Em 2024, a Open Society Foundations, organização fundada por George Soros, destinou cerca de US$ 150 mil (equivalente a aproximadamente R$ 800 mil) para apoiar o documentário Apocalipse nos Trópicos. Segundo matérias recentes, essa verba teria sido usada na etapa final de produção e na distribuição da obra.
O filme, dirigido por Petra Costa, estreou no Brasil no início de julho e está disponível na Netflix desde o dia 14 de julho de 2025.
A obra aborda a influência crescente do movimento evangélico na política brasileira, traçando ligações entre lideranças religiosas e agendas políticas, especialmente no contexto das eleições e da ascensão conservadora.
Acusações e críticas: o filme que “demoniza” a fé
Entre as acusações que circulam nas redes sociais e em veículos de mídia crítica está a narrativa de que o documentário não faz um retrato equilibrado da fé evangélica, mas a reduz a um instrumento político e ideológico. A reportagem da Gazeta do Povo, por exemplo, afirma que o filme “demoniza os evangélicos”, sugerindo que a doação de Soros teria caráter político ideológico.
Gazeta do Povo
Em contrapartida, críticos do documentário afirmam que ele sofre de escolhas narrativas e simplificações. Segundo o Intercept, Apocalipse nos Trópicos “erra ao simplificar” os elos entre evangélicos e bolsonarismo, tratando o movimento como um bloco monolítico.
Intercept Brasil
A crítica especializada também observa que o filme não explora suficientemente a diversidade dentro do movimento evangélico, e adota uma perspectiva que privilegia líderes mais midiáticos.
Documentário e produção cultural
O documentário tem produção internacional, envolvendo empresas e entidades do cinema. Segundo o site da Netflix, ele investiga o papel do evangelismo no panorama político brasileiro.
Netflix
A película utiliza como protagonistas figuras como Silas Malafaia, Lula e Bolsonaro, construindo uma narrativa de como o movimento evangélico seria parte ativa na orientação política dos últimos anos.
A Open Society Foundations, por sua vez, é amplamente envolvida em patrocínios de projetos culturais, sociais e políticos com temáticas progressistas — fato que gera debates acalorados sobre sua influência no Brasil.
Reflexões e consequências
- Polarização religiosa e política: A doação para um filme que aborda a fé evangélica politicamente sensibiliza ainda mais um tema sensível, levando parte significativa da população a enxergar o documentário como provocação ou ataque.
- Desafio da pluralidade: O documentário é criticado por não abarcar vozes moderadas ou menos radicais dentro da comunidade evangélica, o que pode reforçar estereótipos.
- Transparência e narrativa: Quando instituições internacionais financiam produções culturais que abordam temas internos a um país, surge a necessidade de transparência sobre os objetivos editoriais e os limites entre arte, crítica e propaganda.
- Engajamento do público: Independentemente de sua avaliação estética ou ideológica, o filme teve alta visibilidade e desencadeou debates nas redes sociais, nas igrejas e nos meios de comunicação.

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