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LAGO SUL, LAGO NORTE E PARK WAY SÃO RESPONSÁVEIS POR 33% DO CONSUMO DE ÁGUA DIÁRIO DO DF

Texto de Pedro Grigori
A crise hídrica é hoje um problema vivenciado por todo o Distrito Federal. A quantidade de água usada pelo brasiliense, porém, ainda varia muito de uma região administrativa para outra. No Lago Sul, por exemplo, eram gastos, por dia, antes do racionamento, 417 litros de água por habitante — o maior consumo médio do DF. Brasília, Lago Norte e Park Way completam o ranking das regiões que mais consomem. As quatro abrigam 307 mil pessoas, apenas cerca de 10% da população do DF, mas são responsáveis por 33% do que todo o DF deveria usar por dia, segundo recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS). O gasto delas em 24 horas daria para abastecer Ceilândia pelo dobro do tempo — cidade que tem uma população 38% maior do que Brasília, Lago Sul, Lago Norte e Park Way juntos.
Cem litros de água diários por pessoa é a quantidade aconselhável pela OMS para o ser humano consumir e realizar todas as atividades higiênicas. No Distrito Federal, apenas nove regiões administrativas não ultrapassam a média estabelecida pelo órgão. Cinco RAs usam o dobro do recomendado e o Lago Sul consome quatro vezes a meta. Para a especialista em geografia urbana, com estudos na área de recursos hídricos, Marília Peluso, da Universidade de Brasília, isso mostra que falta consciência coletiva. “Infelizmente, quando se trata de uma parcela da população com maior renda, pesar no bolso não adianta. É necessário ter em mente que não devemos poupar para pagar menos, devemos reduzir o consumo porque fazemos parte de uma sociedade que está passando por uma crise de abastecimento hídrico”, argumenta.
Os números de consumo são, segundo a professora, inaceitáveis. O Plano Piloto, com população estimada em 220.393 pela Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios de 2016 da Companhia de Planejamento do DF (Codeplan), consome cerca de 30% mais água do que Ceilândia, que tem uma população duas vezes maior que a das Asas Sul e Norte. Já no Lago Sul, caso o consumo não reduza, seria necessário cerca de 20% da captação de água retirada da futura obra do Lago Paranoá apenas para abastecer a região administrativa. O presidente da Companhia de Saneamento Ambiental do DF, Maurício Luduvice, afirma que o órgão sempre produziu material publicitário para conscientizar também a parcela da população com maior condição financeira. “Para garantir o uso racional da água, a tarifa da Caesb é elevada para quem consome muito. Assim, tentamos controlar o gasto e conscientizar a população”, garante.

Instaurado há cerca de um mês, o racionamento nas cidades abastecidas pelo sistema de Santa Maria/Torto — que inclui Lago Sul, Brasília e Lago Norte — é, para a professora Marília Peluso, um primeiro passo para tentar garantir essa consciência de gasto, mas ainda não é efetivo. “Em grandes residências, encontramos até três reservatórios, que, juntos, acumulam mais de 2 mil litros de água. Isso não é racionamento. Você não pode se sentir confortável em gastar mais só porque está usando uma água que você armazenou”, relata.
Água em debate
Ocorre na próxima quinta-feira o III Seminário Águas Acima. Promovido pelo Instituto Histórico e Geográfico do DF (IHG/DF) e parceiros, o evento será na sede do instituto, na 703/903 Sul, a partir das 8h30. O debate discutirá o presente e o futuro das nascentes no Distrito Federal, sua preservação e o uso responsável das águas sob a visão de arquitetos e urbanistas, advogados, geógrafos e engenheiros. A entrada é gratuita e a programação completa pode ser acessada no site do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do DF (www.caudf.org.br).

Fonte: Correio Braziliense

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