Durante visita oficial ao Canadá nesta segunda-feira (16), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) causou repercussão internacional ao defender publicamente o retorno da Rússia ao G7 — grupo das sete maiores economias democráticas do mundo — e questionar a própria existência do bloco. As declarações foram feitas em Calgary, onde ocorre a 51ª Cúpula do G7.
“[O G7] existe desde 1975, desde a crise do petróleo. São os primos ricos que se reúnem. Eles não querem parar de se reunir, mas eles estão no G20 também”, disse Lula, em tom crítico. “No fundo, no fundo, não há nem necessidade de existir o G7. O G20 é mais representativo, tem mais densidade humana e econômica.”
“[O G7] existe desde 1975, desde a crise do petróleo. São os primos ricos que se reúnem. Eles não querem parar de se reunir, mas eles estão no G20 também”, disse Lula, em tom crítico. “No fundo, no fundo, não há nem necessidade de existir o G7. O G20 é mais representativo, tem mais densidade humana e econômica.”
Defesa da reintegração da Rússia
O ponto mais controverso do pronunciamento foi a defesa explícita da reintegração da Rússia ao grupo. A nação comandada por Vladimir Putin foi expulsa do então G8 em 2014, após a anexação da Crimeia, ato amplamente condenado pela comunidade internacional. Para Lula, no entanto, a exclusão não contribui para o diálogo global.
Embora o tema da guerra na Ucrânia siga sendo tratado com cautela nos bastidores da diplomacia brasileira, a fala de Lula marca uma tentativa de reaproximação com Moscou, mesmo em meio a condenações internacionais às ações russas no leste europeu. A proposta vai na contramão do posicionamento oficial dos países do G7, que reafirmaram nesta cúpula o apoio total a Kiev e a manutenção das sanções contra o regime de Putin.
Isolamento diplomático
A fala de Lula gerou desconforto entre diplomatas ocidentais presentes no evento e foi interpretada por analistas internacionais como mais um episódio da política externa “não alinhada” do Brasil sob sua gestão. Para críticos, o presidente tenta manter uma imagem de mediador global, mas acaba ecoando teses que favorecem potências autoritárias, como Rússia e China.
Apesar disso, Lula reafirma que sua postura busca promover a paz e o diálogo, e não tomar lados. “Qualquer conflito me preocupa. Eu sou um homem que nasceu para a paz”, declarou, ao ser questionado sobre a escalada entre Irã e Israel.
G7 vs. G20
Para Lula, o G20 — grupo que inclui países emergentes como Brasil, Índia, China e África do Sul — deveria ser o fórum principal de decisões globais. Ele argumenta que o G7 já não reflete a realidade econômica e geopolítica do século XXI, e que manter a exclusividade de decisões nas mãos de um grupo restrito de países ricos não contribui para a equidade internacional.
No entanto, sua defesa da Rússia no atual contexto de guerra contrasta com a posição da maioria dos membros do G20, que também condenaram a invasão da Ucrânia. A fala, portanto, além de provocar o G7, coloca em dúvida o consenso que Lula deseja para o grupo ampliado.
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