Projeto de 400 milhões de euros visa combater narcotráfico e crime organizado em região estratégica
A França anunciou oficialmente a construção de um novo presídio de segurança máxima na Guiana Francesa, um de seus departamentos ultramarinos situado no coração da floresta amazônica. O anúncio foi feito pelo Ministro da Justiça francês, Gérald Darmanin, durante visita ao território no último domingo (18/5). O projeto — orçado em 400 milhões de euros — visa enfrentar a crescente ameaça do narcotráfico, do crime organizado e do radicalismo islâmico na região.
A nova instalação será construída em Saint-Laurent-du-Maroni, próximo à fronteira com o Suriname, e terá capacidade para abrigar até 500 detentos, sendo 60 em regime de segurança máxima. Também fará parte do complexo um tribunal integrado, que permitirá agilizar o processamento de presos de alta periculosidade.
Une nouvelle prison de haute sécurité en pleine jungle amazonienne ! Gérald Darmanin annonce la construction d'un centre pénitentiaire ultra-sécurisé à Saint-Laurent-du-Maroni en Guyane d'ici 3 ans.
— M6 Info (@m6info) May 19, 2025
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Por que a Guiana Francesa?
A escolha da Guiana Francesa para abrigar o novo presídio não é por acaso. A região é considerada um ponto estratégico no trânsito de cocaína sul-americana rumo à Europa. Com altos índices de homicídio — muito acima da média da França continental — e crescente atuação de gangues e traficantes, o território enfrenta desafios severos de segurança.
Além disso, a posição geográfica remota da Guiana Francesa, isolada na floresta amazônica, é considerada ideal para limitar a comunicação de presos perigosos com redes criminosas externas.
Isolamento, histórico penal e vigilância reforçada
A nova prisão remete a um passado sombrio da Guiana Francesa: a colônia penal da Ilha do Diabo, onde presos políticos e criminosos comuns eram mantidos em condições brutais até 1953. Embora o governo francês assegure que o novo projeto será moderno e respeitará os direitos humanos, críticas sobre o retorno de práticas coloniais emergiram.
Moradores locais e autoridades regionais acusam o governo de tratar a Guiana como “depósito de criminosos” e criticam a falta de consulta pública. “É uma abordagem colonial disfarçada de política de segurança”, afirmou um representante da assembleia territorial.
Objetivos do projeto
De acordo com o governo francês, os objetivos da nova prisão incluem:
- Combater o tráfico internacional de drogas;
- Desmantelar redes criminosas, isolando chefes de facções;
- Reduzir a superlotação carcerária;
- Aumentar a presença do Estado francês na região, com reforço judicial e penal;
- Garantir segurança igualitária para os cidadãos dos territórios ultramarinos.
Reações e impactos esperados
Enquanto o governo defende a iniciativa como uma resposta firme ao crime organizado, críticos alertam para o impacto ambiental, social e simbólico da construção. Organizações de direitos humanos pedem maior transparência e diálogo com a população local.
Apesar das controvérsias, o projeto segue adiante. A França espera que o novo complexo reduza a violência e o tráfico de drogas na região, representando um marco na modernização do sistema penitenciário francês fora da Europa.
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