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MAIOR CATÁSTROFE FLORESTAL DO CHILE DEIXA DEZ MORTOS E ARRASA POVOADOS

Um bombeiro morreu na quinta-feira (26/1) devido aos incêndios violentos que avançam pelo centro e sul do Chile, elevando para 10 o número de falecidos na maior catástrofe florestal da história do país, que também deixou milhares de desabrigados e povoados totalmente arrasados. Os incêndios, alimentados pelos fortes ventos, as altas temperaturas e uma seca persistente, devoraram mais de 273 mil hectares em sete regiões do país, em pouco mais de uma semana, provocando uma tragédia ambiental sem precedentes.
O bombeiro Juan Eduardo Bizama faleceu na localidade de Niquén, na região do Bio Bío (550 km ao sul de Santiago), quando uma árvore caiu em cima do veículo que dirigia. Seu acompanhante ficou gravemente ferido, informaram as autoridades regionais. Além de Bizama, morreram um bombeiro voluntário, dois policiais, três brigadistas (bombeiros florestais) e três habitantes de zonas afetadas, segundo dados do governo. No Chile, todos os bombeiros são voluntários, exceto os florestais.
Na madrugada desta quinta-feira, o fogo atingiu a localidade rural de Santa Olga e outros pequenos povoados da região do Maule (280 km ao sul de Santiago), as primeiras comunidades a ficar totalmente destruídas pelas chamas.
Devido a esta emergência, 4.000 pessoas foram evacuadas por bombeiros e policiais, cerca de 80% da população total, enquanto os incêndios mantêm seu avanço descontrolado ameaçando dezenas de povoados rurais em ao menos três regiões do país. "Lamentavelmente, o fogo chegou a lugares como o povoado Santa Olga. Felizmente, foi possível evacuar todas as pessoas e não temos perdas a lamentar, salvo as perdas materiais", informou a presidente Michelle Bachelet, em uma coletiva de imprensa.
Ainda há 53 incêndios ativos, 48 foram controlados e dois estão extintos, segundo o último relatório do Órgão Nacional Florestal (Conaf). De acordo com o Ministério do Interior, a superfície afetada por incêndios ultrapassa em mais de 2.000% o registro da temporada passada.
Estes poderosos incêndios ainda não atingiram cidades grandes, e só afetaram povoados rurais onde vivem, em sua maioria, agricultores e criadores de gado. As grandes empresas florestais também foram afetadas, principalmente na região do Maulle, onde o fogo consumiu mais de 160 mil hectares, muitos deles de pinheiros e eucaliptos.
Os incêndios avançaram até a região do Biobio, 550 km ao sul de Santiago, onde a presidente Bachelet decretou estado de exceção constitucional. As regiões de O’Higgins e do Maule também se encontram nesta condição. As perdas econômicas "são enormes e incalculáveis", afirmou o ministro da Agricultura, Carlos Furche.
Ajuda internacional
Mais de 4.000 pessoas, entre bombeiros, brigadistas, carabineiros, detetives, funcionários públicos, militares e civis trabalham nas operações para combater as chamas. A eles se somou a ajuda procedente do exterior, incluindo especialistas franceses no combate ao fogo e brigadistas colombianos que chegaram ao Chile nesta quinta-feira. "Agradecemos à Colômbia por esta solidariedade. Nos comunicamos com outros países: Uruguai, Argentina, Peru, Estados Unidos, Suécia e Canadá também nos ofereceram colaboração", disse o chanceler chileno, Heraldo Muñoz, que participa da Cúpula da CELAC em Santo Domingo, substituindo a presidente Bachelet, que desistiu devido aos incêndios.
Espera-se que um grupo de voluntários mexicanos também chegue ao Chile no sábado para colaborar. Enquanto isso, o avião Supertrank, com capacidade para mais de 73.000 litros de água e fretado por uma fundação privada americana, iniciava seu segundo dia de trabalho para extinguir as chamas nas zonas mais atingidas. Brasil, Espanha e Rússia também estão ajudando, com o envio de brigadistas e especialistas.
Clima extremo
As condições meteorológicas para esta quinta-feira continuarão sendo extremas na zona centro-sul do país, com fortes ventos e altas temperaturas, que contribuem para o avanço dos incêndios. Nas zonas afetadas são esperadas temperaturas superiores a 38 graus, devido a uma onda de calor que atinge por mais de 10 dias o centro e o sul do país.
Com 37,4ºC, Santiago registrou na quarta-feira um recorde histórico. Sobre a capital chilena, uma das mais poluídas da região, as condições do ar pioraram devido à nuvem de fumaça lançada pelos incêndios. Existem 19 alertas vermelhos e três amarelos em outras comunidades do centro-sul do país. Bachelet anunciou uma investigação para determinar as causas dos incêndios. "A multiplicidade de focos não nos permite descartar um componente de intencionalidade", declarou a presidente. Mais de 90% dos incêndios registrados anualmente no Chile são provocados intencionalmente.
Fonte: Correio Braziliense

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