Na última quarta-feira (5 de novembro de 2025), Gleisi Hoffmann, ministra-chefe da Secretaria de Relações Institucionais do governo Luiz Inácio Lula da Silva, declarou que o Executivo federal é “terminantemente contra” o projeto de lei que equipara facções criminosas a grupos terroristas.
Segundo Hoffmann, o governo entende que “terrorismo tem objetivo político e ideológico, e pela legislação internacional dá guarida para que outros países possam fazer intervenção no nosso país”.
O projeto em questão — de autoria do Danilo Forte (União Brasil-CE) — prevê que grupos que exerçam controle territorial ou dominação paralela ao Estado sejam enquadrados como organizações terroristas.
Para o governo, essa mudança não somente tem implicações no tratamento penal dessas facções, mas pode abrir precedentes que impactem a soberania nacional e as formas de intervenção externa no Brasil.
O que o PL propõe e o que está em jogo
O projeto amplia o conceito de terrorismo para incluir organizações que, embora criminosas e violentas, atuam na lógica de domínio de territórios, extorsão ou controle social — práticas historicamente associadas a algumas facções no país.
Se aprovado, tais grupos poderiam ser punidos com penas previstas para terrorismo, o que abre caminho para sanções mais severas, cooperação internacional ampliada, congelamento de bens no exterior, entre outros mecanismos.
Por que o governo se opõe
- O Executivo argumenta que já existe uma legislação específica para o combate de facções criminosas, e que tipificá-las como “terrorismo” poderia gerar insegurança jurídica.
- Há a preocupação de que a classificação de “terrorista” possa dar respaldo a intervenções externas ou cooperações que comprometam a autonomia brasileira — segundo a ministra, “outros países possam fazer intervenção no nosso país”.
- O governo ainda aponta que o terrorismo possui natureza política ou ideológica, diferente do crime organizado que busca lucro, poder territorial ou tráfico de drogas — logo, equipará-los unilateralmente seria equivocada.
Reações e contextos
Enquanto o governo se posiciona contra, a proposta ganhou tração na Câmara Câmara dos Deputados, com requerimento de urgência aprovado para votação.
CNN Brasil
A postura do Executivo evidenciou a tensão entre dois modelos de abordagem: um mais repressivo e simbólico (que quer enfatizar “terrorismo”) e outro que valoriza o combate ao crime organizado através de leis específicas, cooperação nacional e integração entre estados e União.
A opinião pública também se mostra dividida: por exemplo, uma pesquisa apontou que 72 % dos moradores do Rio de Janeiro eram favoráveis a equiparar facções ao terrorismo — um contraste direto com a postura governamental.
Se aprovado, o PL poderia alterar profundamente o arcabouço legal brasileiro de segurança pública, abrindo caminho para:
- novas punições e tratativas para facções criminosas,
- cooperação internacional ampliada no setor de segurança,
- debates sobre soberania nacional e relação entre Estado e sistema internacional de justiça.
Para o cidadão comum, a discussão ultrapassa mecanismos legais: envolve como o Brasil define “terrorismo”, “facção”, “segurança pública” e quais instrumentos usa para combater a violência organizada.
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