O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que a empresa Meta, responsável por plataformas como Instagram e Facebook, forneça informações detalhadas sobre dois perfis supostamente utilizados para divulgar conteúdos sigilosos relacionados à delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid. A decisão, tomada nesta sexta-feira (13), atende a um pedido da própria defesa do militar e acende um novo alerta no entorno do ex-presidente Jair Bolsonaro.
A ordem judicial exige que a Big Tech entregue, em até 24 horas, os dados cadastrais completos das contas identificadas como @gabrielar702 e Gabriela R, incluindo número de telefone vinculado, registros de acesso e todas as publicações feitas entre 1º de maio de 2023 e 13 de junho de 2025.
Perfis suspeitos e denúncia de quebra de sigilo
O foco da apuração é identificar se Mauro Cid violou as cláusulas do acordo de colaboração firmado com a Polícia Federal ao permitir, de forma direta ou indireta, o vazamento de informações protegidas por sigilo. Segundo uma reportagem da revista Veja, os perfis investigados estariam associados à esposa de Cid, Gabriela Cid, e teriam sido usados para disseminar trechos sensíveis da delação que envolve uma suposta tentativa de golpe de Estado.
O conteúdo da matéria provocou reações em cadeia. A defesa de Mauro Cid se antecipou, classificando a reportagem como “mentirosa” e negando qualquer vínculo entre o militar e os perfis investigados:
“Esse perfil não é e nunca foi utilizado por Mauro Cid, pois, ainda que seja coincidente com o nome de sua esposa [Gabriela], com ela não guarda qualquer relação”, afirmaram os advogados.
Pressão sobre o STF e desconfiança no processo
A decisão de Alexandre de Moraes ocorre em meio a crescentes críticas de setores políticos e jurídicos à condução das investigações relacionadas ao 8 de Janeiro e supostos planos golpistas. Para interlocutores próximos de Bolsonaro, a nova movimentação do STF é mais uma peça no esforço para implicar diretamente o ex-presidente, ainda que de forma indireta, por meio de seus auxiliares mais próximos.
A coleta das informações pela Meta poderá ser decisiva para confirmar ou afastar a suspeita de quebra do acordo por parte de Mauro Cid. Caso se comprove que os perfis foram usados para vazar dados da delação, Cid poderá ter sua colaboração anulada — o que pode, paradoxalmente, beneficiar Bolsonaro ao retirar a principal base das acusações contra ele.
O episódio reacende a disputa entre as instituições do Estado e os apoiadores de Bolsonaro, que veem nas delações e na atuação do STF uma “caçada política”. O embate promete se intensificar nas próximas semanas, especialmente com o julgamento do Marco Civil da Internet em andamento, onde Moraes busca ampliar a responsabilização de plataformas digitais por conteúdos publicados por usuários.
Neste cenário, o “sistema” — como dizem os aliados do ex-presidente — continua a movimentar suas peças para cercar Bolsonaro.
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