Estadão Conteúdo
O governo decidiu enviar o projeto de
lei que mudará as regras da aposentadoria e das pensões dos militares no início
de 2017 para tramitar conjuntamente com a Proposta de Emenda da Constituição
(PEC) da Reforma da Previdência.
As mudanças que estão sendo negociadas
preveem, por exemplo, que o tempo de trabalho para que eles passem para a
reserva suba de 30 para 35 anos. Outra possibilidade é que as mulheres
beneficiárias da pensão dos militares passem a pagar os 11% recolhidos durante
a atividade do militar para terem o direito à pensão. Hoje, o servidor paga o
porcentual para garantir o benefício para a cônjuge, mas depois que ele morre,
a esposa passa a receber sem ter os 11% descontados.
Após participar de cerimônia de apresentação
de oficiais-generais no Palácio do Planalto, o ministro da Defesa, Raul
Jungmann, rechaçou as informações de que os militares são “algozes” do déficit
de previdência e de que eles seriam beneficiados por não estarem na reforma.
“Os militares não estão fora da Reforma. Os militares não estão nessa etapa,
porque eles não necessitam de uma PEC. Isso pode ser feito através de lei
complementar, o que será feito. E deverá acontecer, possivelmente, no início de
2017”, afirmou. “Não se trata de evitar qualquer tipo de crítica e muito menos
com isso dizer que os militares não estão dispostos a contribuir com a reforma.
Os militares estão e vão.”
Durante a apresentação da proposta da
Previdência na terça-feira, o secretário de Previdência, Marcelo Caetano havia
anunciado que a reforma previa que novos policiais civis, militares, federais e
bombeiros também teriam de cumprir a regra de aposentadoria com idade mínima de
65 anos e mínimo de 25 anos de contribuição.
Jungmann disse que ninguém pode se negar
a contribuir para a reforma e que os militares entendem que ela é importante
para o Brasil. “Os militares estão efetivamente prontos para dar a sua
contribuição de acordo com as suas singularidades, de acordo com as suas
especificidades”, destacou.
O ministro afirmou que não há nenhum
privilégio para a categoria pelo fato de eles entrarem apenas em um segundo
momento. “Privilégio teria se os militares ficassem fora, mas não vão ficar. O
presidente já disse isso e eu estou reafirmando.”
Segundo o ministro, está havendo
equívocos ao colocarem os militares como vilões do déficit da Previdência. “Os
militares não contribuem como está sendo dito aí com R$ 34 bilhões e com 45% do
déficit. O déficit real que os militares contribuem é de R$ 13 bilhões”,
afirmou, destacando que a pasta vai apresentar esses dados de forma detalhada
para comprovar o engano.
“Os militares já deram contribuição em
2001, vão dar nova contribuição e não são, de forma nenhuma, os algozes desse
déficit que temos”, reforçou. “Os militares têm uma contribuição decrescente,
desde 2001, relativamente ao PIB, em termos de Previdência.”
O ministro destacou que a categoria já
passou por uma “grande reforma” em 2001 e, desde então, os benefícios para as
filhas dos militares já estão excluídos. “As filhas dos militares estão
excluídas desde 2001, o que resta é pagamento, porque a lei não poderia
retroagir, daquelas que ainda estão vivas”, afirmou.
Jungmann explicou que o equívoco em
relação à contribuição do déficit se dá porque na contabilidade da União está
somado a outras categorias, soldos e aposentadorias, o que “leva maximização da
contribuição dos militares”. As informações são do jornal O Estado de
S. Paulo.
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