Em meio a um ambiente político marcado por tensão entre Judiciário e setores conservadores, o ex-presidente Michel Temer (MDB) fez declarações contundentes em defesa do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Em entrevista à Folha de S.Paulo, Temer rejeitou as acusações de que Moraes age com radicalismo e afirmou que o magistrado tem buscado pacificar o país ao revisar penas dos réus do 8 de janeiro.
“Ele já liberou muita gente. Fez uma coisa adequada no momento que deveria fazer, para garantir as eleições, e agora atua com vistas à pacificação do país”, declarou o ex-presidente.
Para Temer, as penas de 14, 15 e até 17 anos aplicadas a alguns envolvidos nos atos de vandalismo em Brasília devem ser revistas, e isso “já está começando a acontecer”. Segundo ele, há instrumentos jurídicos que permitem tais revisões, sinalizando um esforço do STF para conduzir o processo com moderação.
Coragem no TSE e equilíbrio nas decisões
Responsável por indicar Moraes ao STF em 2017, Temer fez questão de destacar a postura firme do ministro à frente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) durante as eleições de 2022:
“O Brasil deve muito a ele, porque não há dúvida de que teve coragem jurídica e até pessoal para garantir as eleições”, disse.
O ex-presidente também citou os casos de Fernando Collor e Roberto Jefferson, que passaram para o regime domiciliar, como exemplos de que Moraes “não é radical”, e que suas decisões têm seguido uma linha de ponderação, mesmo diante de forte pressão política.
Críticas da direita e defesa institucional
As falas de Temer surgem no contexto de crescente crítica ao STF por parte de figuras da direita brasileira, que apontam censura, exagero nas penas e perseguição política por parte do ministro. Moraes, que assumiu o cargo após a morte de Teori Zavascki, tornou-se uma das figuras mais visadas pela oposição desde os atos de 8 de janeiro.
Ao defender Moraes, Michel Temer adota uma posição que busca não apenas blindar sua própria indicação, mas também preservar a imagem institucional do Supremo, num momento em que o debate sobre os limites do poder Judiciário ganha cada vez mais espaço na opinião pública.
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