Lula cobra respeito de Trump em entrevista ao New York Times, mas ignora histórico de provocações
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, em entrevista ao jornal norte-americano The New York Times, que o Brasil não aceitará passivamente as tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos. A fala, publicada na madrugada desta quarta-feira (30), marca o primeiro contato direto de Lula com o veículo em mais de uma década, e ocorre em meio ao agravamento das tensões diplomáticas entre os dois países.
Segundo Lula, a postura do governo norte-americano, liderado por Donald Trump, é desrespeitosa e ultrapassa os limites da diplomacia. “Tratamos o assunto com seriedade, mas isso não significa subserviência. Respeitamos todos e exigimos respeito”, afirmou o presidente.
Apesar do tom diplomático da declaração, Lula evitou comentar as diversas vezes em que, ao longo dos últimos anos, dirigiu críticas diretas ao ex-presidente norte-americano. Em ocasiões anteriores, o petista chegou a comparar Trump ao nazismo, além de ridicularizar publicamente decisões do republicano, chegando a desafiá-lo para "jogar truco".
As novas tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, como café, carne e suco de laranja, foram confirmadas por Trump no domingo (27) e entram em vigor a partir de 1º de agosto. A medida é uma das mais severas já aplicadas aos produtos nacionais e, segundo o New York Times, pode estar associada ao atual cenário político brasileiro, incluindo as investigações contra o ex-presidente Jair Bolsonaro — que Trump classificou como vítima de “caça às bruxas”.
Lula afirmou que o Brasil não se curvará. “Não somos um país pequeno diante de um país grande. Não negociamos com medo, mas com preocupação”, disse. Ele criticou a falta de diálogo e afirmou que “em vez de taxar, um líder liga, conversa e busca uma solução”.
O presidente brasileiro ainda classificou as tarifas como um ataque à soberania nacional e advertiu que elas prejudicarão tanto o Brasil quanto os consumidores norte-americanos. “Não podemos transformar uma relação diplomática histórica de ganha-ganha em uma disputa de perde-perde”, concluiu.

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