filipe Barros, o silêncio do governo compromete a imagem do Brasil e mina a confiança de parceiros estratégicos. “Essas facções praticam crimes de alto impacto e operam como verdadeiras milícias transnacionais. Recusar a sua classificação como grupos terroristas é fechar os olhos para a realidade”, afirmou.
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