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Lula sela aliança com China, desafia Trump e testa limites diplomáticos


Com discurso afiado, presidente reforça alinhamento com Xi Jinping e adota postura crítica aos EUA em visita bilionária a Pequim
Em uma das viagens internacionais mais simbólicas de seu terceiro mandato, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva consolidou em Pequim um estreitamento político e estratégico com a China que reacende velhos debates sobre o equilíbrio diplomático do Brasil. Durante sua visita ao Grande Salão do Povo, sede cerimonial do governo chinês, Lula não apenas selou acordos comerciais bilionários como também fez declarações contundentes que soam como um rompimento com a neutralidade diplomática que tradicionalmente orientou a política externa brasileira.
“Não temos medo de retaliação”, afirmou Lula ao ser questionado sobre possíveis reações do ex-presidente norte-americano Donald Trump, apontado por ele como símbolo de uma postura global autoritária. A fala marcou o tom da visita: firme, ideológico e repleto de sinais de que o Brasil pretende assumir uma posição ativa no cenário internacional — mesmo que isso implique tensionar relações históricas, como com os Estados Unidos.

Mais que comércio: um alinhamento político
Os frutos da viagem foram expressivos em termos financeiros: cerca de R$ 27 bilhões em acordos foram firmados, abrangendo setores como transporte, biotecnologia, energia e até a instalação de uma nova montadora de veículos em Goiás. No entanto, especialistas observam que boa parte desses anúncios ainda carece de cronograma e estrutura concreta.
O que mais chamou atenção, contudo, foi o tom político do encontro. Lula e o presidente chinês, Xi Jinping, fizeram críticas coordenadas à ordem internacional vigente e à política de sanções e guerras comerciais promovidas por potências ocidentais. “Guerra comercial não tem vencedores”, disseram quase em uníssono.

Censura como modelo?
A viagem também gerou polêmica ao anunciar que o Brasil receberá um especialista chinês para ajudar na regulação de redes sociais. A proposta gerou críticas imediatas por vir de um regime notoriamente marcado pela censura e pela repressão à liberdade digital. Para opositores do governo, o gesto foi mais um sinal de que o Planalto está disposto a importar modelos questionáveis em nome de um projeto político mais amplo.

Retórica sem estrutura?
Apesar dos anúncios e da retórica otimista, projetos estratégicos como a adesão do Brasil à Nova Rota da Seda e a construção da ferrovia bioceânica continuam travados. A ausência de avanços concretos nesses pontos levanta dúvidas sobre a real efetividade da aproximação com a China.

Um novo eixo — e seus riscos
O gesto de Lula de se alinhar abertamente ao governo chinês e de criticar Washington com tanta ênfase representa uma mudança relevante no tabuleiro diplomático sul-americano. Embora a retórica do “Sul Global unido” soe atrativa em tempos de tensões geopolíticas, o Brasil ainda depende fortemente de relações comerciais e institucionais com os Estados Unidos e a União Europeia.
Com uma economia vulnerável e desafios internos urgentes, o país corre o risco de transformar ousadia diplomática em isolamento, caso a estratégia não traga resultados reais no curto e médio prazos. Em um mundo multipolar e volátil, a pergunta que resta é: o Brasil tem força suficiente para bancar essa guinada?

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